Assembleias da luta na UEM
Aluisio Stuani

A falta de investimentos na educação não é novidade pra ninguém. Porém, no Paraná a situação vem se tornando ainda mais dramática desde o final de 2010. Pessuti, governador em exercício, aplicou um corte de 38% do orçamento das Universidades estaduais. Não satisfeito, o atual governador Beto Richa – PSDB cortou 15% do orçamento de todas as secretarias, incluindo as secretarias de educação e ciência e tecnologia.

Diante da falta de verbas, as Universidades Públicas agonizam. Além de todo o quadro de sucateamento, 14 cursos novos foram criados na UEM. Esses cursos estão hoje em situações precárias. Faltam professores, laboratórios, materiais, etc. Os estudantes preocupam-se com a situação, já que em sua criação esses recursos não foram garantidos. A reitoria pronuncia-se dizendo que está esforçando-se em “buscar recursos”, ou seja, nada temos de concreto.

Devido a esse quadro de descaso, desecandeou-se uma conjuntura de lutas e mobilizações. Os estudantes começaram a se movimentar, iniciando por reivindicações básicas, como a atual situação precária do Restaurante Universitário. As manifestações foram ganhando adesão ao longo dos meses. Um pula catraca no RU foi realizado no começo do ano, em apoio aos funcionários. Uma campanha varreu o campus com abaixo-assinado e idas em salas de aula.

Após isso, o que era já era previsto foi inevitável. Depois do corte de orçamento para as Universidades públicas do Paraná, o descaso com a educação, a falta de professores, estruturas e assistência estudantil, OCUPAMOS a 1ª REITORIA sob o governo Beto Richa (PSDB).

Uma onda de estudantes tomou a principal Avenida de Maringá caminhando rumo à Reitoria. Em assembléia, uma votação unânime decidiu pela ocupação do prédio até que as reivindicações efetuadas fossem atendidas pela reitoria e pelo governo do estado.
Já não se tratava mais de uma campanha pelo restaurante universitário. Era uma explícita campanha contra o corte de verbas e por mais verbas para a educação, fazendo chamado aos professores e funcionários para que aderissem à campanha e dessem apoio aos estudantes.

VIDEO DA OCUPAÇÃO

Na noite do primeiro dia de ocupação, cerca de 200 pessoas dormiram na reitoria. A organização dos estudantes é fantástica, pois comissões foram criadas e estão trabalhando intensamente para garantir a segurança, a alimentação, limpeza, materiais de imprensa, dentre outros.

Assim como no resto do país, a ANEL e o PSTU são parte importante deste processo. Desde o início participaram da construção dos atos que terminaram na ocupação e, hoje, possuem um papel fundamental no movimento. Em assembléia geral, ontem, votou-se pela incorporação dos “10% do PIB já” na pauta de reivindicações. Uma campanha que iniciou por melhorias no RU, hoje se transforma num enorme referencial de luta no estado, ao lado da UFPR que segue em greve.

Em diferentes estados, em diferentes universidades, o movimento estudantil e o movimento sindical universitário vêm lutando em defesa da Universidade Pública. Além da greve da UFPR, várias outras universidades se encontram em greve. Várias outras ocupações de reitoria começam a surgir no país. Esta é a situação da educação. Este é o descaso e a falta de investimentos que sofremos de maneira generalizada.

Precisamos seguir o exemplo dos estudantes chilenos e unificar essas bandeiras na luta por mais investimentos na educação, na luta por 10% do PIB já!!

* Servidor da UEM e militante do PSTU