Na semana passada um trabalhador da fábrica Intertrim LTDA., de Caçapava (SP), foi demitido por perseguição de seu chefe, José Benedito Atidio, pelo fato de ser homossexual. Segundo o companheiro, o chefe vinha há tempos fazendo piadas discriminatórias, deboches e outras formas de humilhação. Um dia antes da demissão, este mesmo chefe chegou ao cúmulo de enfiar a mão dentro roupa do companheiro dizendo que queria saber se ele havia posto silicone! Diante desta agressão, o companheiro foi ao RH da empresa se queixar. No dia seguinte a novidade, havia sido demitido, e, junto com ele, outro trabalhador que testemunhou o ocorrido.

Para nós da CSP-Conlutas, esse episódio é uma demonstração de como o preconceito e a homofobia são usados pelos patrões e seus chefetes para dividir, humilhar e superexplorar a classe trabalhadora. Não admitimos que um companheiro sofra este tipo de assédio no seu local de trabalho e ainda por cima seja punido com a demissão. Pelo contrário, quem deve ser demitido é o agressor, o chefe em questão.

Queremos fazer a denúncia deste caso absurdo de homofobia na Intertrim, exigir a reintegração imediata do companheiro e seu colega e a demissão do agressor. Exigimos que os trabalhadores, negros ou brancos, mulheres ou homens, heterossexuais ou homossexuais, sejam tratados com respeito e dignidade. E afirmamos categoricamente que cada vez que um trabalhador ou trabalhadora é discriminado por racismo, machismo ou homofobia, o conjunto da nossa classe é atacada. Por este mesmo motivo, todos os trabalhadores e as suas entidades de luta devem sair na defesa intransigente deste companheiro e de todos aqueles que sofrem com a discriminação. Somente unidos podemos fazer frente aos ataques que as empresas nos impõem.

A Intertrim é uma fábrica que produz autopeças, mas que está registrada como indústria têxtil para não ter que pagar o piso metalúrgico aos seus trabalhadores. As grandes montadoras de automóveis do país utilizam a superexploração e a opressão dos trabalhadores desta fornecedora para baratear seus custos. O sindicato dos têxteis da região, “amigo” da empresa, aceita acordos rebaixados e sequer convoca assembleias para ouvir os trabalhadores. Além desta manobra jurídica da empresa para aumentar a exploração e do papel pelego cumprido pelo Sindtêxtil, a fábrica usa a discriminação e a demissão para intimidar seus funcionários, tal como mostra o caso deste trabalhador e seu colega. A lógica é muito simples, dividir para dominar.

É diante dessa situação que o movimento sindical precisa abraçar as bandeiras da luta contra a opressão para defender os trabalhadores homossexuais. No mesmo sentido, o movimento LGBT precisa se somar à luta dos trabalhadores contra o assédio e a discriminação nos locais de trabalho. A luta contra a opressão e a luta contra a exploração precisam andar de mãos dadas.

Chamamos a todas as entidades de luta do movimento sindical e a todos os grupos do movimento LGBT a se solidarizarem com os dois companheiros demitidos e exigir da empresa sua reintegração imediata e a punição do chefe José Benedito!