Reforma da Previdência: O que a juventude tem a ver com isso?

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Camila Miranda, da Juventude do PSTU

Quando se fala em reforma da Previdência, muitos jovens acham que esse papo ainda não é com a gente, que estamos começando no mercado de trabalho e que não teremos que nos preocupar com isso agora. Mas a triste realidade é que se a reforma da Previdência for aprovada, jovens que cada vez mais cedo precisam começar a trabalhar, geralmente para ajudar os pais nas despesas em casa, não irão se aposentar, ou seja, trabalharemos até morrer. Já pensou que pesadelo?

A juventude é um dos setores que mais será prejudicado pela reforma da Previdência. Uma pesquisa realizada em 2016 pelo IBGE apurou que 44% dos jovens começam a trabalhar antes dos 14 anos em empregos informais e precarizados, já que a legislação brasileira proíbe o trabalho regularizado até os 14 anos. Além de não poder contar com o tempo de trabalho irregular para se somar ao tempo de contribuição, um jovem que tem a carteira assinada aos 16 anos, o que é permitido, se aposentará com 65 anos ou mais.

As mulheres jovens serão ainda mais prejudicadas, pois além do trabalho formal há também os serviços domésticos em casa, que são sobrecarregados somente às mulheres fazendo com que trabalhem em média 8 horas a mais do que homens. Começar a trabalhar muito cedo também gera outro problema, que é a evasão escolar. Todos sabemos as dificuldades que os jovens encontram para trabalhar 8 horas por dia e ainda concluir os estudos, o que leva cerca de 28% dos estudantes a abandonarem os estudos para dedicar somente ao trabalho. Outro fator é que, com o trabalhador já na fase adulta, tendo que trabalhar mais, a juventude terá mais dificuldade de encontrar trabalho, pois esses postos já estarão ocupados pelos trabalhadores mais experientes, fazendo com que a concorrência aumente e número de desempregados cresça.

Uma faca de dois gumes
Se por um lado a reforma da Previdência vai fazer com que a nossa geração trabalhe até morrer, por outro está cada vez mais difícil arrumar emprego. A taxa de desemprego da juventude no nosso país aumenta cada vez mais. Combinado com a precarização dos postos de trabalho e a reforma da Previdência, todos os jovens devem começar a trabalhar com 16 anos para que possam chegar à estimativa de vida e se aposentarem. Isso com o índice de desemprego entre a juventude na casa dos 24,1%, segundo o IBGE, destruindo a esperança no futuro e na estruturação de vida da juventude brasileira.

Greve Geral é a solução! Rumo ao dia 28!
A reforma da Previdência , trabalhista e o projeto de terceirização, vai significar um grande retrocesso aos nossos direitos. As enormes mobilizações que ocorreram no dia 8 de março e em seguida no dia 15 de, mostraram que os trabalhadores e a juventude têm muita disposição de luta e fizeram o governo recuar em algumas medidas.

Após uma intensiva campanha pela unidade das centrais e movimentos, articulada e impulsionada especialmente pela CSP-Conlutas, o dia 28 de abril foi a data escolhida para a convocação da Greve Geral no Brasil. Já está sendo construído em diversos locais de trabalho, moradia e estudo, os comitês populares para a preparação dessa Greve Geral, mas é preciso ir além, não basta somente lutar contras as reformas no governo Temer, e achar que uma saída eleitoral para 2018 irá resolver os problemas dos trabalhadores e da juventude.

Precisamos empreender todas as nossas forças também na construção dos conselhos populares nos locais de trabalho e estudo para que os trabalhadores governem. O sistema capitalista há muito tempo dá sinais de degradação, os trabalhadores, as mulheres, os negros, os LGBT’S cada vez mais são maltratados por esse sistema, que só beneficiam os grandes empresários, ricos e poderosos. Precisamos construir um governo socialista dos trabalhadores que irá pôr fim a toda miséria, opressão e exploração!