Acompanhando o aumento da impopularidade do governo, existe uma tentativa de reacomodação de seus aliados, que agora querem aparecer de maneira mais “crítica”. O PCdoB tomou emprestado o discurso da FIESP (a federação das grandes empresas industriais de São Paulo) em defesa da “queda da taxa de juros” e a volta do “crescimento econômico”. Agora, os dirigentes sindicais deste partido, assim como a diretoria da UNE, se diferenciam do governo, criticando Palocci para preservar Lula.

Aliás, o discurso é o mesmo de outros setores, desde o PMDB até a maioria da “esquerda petista”.

Para estes setores, bastaria, portanto, a queda dos juros e o crescimento econômico para “distribuir a renda” e “resolver o desemprego”. Existe um pequeno problema: ainda que os juros baixassem e a economia crescesse, os salários continuariam baixos e o desemprego alto. O capitalismo, em sua decadência, não associa o crescimento econômico com a resolução do desemprego e a melhoria na distribuição da renda.

Segundo o Financial Times, os EUA têm uma taxa de juros ao redor de 1% ao ano e um crescimento econômico inegável. Mas a concentração da renda é cada vez maior, e as taxas de desemprego não estão se alterando significativamente. Os poucos empregos que estão sendo criados são na maioria precários, sem direito a férias, nem vínculo empregatício. Dos 290 mil empregos criados no setor privado de abril de 2003 em diante 215 mil são postos temporários.

O Brasil, além do modelo neoliberal capitalista, é submisso ao imperialismo, às imposições do FMI. O pagamento de 145 bilhões de reais anuais da divida aos banqueiros internacionais e nacionais, estrangula a economia.

Para acabar com o desemprego, seria necessária a redução da carga horária de trabalho para 36 horas, o que é inaceitável para as grandes empresas. Seria fundamental a implantação de um grande Plano de Obras Públicas, que absorveria boa parte dos desempregados do país, mas se choca com a exigência de superávit primário do FMI. O aumento geral dos salários, vital para qualquer proposta séria de distribuição de renda, provocaria outra rebelião das empresas.

Infelizmente, não existe nenhuma maneira de “distribuir renda”, de “acabar com o desemprego”, sem romper com o FMI, deixar de pagar as dívidas externa e interna, e expropriar as grandes empresas multinacionais e nacionais que controlam este país.
Essa conversa de “distribuição de renda e combater o desemprego” só com o crescimento econômico capitalista, não passa de mais uma promessa desses políticos reacionários. Dos que, como Lula, prometeram, e depois tentam substituir as mudanças reais por planos sociais compensatórios ridículos, como o Fome Zero (que ficou no zero a zero), e o Plano do Primeiro Emprego (que gerou só um emprego).

Post author Eduardo Almeida Neto, da Direção Nacional do PSTU
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