O que é a Rede de Solidariedade Internacional (RSI)?

Sindicalistas e ativistas de vários países estiveram reunidos no Brasil em Agosto de 2000, e discutiram como responder à Globalização e ao neo-liberalismo, sinônimos da ofensiva capitalista, do ataque às conquistas sociais e às condições de trabalho em todo o mundo. Os participantes concordaram em construir um Rede de Solidariedade Internacional (RSI). As metas e os princípios estão documentados abaixo e são parte do Manifesto que foi aprovado no encontro.

“TRABALHADORES(AS) DE TODO O MUNDO, UNÍ-VOS!“

A REDE INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE ATIVA que estamos construindo é uma resposta à necessidade de desenvolvimento da ação em comum entre os trabalhadores que estão lutando em defesa dos seus direitos, lutando contra a flexibilização e contra o desemprego, resistindo portanto contra a neoliberalismo e a globalização capitalista em todas as suas formas. O fazemos porque as grandes organizações sindicais, especialmente as Centrais Sindicais Mundiais, desertaram da missão de organizar os trabalhadores na luta contra o Capital e resolveram conciliar com ele.

A REDE busca criar as condições que permitam a troca de informações e experiências, o desenvolvimento de ações conjuntas, e a viabilização de ações de solidariedade ativa entre os trabalhadores que, nas diversas regiões do planeta, lutam em defesa dos seus direitos. Nossa luta é contra o neoliberalismo e contra toda forma de exploração e opressão, o que significa dizer que queremos agir segundo as seguintes diretrizes básicas:

· Luta contra a flexibilização de direitos;
· Defesa da saúde e segurança do trabalhador, contra as doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, e defesa do meio ambiente;
· Contra o desemprego;
· Contra as privatizações;
· Defesa dos serviços públicos, de saúde, educação, moradia etc.;
· Defesa da luta dos camponeses pela terra, como ocorre no Brasil (MST), no Paraguai;
· Luta contra o pagamento das dívidas externas dos países do chamado terceiro mundo;
· Contra a repressão e a violência de que são vítimas os trabalhadores;
· Contra a conciliação de classes em suas diversas formas, que transforma os sindicatos e outras organizações dos trabalhadores em correia de transmissão de políticas e ideologias neoliberais.

Obviamente estas diretrizes não tem a pretensão de responder a todos os problemas colocados hoje para os trabalhadores. Nem são rígidas e fechadas a novas contribuições, que seguramente virão. Elas expressam aquilo que direcionará a prioridade dos nossos esforços, considerando a total falta de recursos e condições para abraçarmos ao mesmo tempo todas as lutas que gostaríamos. No entanto, foram levantados também outras bandeiras defendidas por todos os presentes ao seminário, e que contarão com o apoio de todos, a partir da nossa ação nos locais de trabalho ou de atuação de cada um de nós:

· Defesa da liberdade de organização dos trabalhadores e contra as burocracias sindicais que desrespeitam a vontade de suas bases;
· Contra toda forma de discriminação, opressão e violência contra a mulher;
· Contra toda forma de discriminação e opressão por razões raciais, direitos iguais aos trabalhadores independentemente de sua nacionalidade;
· Apoio aos refugiados;
· Defesa dos povos indígenas;
· Defesa da criança;
· Defesa dos direitos previdenciários dos trabalhadores, etc.

A REDE pretende unir sindicatos, dirigentes sindicais, ativistas e militantes que lutam em todo o mundo, que estejam de acordo com essas diretrizes básicas para a nossa atuação e que estejam dispostos a agir, a promover ações de acordo com estas diretrizes em seu local de trabalho e/ou de vivencia, obviamente dentro das condições que cada um tiver. A REDE tem, portanto caráter sindical e popular, classista e de luta. Mas ela não é um novo sindicato. Aceita a participação de todos os lutadores que queiram somar forças, indistintamente de filiação à este ou aquele sindicato ou à esta ou aquela Central Sindical. Neste sentido, especial atenção deve ser dada à juventude, facilitando a que a REDE possa ser um canal de participação dos jovens que queiram lutar por um mundo melhor.

A REDE rejeita a exploração e a opressão do Capital, tendo portanto uma vocação socialista, no sentido da busca por uma sociedade onde não haja exploração e opressão de nenhum tipo, uma sociedade igualitária. Mas não é um partido político, nem se atrela a nenhum partido ou organização política. Preserva a sua independência e autonomia em relação a todos, e recebe de braços abertos a participação e contribuição de todos que queiram colaborar dentro das diretrizes estabelecidas para o nosso trabalho.

Temos, alem disso, a consciência de que não somos a única experiência dessa natureza existente no mundo hoje. Seguramente haverão muitas outras em curso e afirmamos então a nossa disposição de somar forças com todas elas, no sentido de fortalecer a ação em comum e a solidariedade entre os trabalhadores.

E estabelecemos como metas concretas de trabalho os seguintes pontos:

1. Prosseguir com as ações de solidariedade aos trabalhadores da VW da África do Sul.
2. Manter a diretriz de responder imediatamente às necessidades de apoio e solidariedade aos que estejam em luta ou sofrendo agressões em qualquer parte do planeta. Qualquer participante da REDE, frente a algum fato dessa natureza, pode e deve informar e acionar os restantes para que todos possam agir;
3. Realizar campanha internacional em solidariedade ao povo colombiano e contra a intervenção militar norte-americana, e contra o Plano Colômbia;
4. Realizar campanha de solidariedade ao povo equatoriano, em luta contra a dolarização da economia do seu país e rebelado contra seu governo, títere do FMI e do governo dos EUA;
5. Apoio à luta contra o pagamento das dívidas externas dos países do chamado terceiro mundo;
6. Participar e impulsionar as campanhas pela libertação dos presos políticos (os do MST no Brasil, os da Colômbia, etc, etc);
7. Apoiar a campanha contra o bloqueio econômico levado a cabo pelo governo norte-americano contra o povo cubano.

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