Categoria passa por cima de direção de sindicato e rejeita acordo rebaixado

A assembleia dos rodoviários da Região Metropolitana de Recife, realizada nesta sexta-feira, 10, está sendo considerada a maior dos últimos tempos. Cerca de 500 trabalhadores compareceram ao galpão do sindicato para gritar “não” à proposta da patronal. Eles aprovaram greve por tempo indeterminado a partir da 0h da próxima terça-feira, 14.

Logo no início, os portões foram fechados para evitar que os rodoviários entrassem em massa na assembleia, junto com os apoiadores da CSP-Conlutas. Tudo a mando do presidente do sindicato, Benicio Custódio, mais conhecido como Gryllo. Mas não conseguiram bloquear a entrada por muito tempo.

Durante a assembleia, Gryllo e sua assessoria jurídica tentou convencer os trabalhadores a aceitar a proposta da patronal, mas a categoria, além de vaiar, deu às costas para eles. O Consórcio Grande Recife apresentou um reajuste linear de 9,5% nos salários e a categoria exige pelo menos 30% de aumento. Atualmente, o salário dos motoristas é R$ 1.765, já os cobradores recebem R$ 812 e os fiscais R$ 1.141.

O que está deixando os rodoviários mais revoltados é o valor do ticket de alimentação que hoje é R$ 188. Eles afirmam ser o menor em todo o país e reivindicam um aumento para R$ 300, mas a patronal propôs apenas R$ 220.

Outra decisão aprovada foi a exigência para que Gryllo não assine o dissídio. A categoria está disposta a ir até as últimas consequências por um salário digno e, principalmente, por um reajuste no ticket alimentação que não seja apenas um vale coxinha.

Maria Rita, única advogada que a categoria silenciou para escutar as orientações, informou que os rodoviários devem respeitar todos os critérios legais para o movimento paredista. “Greve é um direito dos trabalhadores, mas a população precisa se preparar, por isso, o sindicato tem que respeitar os tramites legais”, afirmou. Ela explicou que o sindicato deve comunicar, por meio de nota ou coletiva de imprensa,com prazo de 72 horas de antecedência.

Josival Costa, Secretário Geral do sindicato – minoria na direção – foi bastanteaclamado pelos presentes.  “Estou a cada dia mais orgulhoso de nossa categoria. Estamos mostrando com toda garra nossa força e deixando o recado para a patronal que merecemos respeito”, declarou Josival.

Também esteve presente o militante da CSP-Conlutas, Aldo Lima. Ele é um dos rodoviários que foi demitido nas últimas mobilizações por perseguição política. Seu processo de reintegração ainda está correndo na justiça, mas ele não saiu da luta. “Não vamos aceitar traição. Não vamos aceitar que a nossa categoria sofrida seja apunhalada pelas costas como em anos anteriores. A CSP-Conlutas continuará junto com os rodoviários e quem vai dirigir essa luta é toda a categoria”, afirmou Aldo.

O PSTU apoia essa luta e coloca toda sua militância à disposição para mostrar aos empresários e ao governo que os trabalhadores não vão pagar pela crise. “Estão atacando direitos históricos dos trabalhadores e garantindo os lucros milionários dos grandes empresários. Com os rodoviários não é diferente. O transporte público está um caos, vitimando inclusive usuários. Chamamos os ativistas e lutadores a se solidarizar e apoiar a luta desses trabalhadores que transportam vidas e merecem respeito”, declara Raphaela Carvalho, da direção regional do PSTU.

Somos todos Rodoviários! Somos todas Rodoviárias!