O apoio à ocupação das tropas de Bush no Iraque diminui a cada nova baixa e o rechaço começa a se intensificar entre os norte-americanos. Para os Estados Unidos e demais países invasores, o conflito no Iraque converteu-se num verdadeiro pesadelo. A estratégia de convocar eleições em janeiro deste ano, para estabelecer a “democracia” no país, não diminuiu a resistência iraquiana. Ao contrário, os ataques cresceram e os rebeldes parecem não estarem dispostos a parar.

Segundo a agência Associated Press, desde o início da ocupação, em março de 2003, 1.713 soldados norte-americanos e mais de dois mil iraquianos a serviço da ocupação foram mortos. Um número nada desprezível e que já começa a incomodar a opinião pública dos EUA, aproximando ainda mais a atual conjuntura daquela vivida na época do Vietnã.

As recentes evidências do crescente descontentamento interno são bastante contundentes. O democrata John Conyers e outros parlamentares entregaram à Casa Branca um documento com a assinatura de 122 membros do Congresso e mais de 500 mil pessoas exigindo explicações sobre o memorando de Downing Street – documento de meados de 2002 que revela que Bush já tinha a intenção de invadir o Iraque, e procuraria apenas encaixar os relatórios sobre as armas químicas para justificar a ação.

Em seguida, democratas e republicanos uniram-se na elaboração de uma resolução que fixa o mês de outubro de 2006 como prazo para a retirada das tropas. A iniciativa envolveu até o republicano Walter Jones, um dos maiores defensores da invasão e que agora se preocupa com o futuro da participação militar dos EUA no Iraque. A iniciativa dos parlamentares não surgiu por acaso. O fracasso da atuação do exército invasor e a morte de centenas de soldados nos últimos meses têm modificado a opinião pública. O rechaço à política de Bush para o Iraque começa a se sobrepor ao medo do terrorismo.

Uma pesquisa da “Time”, divulgada no dia 12 de junho, aponta queda na aprovação do desempenho de Bush entre a população, motivada por assuntos de política externa e econômicos. 47% dos norte-americanos desaprovam o governo. Quanto ao Iraque, 55% são contrários à forma pela qual Bush tem administrado a questão. Se, em outubro de 2004, 36% apoiavam a retirada, estes hoje já são 46% dos entrevistados.

Como resposta, o governo iniciou uma ofensiva midiática para convencer a opinião pública. Sobre o momento de retirada das tropas, afirmou: “O objetivo (da insurgência) é conseguir que deixemos (o Iraque) antes de os iraquianos terem a oportunidade de demonstrar à região o que um governo eleito e responsável perante seus cidadãos pode fazer por seu povo“. Afirmou ainda que só deixará o Iraque com a vitória.

A pressão dos norte-americanos e as sucessivas derrotas militares indicam que o êxito da empreitada de Bush parece cada vez mais distante. Apesar de manter 138 mil soldados no país, armados até os dentes e agindo com brutalidade inaudita, e de ter imposto um governo fantoche, totalmente a seu serviço, os EUA não conseguem domar a resistência iraquiana, que cresce a cada dia. O cenário mais provável para o desfecho do conflito, hoje, está mais próximo de uma vergonhosa derrota para o imperialismo e a vitória dos iraquianos em sua luta pela soberania.