Todo o otimismo propagado pela mídia contrasta com a situação esportiva do país, que não escapa dos graves problemas sociais e econômicos. É esse contexto que explica nossos ridículos resultados em competições internacionais. E pouco mudou após a realização dos Jogos Pan-Americanos em 2007, apesar de todo o entusiasmo nacionalista criado pela imprensa. Na Olimpíada de Pequim, o Brasil terminou em 23° lugar no quadro de medalhas, atrás da Jamaica (do espetacular velocista Usain Bolt) e de países africanos como Etiópia e Quênia.

Repetindo a mesma demagogia da época do Pan, o governo promete incentivar o esporte brasileiro. Para isso, no entanto, é preciso mais do que vídeos
de ficção e discursos. É necessário encarar os problemas sociais de frente, condição chave para o desenvolvimento do esporte brasileiro. Para mudar o acesso do povo a educação, alimentação, saúde e esporte, é preciso, antes de tudo, mudar radicalmente a estrutura social do país. Ou seja, transformar radicalmente a política econômica. Algo que este governo não fez e nem vai fazer.

Sob o governo Lula, o Brasil continua no pódio da desigualdade social. É o décimo país mais desigual no planeta, segundo o novo relatório do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Essa é a realidade olímpica que nenhum delírio nacionalista é capaz de esconder.

Como ressaltou o jornalista esportivo Juca Kfouri logo após a decisão do COI: “Foi um belíssimo show, é pura ficção o que
nós vimos, daqui a pouco vai começar a realidade”.
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