O esforço foi grande. Dezenas de milhares de pessoas se reuniram para eleger os três mil delegados de todo o país que chegaram a Santos (SP) para realizar o Conclat. Contando os observadores e o pessoal de apoio, o número de participantes chegava a quatro mil. Cerca de cem observadores vieram de 25 países de todo o mundo para ver o congresso de unificação. Milhões de reais foram arrecadados nas bases para garantir o transporte, hospedagem e alimentação de toda essa gente.

No final, as pessoas viram a fundação da nova central, mas saíram com um gosto amargo: uma minoria, ao perder uma votação, rompeu com o congresso. Existe uma nova central, que é muito importante. Mas a ruptura enfraqueceu a central, por não aglutinar os setores que poderiam estar juntos.

A Intersindical (o setor que rompeu) cometeu um grave erro, desrespeitando a democracia operária por não aceitar uma votação em que perdeu. Desrespeitou também sua própria base, que não votou por uma ruptura. Terão muitas dificuldades para explicar porque romperam. Desrespeitou todo o trabalho feito por dezenas de milhares de pessoas por meses.

Todos que ouvem a história dessa ruptura ficam assombrados com o motivo alegado: não tinham acordo sobre o nome “Conlutas- Intersindical”. Uma pergunta se impõe: porque romper por um nome?

A verdade é que a polêmica do nome esconde uma discussão real e grave. Em primeiro lugar, a Intersindical, em uma postura completamente sectária, não aceita que “Conlutas” estivesse no nome da nova central.

Em segundo lugar, a Intersindical não aceita ser minoria. O critério básico da democracia operária, ou seja, que a base decida, não é seguido por eles. Querem impor o mesmo método da Intersindical, ou seja, o consenso. Isso significa que só se pode fazer algo se houver acordo entre as distintas correntes políticas. Quando não há acordo, não se pode fazer nada. O critério da democracia operária é outro: a base decide.

Com essa postura a Intersindical desrespeitou também as regras decididas por todos os que convocaram esse congresso. Foi definido, em comum acordo de todos os convocantes, que as diferenças seriam resolvidas com esse critério da democracia operária, ou seja, votando. Eles aceitaram a regra, mas ao perderem a votação e romperam.

Alguns setores que apóiam a Intersindical, para desviar o foco do erro gravíssimo que tiveram, passaram a culpar a Conlutas e o PSTU pela “falta de sensibilidade”. Segundo essas correntes, a Conlutas, por ser maioria, deveria ceder para evitar a ruptura.

É impressionante, pois não fazem nenhuma crítica ao erro gravíssimo da Intersindical pela ruptura. Mas culpam a “insensibilidade” da Conlutas.
Vejamos a sensibilidade. Muitos delegados internacionais ficaram surpresos que a tese majoritária aceitasse a apresentação de vinte teses com tempos iguais. Isso significa paciência para ouvir a maioria absoluta dessas teses de setores oposicionistas, para garantir que esses grupos minoritários possam se expressar com o mesmo tempo dos setores majoritários.

Outros delegados ficaram surpresos ao ver a minoria vaiando e tentando impedir que Zé Maria falasse. A única reação da maioria foi um chamado do próprio Zé para que a maioria não vaiasse o representante da Intersindical que falou logo depois.
O problema é que isso não pode se estender a decisões fundamentais. O que os defensores da Intersindical defendem não é uma maior “sensibilidade”, mas a aceitação do método do consenso.

A batalha pela unidade segue
A nova central foi fundada e vai começar a intervir na luta de classes. Junto com isso, a luta para que a Intersindical recue e retome seu lugar vai seguir. É hora de que estes companheiros percebam o erro que cometeram e venham construir também a nova central.

Mas para que isso aconteça, será necessário reafirmar o critério da democracia operária. Sem isso nenhum acordo terá validade.
Post author Editorial do Opinião Sociailsta nº 406
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