Há muito tempo atrás, na velha Bahia, nasce o moleque maravilhoso Raul Santos Seixas. Raul, desde criança, sempre buscou seu espaço no meio artístico. Já no início dos anos 60, Raul formava seu primeiro grupo, “os relâmpagos do Rock”.

Fã de carteirinha de Elvis e Luis Gonzaga, Raul começa a criar um estilo diferente de fazer rock no Brasil. Concorre em um festival de música e lança ‘Let me sing´ (canção que é uma mistura de estilos dos seus ídolos Elvis e Gonzagão).

Desde ‘Raulzito e os Panteras´ já era possível perceber que não seria só mais um cantor e sim um artista que mudaria a história da música brasileira. Como grande observador do comportamento humano, tanto no campo individual como no social, Raul compunha suas músicas retratando a vida e o cotidiano dos brasileiros.

Sem medo de falar o que pensava, fez de sua arte uma forma de poder gritar krig-há,bandolo!(cuidado aí vem o inimigo). Este foi seu primeiro disco solo, o qual demonstrou muito bem o que viria ser Raul Seixas. O disco tinha canções como ‘Ouro de tolo´, que foi um incômodo para a classe média, e seu grande sucesso, “Metamorfose ambulante”.

Depois que escolheu seu próprio caminho, o maluco Seixas mostrou-se muito lúcido ao lançar o manifesto da sociedade alternativa. Mas, em tempos de ‘dentadura postiça´, o ‘monstro Sist´ mostrou sua força, mandou prender e exilar Raul nos EUA.

No entanto, logo após ter sido exilado, os militares tiveram que buscar o maluco beleza, pois ele havia lançado seu disco de grande sucesso Gitâ e a gravadora queria sua volta para aplacar o desejo do público.

Cantando só por cantar, Raul fez sucesso, muito sucesso, que criou uma diversidade em seu público. Por isso, hoje a coisa mais comum é ver a música de Raul agradando muitas pessoas e criando inúmeras opiniões a seu respeito. Hoje, encontrar pessoas que o consideram ateu, místico, revolucionário, intelectual, maluco e outras coisas mais é muito normal.

Talvez o mais correto é que todos tenham razão, afinal o ponto de vista é que é o ponto da questão. O multifacetado Raul Seixas, ao longo de sua vasta obra, criou um universo onde só ele poderia viver. Egoísta?! Sim! Afinal o auge do seu egoísmo era querer ajudar, portanto o carpinteiro do universo foi mais um cowboy fora da lei do que um herói como artista no meio musical. Raul talvez tenha sido o mais completo que já se teve notícia aqui na cidade de Thor.

Os altos e baixos da sua vida pessoal nunca desestimularam sua obra, pelo contrário, sempre deram força para seguir viagem. Sujeito simples, sem ser normal, com óculos escuros, barbas e cabelos grandes, Raul foi a cara dos brasileiros. Sem fazer música de protesto, como ele mesmo dizia, se tornou símbolo de gerações da musica brasileira principalmente do rock.

Raul Seixas ou Raulzito teve que transar com as multinacionais que o sugavam e depois o esqueciam só porque ele não conseguia ser um sujeito normal. Ele preferiu ser a mosca na sopa dos militares, gostava de dar “tapanacara” da hipocrisia vigente (e também de um famoso apresentador de televisão).

Nascido no dia 26 de Junho de 1945, no mesmo ano da explosão da bomba atômica, teve uma vida meteórica que acabou no dia 21 de agosto de 1989. Mesmo assim, Raul não deixou de existir, adentrou o século XXI com muitos fãs espalhados por aí. Sua vida pessoal pouco importa, o negócio é admirarmos sua obra, afinal ‘os homens passam e as músicas ficam´.

Por isso, sempre nos lembraremos de Raul Seixas com sua obra que permanece muito atual dentro desse contexto de roubalheira, mensalão, corrupção e outras vergonhas mais. O gênio que nos deixou será sempre homenageado e nunca será esquecido. Enquanto existir um barzinho, um violão e um cantor, por mais simples que seja, sempre surgirá de algum lugar o velho grito com uivo no final: TOCA RAUUUUUUUUUUUL!!!!!!!!!!!!