Karl Rove, apelidado por Bush como “flor de esterco”, é mais um falcão que saiO governo do presidente George W. Bush acumulou mais uma baixa no último dia 13. Dessa vez foi Karl Rove, principal assessor e estrategista político de Bush, que anunciou sua inesperada demissão. O assessor disse que deixará a Casa Branca no fim deste mês.

Rove conhece Bush há 34 anos e trabalhou com ele desde o início de sua carreira política, especialmente nas campanhas para o governo do Texas e para os mandatos na Presidência. Conhecido como o cérebro de Bush, o assessor tem uma longa ficha de serviços prestados à direita dos Estados Unidos. Na última campanha eleitoral de Bush, ele foi responsável pela estratégia que apoiou o Partido Republicano na extrema direita do espectro político norte-americano.

Mesmo com forte desgaste provocado pela divulgação das mentiras que justificaram a invasão no Iraque, Bush terminou se reelegendo. Algo que rendeu a Rove um curioso apelido cunhado pelo próprio: “turd blossom”, ou “flor do esterco”, por transformar notícias ruins em boas.

Também foi ele quem atuou em um episódio que levou à demissão de promotores públicos por motivações políticas. O objetivo era fortalecer o poder dos republicanos sobre o poder judiciário do país.

Outro episódio nebuloso que envolve Rove é seu envolvimento no vazamento da identidade de uma agente da CIA, cujo marido diplomata se manifestou contra a guerra do Iraque. O assessor só livrou a cara porque o governo impediu que fosse acusado oficialmente.

“Baixas de guerra”
A inesperada demissão de Karl Rove da Casa Branca engrossa a lista de “baixas de guerra” entre os principais assessores de Bush. Vítimas do fiasco que cerca a invasão militar ao Iraque, em março de 2003, os ratos começaram a abandonar o navio para não se afogarem e para tomarem distância do segundo mandato de Bush. Colin Powell foi o primeiro a se demitir, em novembro de 2004. Foi ele quem apresentou a farsa das supostas armas de destruição em massa que estariam sob o controle de Sadam Husein.

Depois foi Paul Wolfowitz, número dois do Pentágono, que saiu do governo, tornou-se presidente do Banco Mundial e se viu em meio a escândalos de corrupção que lhe custaram o seu mandato. Em seguida vieram as demissões de Andrew Card, chefe de gabinete de Bush, e de Donald Rumsfeld, ex-secretário de Defesa e um dos principais falcões da equipe do presidente dos EUA. Foi ele que desenhou toda a estratégia militar para intervir no Afeganistão e no Iraque depois do 11 de setembro.

Na longa lista, deve-se incluir o esfacelamento político dos chefes de governos europeus que apoiaram a empreitada de Bush no Iraque, como Aznar (Espanha), Belusconni (Itália) e Tony Balir (Grã Bretanha) Só sobrou o “expressivo” apoio do governo da Albânia.

Como fica Bush agora?
Metido no pântano iraquiano, levando o imperialismo à possibilidade de amargar uma derrota militar, o presidente Bush se transformou num “pato manco”, expressão que descreve um governante que perde cada vez mais o poder efetivo de governar.

O quadro se agrava com a aproximação das eleições presidenciais. Nenhum dos pré-candidatos republicanos quer identificar sua imagem com a atual administração da Casa Branca. Nada poderia ser pior para Bush, ainda mais se levada em conta a nova turbulência econômica – cujo epicentro está justamente nos EUA – que poderá levar o país a uma nova recessão.

Mais do que uma simples despedida, a saída de Rove parece ser um epitáfio para o governo Bush.