Marcha seguiu na chuva pelo centro de São Paulo
Diego Cruz

Caminhada continuou mesmo debaixo de forte chuvaA Marcha pela Consciência Negra, neste dia 20, reuniu em São Paulo o conjunto das organizações do movimento negro, como a Educafro, entidades sindicais, como as centrais CUT, CTB, Conlutas e Intersindical, CGT e UGT; movimentos populares, como o MTST, e partidos políticos, como PCdoB, PSOL e PSTU.

O ato teve início por volta das 11h, no Vale do Anhangabaú. Além de discursos, o público assistiu a apresentações culturais, como a do grupo Batucaí, e a um ato ecumênico. Em seu auge, a concentração chegou a reunir cerca de 900 pessoas no Anhangabaú.

Por volta das 14h30, os manifestantes iniciaram uma caminhada, passando pela República, até a frente do Teatro Municipal. Poucos minutos após o início da passeata, uma forte chuva desabou, afastando parte dos manifestantes. Mas a grande maioria permaneceu caminhando, mesmo sem guarda-chuvas. Cerca de 400 pessoas, encharcadas e alegres, chegaram cantando ao Teatro Municipal, onde os últimos discursos foram feitos.

Quilombo
Os militantes do movimento “Quilombo Raça e Classe”, da Conlutas, caminharam em uma coluna com ativistas do Círculo Palmarino e da UNEafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora), movimento que nasceu a partir de uma dissidência da Educafro.

Geraldo Correa, o Geraldinho, falou em nome da Conlutas-SP e apresentou o “Quilombo Raça e Classe”. “Lutar contra o racismo é lutar contra o capitalismo. A opressão contra o povo negro é parte fundamental desse sistema”, declarou. No carro de som, ele defendeu a independência diante dos governos, como condição para travar a luta consequente contra o racismo. Geraldinho também aproveitou para combater as ilusões em relação ao presidente dos EUA, Barack Obama. “O presidente de lá agora é negro, mas a Casa continua Branca”, destacou.

Jefferson Mendez, do PSTU, saudou os ativistas e afirmou que ali estavam grande parte dos que lutam contra o racismo. A denúncia do imperialismo também fez parte de sua fala. “Boa parte deste ato acredita que Obama está do nosso lado, que os EUA mudaram. Mas ele continua agindo com mãos de ferro, no Afeganistão e no Iraque”. Jefferson lembrou que entre os ativistas, também haviam muitos que opinam que Lula governa para os trabalhadores e está ao lado do povo negro. “Mas é com Lula que o Brasil mandou as tropas para o Haiti. Nosso governo lidera uma ocupação contra os negros e negras do Haiti”. Ele denunciou que a missão da ONU está a serviço do imperialismo e das maquiladoras e exigiu a imediata retirada das tropas do país.

Ele criticou ainda o abandono de bandeiras históricas do povo negro, no Estatuto da Igualdade Racial. “O governo negociou com os ruralistas e recuou nas terras quilombolas. Negociou com as grandes universidades e recuou nas cotas. Para quem Lula governa?”, questionou.