Campanha é uma das mais caras da história. Em muitos casos, a mesma empresa financia os candidatos dos dois partidosObama gastou milhões em propaganda e comunicação. No dia 29, o democrata fez um pronunciamento em rede nacional nos sete principais canais de televisão do país, nos 30 minutos antes da final do beisebol. Como não há propaganda eleitoral gratuita nos EUA, a campanha de Obama pagou US$ 7 milhões pela veiculação.

Antes disso, sua campanha já tinha gastado 45% de seus recursos em comunicação. Isto é, US$ 115 milhões (o dobro de McCain) e mais US$ 96 milhões em programas e publicidade em TV e rádio.

As eleições nos Estados Unidos serão as mais caras na história do país, chega a mais de US$ 5,3 bilhões (cerca de R$ 11,8 bilhões), segundo a organização norte-americana Centro para Políticas Responsáveis. A pesquisa leva em consideração as campanhas à presidência, governos e Congresso.

As campanhas presidenciais de democratas e republicanos recolheram mais de US$ 1 bilhão. Nas eleições de 2004, o gasto de ambos foi de US$ 880 milhões. Barack Obama arrecadou US$ 639 milhões, enquanto John McCain coletou US$ 360 milhões.
Uma visita ao site Open Secrets mostra que os dois partidos são financiados pelas velhas multinacionais que exploram os trabalhadores de todo o mundo. Em muitos casos, a mesma empresa financia os dois partidos ao mesmo tempo.
Os dois setores que privilegiaram o Partido Republicano, tradicionalmente, foram as petroleiras e as empresas agroalimentícias. As petroleiras apóiam abertamente McCain (US$ 1,3 milhão), mas de maneira muito inferior ao apoio dado em campanhas anteriores.

Do dinheiro que as petroleiras destinaram às campanhas eleitorais em 2000 e 2004, cerca de 80% foram aos republicanos. Dessa forma, as petroleiras consolidaram seus interesses com Bush e com a ocupação no Iraque.

Os dois candidatos, porém, contam com o apoio incondicional do setor financeiro, que financia as duas campanhas. Bancos, seguradoras e corretoras, entre outros, investiram cerca de US$ 15 milhões na campanha de McCain, e US$ 16 milhões na de Obama.

A ‘novidade’
Um dos principais destaques da campanha de Obama tem sido as ditas “novas formas de arrecadação” de dinheiro, como as doações pela internet.
De maneira populista, Obama diz que sua campanha está sendo financiada por pequenas doações de trabalhadores e não por grandes empresas. Mas isso em nada altera a velha regra do jogo. Os campeões do financiamento da campanha democrata continuam sendo as grandes empresas, que esperam eleger seu candidato para depois cobrar a fatura.

Pelo menos metade do volume das doações foi doado pelas empresas de maneira indireta, através de seus múltiplos executivos. Por exemplo, a soma de todas as doações de executivos que trabalham no banco de investimento Goldman Sachs chega à soma de US$ 691 mil. O mesmo se vê com contratados do grupo bancário Citigroup (US$ 448 mil) e muitas outras corporações.

Os setores mais dinâmicos da burguesia norte-americana, a financeira, das novas tecnologias e os meios de comunicação, também fecharam com o candidato democrata. Obama tem o apoio incondicional, e quase exclusivo, de alguns setores muito dinâmicos na economia atual, ou do que alguns chamam de “nova economia” – comunicação e tecnologia da informação (TI).

Por outro lado, a burguesia industrial tradicional (especialmente a automotriz) está em crise, e não tem poder econômico suficiente para enfrentar a campanha e brigar por seus interesses mais específicos.

A única conclusão possível é que Obama, longe de representar a mínima ameaça aos interesses da burguesia, é o candidato eleito pelo setor financeiro e de telecomunicações para representar seus interesses.

Apesar do que diz em seus discursos sobre a classe média e a classe operária, Obama já tem hipotecado seu programa de governo em função da maioria de acordos que fez com os setores mais prósperos e dinâmicos da burguesia dos EUA.

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