O Brasil foi sacudido pela greve dos caminhoneiros e com a entrada em cena dos petroleiros. Estas e outras categorias em luta enfrentam os interesses das multinacionais e a receita neoliberal de privatizações e cortes. As greves ganharam apoio da sociedade e desesperaram a burguesia, que já sente o cheiro do rastilho de pólvora.

A queda do agora ex-presidente da Petrobrás, Pedro Parente, é uma vitória na luta em defesa de nosso parque de refino, base para a baixa do preço do diesel, da gasolina, do gás de cozinha, do alimento na mesa do trabalhador.

Contraditoriamente, este episódio também dá a dimensão da traição perpetrada pela direção da FUP/CUT, ao desmontar a forte greve nacional petroleira no seu primeiro dia.

Antes, errou na bravata da greve contra a prisão de Lula, política que bateu e voltou. Retiraram da pauta formalmente, mas a todo momento tentam aparelhar a nossa luta a projetos eleitorais como as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, política que tem servido apenas para dividir e causar desconfiança na base.

Depois, marcou uma data que claramente deixava passar o auge da greve dos caminhoneiros, que balançava o governo. Sintomático que as mobilizações e cortes tenham começado nas bases da FUP e da FNP antes da data oficial procrastinada pelas direções.

Adota ainda uma tática de greve de advertência por tempo determinado, coisa que tampouco se pode entender, considerando nossos objetivos e inimigos. Por fim, resolve suspender o movimento.

Com Temer se equilibrando na margem de erro e Parente pendurado pelo pescoço, esta era a hora de avançar, enfrentar as ameaças da Petrobrás e do Judiciário! Assim fizemos em 1995, com FHC recém eleito. Este “medo” reverberou mais nos discursos dos dirigentes do que na Rádio Peão.

Inexplicavelmente, a Articulação (PT), corrente que dirige aquela federação, resolveu dar uma trégua para MDB e PSDB se recomporem.

Lamentavelmente, a própria FNP derrapou na curva. Parte da direção da FNP cedeu ao desmonte imposto pela FUP e também indicou a suspensão do movimento – não alcançou as medidas que podia e devia tomar. Era hora de ir pra cima com tudo, manter a greve, disputar as bases da FUP, apostar na conjuntura que nos cerca. A prova está aí.

O fortalecimento e continuidade da greve dos petroleiros poderia não só derrubar Parente, mas derrotar sua política de preços e o Plano de Desinvestimento criado por Dilma e aprofundado por Temer.

Temos que retomar já a greve nacional dos petroleiros, que pode ser a centelha da Greve Geral para derrubar Temer e impedir a privatização da Petrobrás.

Para isso, temos que obrigar a direção dos sindicatos da FUP a atender o chamado de unidade e convocar imediatamente uma plenária nacional dos 17 Sindipetros. Esta é a tarefa que cada petroleiro e petroleira deve tomar pra si neste momento.

Temos que dar um recado ao governo, à direção da Petrobrás, a Ivan Monteiro e futuros candidatos a presidente da Petrobrás: quem quiser privatizar, não vai nem esquentar o lugar!

Diretor do Sindipetro-RJ e da FNP e ativista da CSP-CONLUTAS