Mais pessoas desistiram de procurar emprego, o que fez baixar o nível de desempregoO governo e a grande maioria dos meios de comunicação comemoraram a última Pesquisa Mensal do Emprego, divulgada nesse dia 23 de julho pelo IBGE. A pesquisa, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país, mostrar a queda do desemprego entre os meses de maio e junho.

Após 5 meses de estagnação, a pesquisa mostra uma pequena redução na taxa de desemprego, cujo índice foi de 8,8% em maio para 8,1% em junho. Mesmo assim, a média do desemprego dos seis primeiros meses foi de 8,6%, número superior à taxa do mesmo período de 2008, de 8,3%.

A pesquisa também mostra a redução de 8,3% no total de pessoas desocupadas. O total de pessoas sem emprego nas regiões pesquisadas totalizava 1,87 milhão em junho. A taxa de ocupação, por sua vez, registrou alta de apenas 0,8%, ou 21,1 milhões.

Desalento
O que está por trás dessa contradição pode ser o chamado “desalento”, que também pode explicar a redução no desemprego registrado pelo Instituto. O índice de emprego e desemprego é calculado sobre a PEA (População Economicamente Ativa) que são as pessoas que podem trabalhar e que estão de fato trabalhando, ou buscando emprego. Quando uma pessoa desiste de procurar emprego, ela já não faz parte da PEA e não é contada na hora de se calcular a taxa de ocupação. Isso é o desalento. A PEA de maio a junho cresceu apenas 0,2%, refletindo o desalento.

Numa crise, com a baixa perspectiva de se conseguir um emprego, aumenta-se a taxa de desalento, o que faz diminuir o índice de desempregados. Segundo o IBGE, de maio a junho, foram criados 164 mil empregos. A taxa de desocupados, por sua vez, diminuiu 169 mil. Ao mesmo tempo, 105 mil pessoas sem trabalho deixaram de buscar emprego, um aumento de 0,6%.

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, Hélio Zylberstajn, afirmou que “esse resultado revela o pior tipo de desemprego: o desemprego oculto pela desesperança de procurar emprego”. O professor chama atenção para outro dado. O relativo aumento no número de empregos observado de maio a junho ocorreu apenas em áreas públicas ou relacionadas ao governo. Ou seja, não reflete uma virada na economia.

Horas extras
Um outro dado divulgado pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE revela um aumento no número de trabalhadores que fazem hora extra. Segundo a pesquisa, nesse primeiro semestre aumentou 0,5% o número de trabalhadores com jornada de trabalho superior a 44 horas semanais, em relação ao mesmo período de 2008. Em junho, nada menos que 6,31 milhões de trabalhadores faziam horas extra.

Isso mostra que os empresários, ao invés de contratarem, preferem aumentar a sobrecarga de trabalho sob os atuais trabalhadores. Os mesmos empresários que são beneficiados com uma série de isenções e estímulos do governo, aumentam sua produção, mas não abrem novas contratações. Ou seja, a política de isenção do governo, como a redução do IPI, não beneficia os trabalhadores.

Ganha, portanto, cada vez mais importância a exigência da redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos. No próximo dia 14 ocorre o dia unificado de luta e paralisação das centrais sindicais, em que a Conlutas levará essa bandeira, exigindo também do governo a proibição das demissões.