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Bolsonaro utilizou toda pompa e circunstância de um pronunciamento em cadeia nacional para fazer a maior afronta de todas. Contrariando todas as recomendações da comunidade científica, disse para as pessoas abandonarem a quarentena e retornarem às suas atividades normais.

 

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Um dia depois de sugerir que os trabalhadores ficassem 4 meses sem receber seus salários, o presidente disse, em cadeia nacional, para encararmos a morte para que os lucros dos patrões não sofram prejuízo.

Foi aplaudido por meia dúzia de mega-empresários, mas foi esmagado pela crítica da imensa maioria. Bolsonaro foi longe demais. Mostrou que defenderá com o sangue dos trabalhadores os interesses dos poderosos e, por isso, foi chamado pelo nome que merece: genocida.

Enquanto isso, o coronavírus avança rapidamente pelo Brasil. Dia após dia, somos obrigados a contar os nossos mortos. A expectativa é que a situação se agrave nos próximos meses, quando a pandemia atingirá seu pico.

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Para garantir a sobrevivência dos trabalhadores e também o sustento de suas famílias, os governos terão de investir imensas somas de recursos para barrar a proliferação do vírus e também seus gravíssimos efeitos econômicos e sociais. Já que sustentamos o Estado, e assim também os governos, não podemos exigir menos.

O governo brasileiro tem dinheiro para fazer esse imenso investimento, com sobras, mas, para isso, precisará dar fim às despesas trilhonarias com os privilégios dos ricos.

Esses privilégios são dados de muitas maneiras. Os ricos, por exemplo, não pagam impostos por suas fortunas ou pela herança que recebem. O Brasil cobra muito mais impostos dos pobres. Em um documento de propostas para o enfrentamento ao coronavírus, a FENAFISCO (Federação Nacional do Fisco), a ANFIP (Associação Nacional dos Auditores Fiscais), a AFD (Auditores Fiscais Pele Democracia) e o IJF (Instituto de justiça fiscal) afirmaram que o Brasil poderia arrecadar 272 bilhões de reais para os cofres públicos se cobrasse impostos sobre dividendos, heranças e grandes fortunas.

Outro maneira que os ricos utilizam para sugar recursos são as renúncias fiscais. Isso acontece quando governos federal, estaduais e municipais, permitem que grandes empresários deixem de pagar impostos obrigatórios, que são embutidos no valor das mercadorias e que já são bancados pelos consumidores. Somente o governo federal permitiu que grandes empresários deixassem de pagar, em 2019, através dessa renúncia, 306 bilhões de reais. Esse valor consta no orçamento geral da união.

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Porém, a forma mais escandalosa de dar rios de dinheiro para os grandes capitalistas, principalmente os banqueiros, é a chamada dívida pública. O pagamento dela leva grande parte de todos os recursos que o Brasil produz (38% do PIB nacional em 2019). Essa dívida é uma fraude. Os economistas da Auditoria Cidadã da Dívida desenvolveram uma série de estudos que comprovam que essa conta tão cara, que todos nós temos de pagar, é fruto de esquemas de corrupção que transferem dinheiro público para os grandes bancos. O governo brasileiro pagou em 2019 para esses bancos o valor de 1,37 trilhões de reais. É uma imoralidade absurda.

A soma disso dá R$1,948 trilhão em um ano. Esse valor poderia ser utilizados para fazer tudo que fosse necessário para conter a pandemia de coronavírus no Brasil, para tratar a Covid-19 e para garantir a segurança financeira de todas as pessoas que precisam.

O governo Bolsonaro vai na contramão disso. Quer continuar entregando esses quase 2 trilhões de reais aos poderosos. Quer que a gente continue trabalhando, sem quarentena, aglomerados no transporte público, para manter o lucro dos patrões.

Os privilégios inaceitáveis que os governos (o de agora e os anteriores) dão aos ricos com o nosso dinheiro são próprios do capitalismo. Desse sistema de opressão e exploração que é controlado pela burguesia. No capitalismo, os governos estão à serviço de meia dúzia de ricos e poderosos.

Acabar com o privilégios deles, significa romper com as estruturas do capitalismo. Essa é a grande tarefa da nossa classe.

É por isso que precisamos de um novo modelo de sociedade, onde a gente não fique à mercê de uma elite corrupta, opressora e exploradora. Precisamos de uma sociedade socialista, governada pelos trabalhadores e para os trabalhadores. Só assim nossas vidas importarão.

Exigimos que o governo Bolsonaro, assim como governadores e prefeitos, deixem de priorizar os lucros dos patrões e atendam nosso programa emergencial. Se não o fizerem, que os trabalhadores, para garantir sua sobrevivência, tomem o governo e façam.

PROGRAMA EMERGENCIAL:

  • Paralisação de todas as atividades que não sejam essenciais, estabilidade no emprego já e manutenção integral dos salários
  • Suspensão imediata do pagamento da dívida, do teto de gastos
  • Fortalecer o SUS
  • Por uma ampla e massiva vacinação contra a gripe
  • Garantir seguro desemprego de 2 anos à todos os desempregados
  • Garantia dos diretos civis e democráticos
  • Recursos para medidas preventivas
  • Fortalecer o setor da ciência e tecnologia e todo suporte à pesquisa sobre o vírus