O Opinião entrevistou um dos operários que trabalha na construção civil da Petroquímica de Suape. Seu nome foi omitido para evitar perseguição da patronal. Confira.OS – Como é o dia a dia no trabalho?
Silvio – Nós sofremos para chegar ao trabalho. Se você mora distante, a viagem de ônibus chega a levar até duas horas e, se você mora próximo, chega muito cedo e fica esperando até 45 minutos para bater o ponto em torno das 6h30, dependendo da empresa. E olha que o ponto não é na portaria, é na obra, e a gente leva uns 15 minutos da portaria até a obra. Depois de ficar de sol a sol, vem o almoço, o feijão não tem verdura, o arroz muitas vezes é daquele “unidos venceremos”, grudados os grãos. Além disso, a hora de trabalho de um profissional especializado custa cerca de R$ 4,30 e a de ajudante R$ 2, 90.

OS – E os trabalhadores dos outros estados que estão aqui?
Silvio – Eles têm que passar quatro meses aqui e uma semana de folga para ver a família, aí a empresa paga passagem de ônibus para eles irem. Tem um companheiro de Belém do Pará que leva mais de 40 horas para ir e mais de 40 horas para voltar.

OS – E como vocês se organizam para lutar?
Silvio – Quando procuramos o sindicato para nos defender, ele só fazia estar do lado do patrão. Por isso geralmente nas empresas se formam comissões de empregados, embora muitos são perseguidos ou comprados pelas empresas, quando se procura o sindicato ele está do lado patrão. Então na greve nós vimos o Bebeto da federação e a confederação do nosso lado. Vi também um companheiro da Conlutas que falava em todas nossas assembleias nos apoiando.

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