Apresentação das pré-candidaturas de Vera e Hertz. Foto Romerito Pontes

Muitas vezes as pessoas me perguntam: em quem votar? Não existem alternativas. Muitos estão expressando o desencanto com os governos petistas pelos planos neoliberais aplicados e a corrupção. Existe sim uma alternativa, com as candidaturas de Vera e Hertz, meus camaradas do PSTU.

O PT mantém a candidatura de Lula. Sabem que ele não será candidato pela condenação. Mas independente da condenação, o PT e Lula não são alternativas para os trabalhadores brasileiros. O fato de que Lula ainda tem apoio eleitoral de mais de 30% do povo brasileiro não significa que a experiência não tenha sido feita com os governos petistas. Significa somente que essa experiência não foi completada. Não se passaram 13 anos em vão. Não se apaga a história, como querem o PT, o PSOL e todos os reformistas. Tanto a experiência existiu, e uma ruptura da base operária com o PT está ocorrendo nesse momento, que a CUT, PT, PCdoB, PSOL e todos esses reformistas não conseguiram parar uma única fábrica, uma única categoria em defesa de Lula. A base dos trabalhadores sabe que Lula é corrupto e que não “está preso porque defendeu os trabalhadores”. Os mais de 30% do povo brasileiro que ainda votam em Lula tem essa posição, em grande parte, como “mal menor” em comparação com o governo de Temer, com o PMDB, com o PSDB. A experiência com o PT não está completada, mas o desastre dos governos petistas tampouco pode ser apagado como querem os reformistas.

A justiça burguesa é injusta? É. Merece confiança? Nenhuma. Aécio já deveria estar preso? Já, junto com Temer, Alckmin, Serra e toda essa laia. Mas o que querem os que defendem Lula não é isso. Eles querem que Lula seja solto, e estão dispostos a não defender a prisão dos outros corruptos para isso. Antes todos defendíamos prisão e confisco dos bens para todos os corruptos. Agora essa esquerda reformista abandonou essa palavra de ordem porque tem o rabo preso com a defesa de Lula. Nós defendemos a prisão de Lula e de todos os corruptos como Temer, Aécio, Serra, etc.

Mas o PT não é alternativa só pela corrupção, no que é igual aos outros. Não é alternativa porque aplicou os mesmos planos neoliberais dos outros governos burgueses. O plano de reforma da Previdência que Temer quer aprovar era o que Dilma queria implementar em seu governo. O próprio Lula, no início de seu mandato, aplicou uma reforma da Previdência que gerou, inclusive, a ruptura dos deputados que formou o PSOL (hoje eles esquecem até isso na defesa de Lula). É por isso que a base dos trabalhadores começou a romper com o PT e Lula.

O PSOL lançou Boulos como candidato. Boulos é uma direção do movimento popular que merece todo respeito. Mas Boulos é um defensor incondicional de Lula, defende um programa que é muito semelhante ao programa defendido por Lula em sua campanha de 2002. Boulos nem sequer admite que o governo do PT foi neoliberal e corrupto. Nessa campanha eleitoral, será fundamental uma crítica aberta e explícita aos governos petistas, como também contra o PSDB e PMDB. Boulos, apesar de aparecer como “algo novo”, é mais do mesmo. O próprio PSOL é uma tentativa de repetir o PT (sem sua base operária).

Muitos jovens estão apoiando Bolsonaro na ilusão de que ele seria “mudar tudo o que está aí”. Evidentemente, existe também uma base real da ultradireita nesse país. Mas existe um setor da juventude- inclusive entre os trabalhadores- que não é de ultradireita, mas apoia Bolsonaro por pensar que ele “mudaria tudo”. Não é assim. Bolsonaro é uma candidatura de ultradireita que defende tudo que está errado no país e é provável que conseguisse ainda piorar o que existe de ruim.

Em primeiro lugar, Bolsonaro é um corrupto. Foi apoiado pela Oderbrecht, como Lula, Aécio, Alckmin e toda essa corja. Por isso, multiplicou seu patrimônio, como é denunciado pela Folha de S. Paulo. Como tem um partido pequeno, para governar vai fazer acordos com o PMDB, PSDB, PP, ou seja como toda essa corja corrupta.

Em segundo lugar, Bolsonaro já assumiu um plano neoliberal para conseguir o apoio das grandes empresas. Já assumiu um plano de privatizações, de reformas contra os trabalhadores. Ou seja, Bolsonaro é a continuidade da corrupção e dos planos neoliberais que vem sendo aplicados nas últimas décadas.

Em terceiro lugar, Bolsonaro é um defensor da ditadura militar, dos torturadores. Os que não viveram a ditadura, não sabem que havia ainda mais corrupção que nos dias de hoje. O Andreaza, Ministro dos Transportes responsável pela construção da ponte Rio-Niteroi, era conhecido como “ministro 10%”. Não era muito divulgado porque existia uma brutal censura no país. Bolsonaro é um defensor da repressão ainda mais dura contra os trabalhadores.

Em quarto lugar, Bolsonaro é um machista que foi capaz de defender o estupro de uma deputada do PT. Um racista que defendeu que negros quilombolas “não servem nem para procriar”.

Bolsonaro, na verdade, é muito mais do mesmo. Mais corrupção, mais planos neoliberais, mais machismo, mas racismo.

Agora está sendo lançada a candidatura de Joaquim Barbosa, pelo PSB. Apesar de aparecer como algo novo, não por acaso, Barbosa é um candidato do PSB, que está em vários governos estaduais do PSDB no país, como em São Paulo. Agora, inclusive Marcio França, do PSB assumiu o governo de São Paulo, na medida em que Alckmin se lançou candidato à presidência. Barbosa é mais uma candidatura defensora dos planos neoliberais e “de tudo que está aí”, mas que aparece como “algo novo” para enganar os trabalhadores.

Falei sobre essas outras candidaturas, para voltar ao tema inicial. Existe uma alternativa sim, com as candidaturas do PSTU. Vera é uma operaria, com mais de vinte anos de lutas juntos aos trabalhadores. Hertz é um professor, com enorme trajetória na luta negra contra a opressão no país. Ambos são negros, como a maioria dos trabalhadores no Brasil, e assumem essa bandeira de luta contra a opressão. Ambos são socialistas, e defendem não apenas uma candidatura, mas uma revolução socialista no país. São as únicas candidaturas para realmente , “mudar tudo que está aí”. Não através das eleições, mas através de uma revolução. E vamos utilizar essa campanha para defender essa revolução.