Todas as organizações revolucionárias estão submetidas a tremendas pressões. Por isso, não podemos nos assustar quando surge nelas todo tipo de desvios. Nas seções da LIT, por exemplo, têm existido desvios burocráticos em sindicatos dirigidos por nossos camaradas. Têm ocorrido problemas morais envolvendo dirigentes, como casos de calúnias, roubo, machismo….

Nossas organizações não vivem em uma redoma de cristal. Estão submetidas a todas as pressões da sociedade capitalista em decomposição na qual vivemos, e por isso há muitos camaradas, e inclusive organizações, que sucumbem a essas pressões.
Mas nós não julgamos as organizações, nacionais ou internacionais, em função dos problemas que nelas existam, por mais grave que sejam estes problemas. Nós as julgamos pelo que elas fazem para enfrentar esses problemas.

Por exemplo, há uns quatro anos atrás, o PSTU atuava no sindicato dos Químicos de São José dos Campos. Um importante quadro do partido (chegou a ser da direção nacional do PSTU) estava na direção do sindicato. Este colega fez um acordo com a patronal para deixar a empresa em troca de uma importante quantidade de dinheiro. Isto é, vendeu à patronal o seu mandato sindical, que não era de sua propriedade, mas sim dos operários que tinham eleito.
A direção do PSTU, com o apoio da LIT, o expulsou de suas fileiras. É por isso que nós temos orgulho do PSTU. Não porque no PSTU não existam problemas. Temos orgulho de nossa relação fraternal com o PSTU e pela forma como o partido enfrenta esses problemas.

Agora, cabe que nos perguntemos: o que vai fazer a CST e a UIT com seus militantes que estão à frente do sindicato dos químicos? Que tipo de punição receberão por essa campanha de calúnias que realizam a nível nacional e internacional? Que punição receberão por falsificarem uma ata para tomar controle do dinheiro do sindicato? É impossível que façam alguma coisa porque é a CST, no Brasil, e a UIT, em nível internacional, que estão à frente dessa campanha de calúnias.

Constatar esta realidade doeu, mas não nos surpreendeu. Doeu porque não tínhamos perdido a esperança que essa organização internacional tivesse aprendido alguma lição de suas ações no passado. No início da década de 90, os atuais dirigentes da UIT estiveram entre os que, na Argentina, romperam com o MAS, o principal partido trotskista do mundo nesse momento, com uma metodologia stalinista. Para concretizar essa ruptura, ocuparam de forma violenta as sedes do MAS e se apropriaram delas. No Brasil, não ocuparam as sedes, mas também utilizaram uma metodologia depreciável: para dividir o partido construíram uma fração secreta.

A UIT, que se constituiu após estes fatos, nasceu marcada por esta metodologia do “vale tudo”.

Um chamado à reflexão
Até pouco tempo atrás, a direção da UIT reivindicava a LIT, apesar de muitas diferenças. Durante vários meses estivemos diante da possibilidade de unificar nossas organizações. Agora, a UIT está à frente, em nível internacional, de uma campanha de coleta de assinaturas para denunciar a LIT e o PSTU como organizações de traidores.

Perguntamos a eles: Como é possível que em tão pouco tempo uma das mais importantes organizações trotskista-morenista do mundo se tenha transformado em uma organização de traidores? Como é possível que essa mudança tenha se dado sem a existência de uma feroz luta fracional no interior destas organizações? Qual é a explicação marxista que a direção da UIT dá a essa transformação? Nenhuma. Limita-se a juntar assinaturas para condenar os “traidores” do PSTU, LIT e a CSP-Conlutas.

O PSTU tem levado a público os fatos ocorridos no Sindicato dos Químicos. Qual tem sido a resposta da CST e a UIT? Nenhuma. Limitou-se a seguir denunciando, alegremente, os “traidores” do PSTU, da LIT e da CSP-Conlutas.

Como é possível a UIT não responder às graves acusações que estamos lhe fazendo? Desafiamos a direção da UIT que se pronuncie sobre o que estamos dizendo.
Afinal, é verdade ou mentira que, entre os trabalhadores químicos e nas eleições sindicais desse sindicato, não havia nenhum militante da suposta “chapa do PSTU/ LIT”? É verdade ou mentira o questionamento de um importante número de dirigentes sindicais sobre a condução da maioria do sindicato, que é da CST/UIT? É verdade ou mentira que esta direção foi questionada, entre outras coisas, porque falsificou a ata de uma assembleia que não existiu para tomar o controle do dinheiro do sindicato?
É verdade ou mentira que a CSP-Conlutas e o PSTU propuseram à maioria da direção formar uma chapa unitária, eleita democraticamente na base, para enfrentar com mais força a patronal que queria demitir vários dirigentes do sindicato.

É verdade ou mentira que os militantes da CST se negaram a formar uma chapa unitária e democrática para enfrentar as demissões da patronal? É verdade ou mentira que, no momento em que dois membros da oposição apresentaram uma ação à Justiça, que poderia chegar prejudicar muitos colegas, o PSTU e a CSP-Conlutas afirmaram que era preciso defender todos os colegas e que, portanto, tinham que retirar essa ação? É verdade ou mentira que a partir da intervenção da CSP-Conlutas e do PSTU, toda a oposição concordou com essa proposta e que os dois colegas retiraram sua ação na Justiça? É verdade ou é mentira que a oposição, o PSTU e a CSP- Conlutas, frente à campanha de calúnias, propuseram que se faça uma assembleia para restabelecer a verdade? É verdade ou mentira que a maioria da direção do sindicato se negou a convocar a essa assembleia?

A direção da UIT tem a obrigação de responder a essas perguntas, pois, ao não respondê-las, a própria UIT estará se condenando como uma organização de caluniadores.

Os colegas e amigos da UIT, que assinaram a campanha contra o PSTU e a LIT, sem ter um real conhecimento dos fatos, devem fazer uma reflexão sobre o que fizeram. Ninguém pode ser criticado por assinar uma determinada declaração por confiança política. Mas, o que estão assinando, não é uma simples declaração. É uma campanha de calúnias inadmissível que atenta contra a moral proletária.

Após ler essa declaração os colegas que, com sua assinatura, respaldaram essa campanha de calúnias saberão como proceder. Àqueles que continuarem opinando que as denúncias contra o PSTU e a LIT são verdadeiras, pedimos apenas – ou melhor, exigimos – que respondam às perguntas mencionadas acima dirigidas à direção da UIT.

Comitê Executivo – LIT-QI

Maio de 2012

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