Quando os imperialismos francês e alemão votaram a resolução 1441 no Conselho de Segurança da ONU, que autoriza a agressão imperialista, buscavam negociar em melhores condições a ocupação norte-americana do Iraque. Sabiam que já estava lançada a armadilha, pois, independente do resultado das inspeções, o Iraque estaria descumprindo a resolução.
No meio tempo, Chirac vazava para a imprensa o plano francês: ampliar o período de inspeção e ao mesmo tempo ocupar o Iraque com uma força multinacional da ONU. Ou seja, em vez de um protetorado norte-americano, protetorado “multilateral”.
A essência da resistência alemã e francesa sempre foi o resguardo de seus interesses imperialistas. Neste marco, impedir o aumento da dependência européia da importação de petróleo e impedir que os “petrodólares” tenham como único destino os bancos ingleses e americanos.
Não faz muito tempo que as negociações entre alemães e americanos resultaram na “harmonia” inter-imperialista: no Afeganistão, enquanto a maioria das tropas “pacificadoras” são da Alemanha, o gaseoduto é construído pela empresa norte-americana Unocol.
À parte os reais interesses econômicos em jogo, a onda de mobilização que invadiu a Europa é a grande responsável de que Chirac e Schroider se vejam obrigados a opor mais resistência aos planos de Bush.
Em verdade o novo elemento qualitativo que impõe limites cada vez mais estreitos aos imperialismos europeus é o espetacular rechaço à guerra das massas e as maiores mobilizações da história contra uma agressão imperialista.
“Não vejo como um líder pode pretender ir à guerra, quando tem a maior parte da população e maior parte do próprio partido contra ele” dizia um parlamentar fiel ao primeiro-ministro britânico Tony Blair, provavelmente a primeira “vítima” política na Europa que irá para a sarjeta por conta da guerra.
Este ambiente explica o fato de que a conservadora CES (Confederação Européia de Sindicatos) marque uma greve européia de 15 minutos e a central sindical grega tenha chamado uma greve de um dia por ocasião da reunião da OTAN em Atenas.
Esta situação inviabiliza os planos de Chirac de um protetorado “multilateral” que resguarde os interesses da França e tensiona as relações entre os distintos imperialismos.
Post author
Publication Date