“O modelo de “industrialização” implantado no Estado que tinha como objetivo tornar-se um pólo de dinamização econômica da Amazônia Ocidental, não cumpriu seus objetivos após 34 anos de existência – apesar de uma imensa massa de renúncia fiscal. Pensamos que o verdadeiro desenvolvimento do Estado ocorrerá com o redirecionamento dos recursos hoje empregados nas isenções fiscais para financiar a industrialização no meio rural – investindo em eletrificação, aproveitamento das hidrovias e construção de portos que possam servir de base para o escoamento da produção.

No entanto, apenas medidas locais não seriam suficientes. Teríamos que combinar o esforço local com medidas duras e de ruptura com o atual modelo econômico adotado no País. Assim, defendemos a estatização do sistema financeiro, pois isso permitiria baixar os juros, terminar com especulação financeira e centralizar a política de investimentos como única medida que poderia proporcionar crédito barato e acessível às camadas menos favorecidas e garantir uma política de financiamento ao pequeno e médio produtor, contemplando-os com apoio técnico e cientifico e aproveitando ao máximo as potencialidades regionais, como as férteis terras de várzea.

Com o não pagamento da dívida externa, o País poderia investir mais nas instituições de pesquisas, ampliando-as e remunerando melhor os pesquisadores. Com a alocação de parte do dinheiro da dívida reorientada para o desenvolvimento do País, em vez de pagar banqueiros poderíamos pensar em investir fortemente em pesquisas biotecnológica, inclusive sob o controle das organizações do movimento indígena, dos ribeirinhos, dos seringueiros, entre outras, para aproveitamento da biodiversidade, impedindo que multinacionais se apropriassem das nossas matérias-primas e transformassem o nosso povo em mão-de-obra barata. Hoje, segundo algumas estimativas, o mercado que envolve esses produtos deve ultrapassar aos US$ 500 bilhões por ano – um mercado que alia saúde, prazer e rejuvenescimento.

Defendemos a reestatização das empresas privatizadas, como a Companhia de Águas e a distribuidora de Energia Elétrica. É a forma de garantir que o poder publico tenha autoridade para dizer quais são os critérios e onde se deve investir para promover o desenvolvimento que atenda os interesses da maioria da população.

Mas, antes de tudo isso, é preciso barrar o acordo da Alca (Área de Livre comércios das Américas), um negócio ruim que não poupará nem mesmo as “industrias” da ZFM, pois um dos itens do acordo impede os subsídios e as medidas de compensação, por parte dos governos, nos seus respectivos países.”

Jornal a crítica de 180802