Os trabalhadores elegeram Dilma sem grande entusiasmo e espectativa. Não têm expectativas de grandes mudanças, apenas buscam defender as pequenas conquistas como emprego (mesmo precarizado), o Bolsa Família e os reajustes no salário mínimo. Os trabalhadores não acreditam em nova crise econômica, apostando nas promessas do governo com a exploração do pré-sal, os investimentos no país com a Copa e a Olimpíada…
No entanto, essa é uma hipótese. Existem outras.

Uma crise no horizonte
Neste momento está em curso uma terceira fase da crise econômica internacional. A primeira foi a de 2008, que beirou a depressão de 1929. A segunda foi a das enormes injeções de capital dos governos nas grandes empresas para frear a crise.

Conseguiram estancar a crise, a um fantástico custo de 25 trilhões de dólares.
Não se resolveu nenhum dos problemas estruturais com essa grande manobra. Ao contrário, foi criada uma nova e gigantesca bolha especulativa com os créditos dados aos grandes bancos. Mas a crise foi freada, o que mais importava para os governos.
A terceira fase foi inaugurada com a crise europeia e a combinação de vários fatores que devem servir de lição para os trabalhadores brasileiros. Tanto os governos de direita como os de “esquerda” (a social-democracia) impõem planos duríssimos contra os trabalhadores, como na Grécia (governada pela social-democracia) e na França (por Sarkozy, de direita).

Perante esses ataques, existe uma grande reação dos trabalhadores, ao contrário da primeira e da segunda fases. Grandes mobilizações de rua e greves gerais começam a se tornar comuns na Europa. Apesar de bloqueadas por direções burocráticas, as lutas mudaram o panorama social e político do continente europeu.

Existe ainda grande desigualdade na economia dos países imperialistas: EUA, Japão e Alemanha ainda seguem crescendo, enquanto a maior parte da Europa está em franca desaceleração. Os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) seguem crescendo, mas dependem da evolução do conjunto para seguirem adiante.

Existem duas possibilidades em aberto: ou a dinâmica atual se mantém, com um crescimento mundial anêmico, ou EUA, Japão e Alemanha também entram em desaceleração, se impondo uma nova recessão mundial, como em 2008.

O Brasil então é parte integrante da evolução da economia mundial como um todo. Nossa economia é completamente controlada pelas multinacionais. Caso a crise europeia se estenda, o Brasil será fortemente golpeado. Essa dinâmica é muito mais forte que as rendas com o turismo geradas pela Copa e a Olimpíada.

Não é por acaso que agora, passadas as eleições, o governo está discutindo como reviver a proposta da CPMF e uma nova reforma da Previdência. Aproveitando-se do inevitável apoio inicial, o novo governo, pelas notícias da imprensa, já estaria planejando uma reforma para aumentar a idade de aposentadoria.

Não a uma nova reforma
Durante as eleições, alertamos que tanto Serra como Dilma representavam alternativas da burguesia. Agora, já definido o resultado, respeitamos os trabalhadores que votaram em Dilma, pensando em ter uma aliada no governo. Eles terão de fazer sua própria experiência para ver que o novo governo não estará a seu lado, mas sim atacando seus direitos.

O governo Dilma vai atacar os direitos dos trabalhadores como nunca, porque vai utilizar seu prestígio para impor os planos da grande burguesia. Caso venha a crise econômica, os ataques terão de ser bem maiores que os aplicados no governo Lula, mas sem Lula.

O PSTU propõe a todas as organizações sindicais e populares uma grande mobilização unitária para evitar uma reforma da Previdência no país que aumente a idade das aposentadorias. É importante que as entidades representativas dos aposentados, que já tiveram um papel tão importante em outras mobilizações, estejam na vanguarda dessa luta. Chamamos também as centrais governistas para essa luta em defesa dos interesses dos trabalhadores. Queremos exigir do novo governo eleito que não ataque mais uma vez os futuros aposentados para dar dinheiro aos bancos.

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