As negociações para uma possível aliança eleitoral para a prefeitura de Belo Horizonte envolvendo o PT e PSDB estão causando uma grande discussão sobre o futuro dos dois partidos. Os principais defensores da aliança são, pelo lado tucano, o governador do estado, Aécio Neves e, do lado petista, o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel. A aliança se daria em torno de algum nome de um partido laranja, como o PSB.

A coligação serviria para aproximar ainda mais as duas legendas para as eleições presidenciais de 2010, viabilizando o nome de Aécio para a sucessão de Lula. O tucano é uma das alternativas vislumbradas pelo PT para as eleições, ao lado da atual ministra chefe da Casa Civil Dilma Roussef, que até já cumpre uma agenda de candidata.

O projeto enfrenta certa resistência dos dois partidos. Tal pressão, no entanto, vem mais das disputas entre grupos no interior dos partidos do que uma real oposição entre PT e PSDB.

Sinal verde para coligações
Diante da grande repercussão que as articulações de Belo Horizonte tiveram na mídia, o PT convocou, para o último dia 24, uma reunião de seu Diretório Nacional para regulamentar as alianças eleitorais. Apesar do discurso dos dirigentes, principalmente do presidente do partido, Ricardo Berzoini, rejeitando alianças nacionais com a oposição ao governo, na prática o Diretório deixa o caminho livre para a aproximação com os tucanos. “Não há veto a priori”, afirmou Berzoini.

A direção do PT aprovou que as alianças com partidos de oposição devem ser aprovados pelas direções estaduais, passando pela Executiva Nacional os casos das cidades com mais de 200 mil habitantes. Apesar da atual polêmica, as coligações entre os dois partidos não é nenhum novidade. Em 2004, alianças entre PT e PSDB elegeram 177 prefeitos em todo o país. Desses, 51 contaram com um candidato a prefeito de um partido e o vice de outro, e vice-versa.

Na resolução sobre eleições aprovada na reunião, o PT enfatiza que as eleições de 2008 são marcadas por questões meramente locais, justificando as alianças com os tradicionais partidos de direita. Até mesmo o dirigente petista Valter Pomar, identificado com o que era a “esquerda” do PT, justifica as alianças. “Em muitas cidades existem alianças com o PSDB e o DEM, que são realmente municipais e não têm a pretensão de se nacionalizar”, afirma ao jornal Valor Econômico.

Aproximação inevitável
O avanço da aproximação entre PT e PSDB expressa a similaridade programática entre os dois partidos. Era inevitável que, cedo ou tarde, esse processo avançasse a um candidato a presidente comum, posto que Aécio quer ocupar. Hoje, os dois partidos defendem e governam segundo os princípios neoliberais.

A oposição entre os governos ocupados pelo PSDB e PT dilui-se a cada dia. Exemplo disso, além da aproximação entre a prefeitura petista de BH e o governo tucano de Minas, foi a recente tentativa de privatização da Cesp pelo governo de José Serra (PSDB-SP). O governo federal colocou todos os seus esforços para ajudar Serra a leiloar a estatal.

Não será nenhuma surpresa se, em 2010, os petistas saírem às ruas com o lema de “Aécio lá”.