O PT ainda está pagando as despesas de toda a lama que atingiu o partido, o governo e o Congresso nos últimos meses. E as conseqüências não se restringem às desfiliações, rupturas e descredibilidade do partido junto à classe trabalhadora. Também há um preço em dinheiro a ser pago para calar a boca de Delúbio e Marcos Valério, que estão chantageando o PT, e para substituir a grana que vinha do valerioduto que secou.

O recém eleito presidente do PT, Ricardo Berzoini anunciou no dia 29 de outubro uma audaciosa campanha financeira, segundo ele, para “suprir dívidas”. A campanha ocorrerá de 13 de novembro a 13 de dezembro. A meta é chegar a uma arrecadação de até R$ 13 milhões, contando para isso com uma ilusória massa militante. Para arrecadar o dinheiro, o PT conta com a atuação de 13 mil lideranças petistas em todo o país. Pelas contas de Berzoini, “se cada liderança arrecadar R$ 1 mil, será possível atingirmos a meta“.

É uma idéia um tanto mirabolante, tendo em vista que a “massa militante” da qual o partido espera contribuições só compareceu ao processo eleitoral interno mediante um operativo de voto de cabresto, com vans para buscar todos em casa e pagamentos das taxas dos filiados realizados pelos dirigentes de cada região. Muitos não sabiam em quem tinham votado ou mesmo que eram filiados ao partido.

A menos que as “lideranças” banquem as contribuições dos seus bolsos (ou de seus mensalinhos), como foi feito nas eleições internas, será difícil atingir o sucesso esperado. Berzoini parece não perceber que aquele PT militante das origens, um partido cujos ativistas faziam questão de sustentar financeiramente, não existe mais. Em seu lugar, existe hoje um PT dependente dos cargos em prefeituras e mandatos parlamentares, financiado por empresários e pelo próprio desvio de dinheiro público através de mensalões e valeriodutos.

A ironia é que, agora, o PT recorre aos militantes para tentar garantir o dinheiro que vai pagar Delúbio e Marcos Valério para que estes não revelem mais fatos sobre os desvios de dinheiro que o PT realizou.

Para não ter rabo preso
O PSTU não recebe e nem quer receber dinheiro da burguesia, do latifúndio, ou da corrupção para se sustentar. O PSTU se orgulha de manter-se exclusivamente através das contribuições dos trabalhadores. Isso porque acreditamos que a independência política começa com a independência econômica.

O PT perdeu sua independência financeira muito antes de chegar ao governo, já quando suas campanhas passaram a ser financiadas pela burguesia. A militância petista já perdia, naquela época, o hábito de sustentar o partido. Agora, a campanha financeira se tornou para o PT uma medida emergencial para um momento de crise. A experiência do PT é um retrato da adaptação de um partido de origem operária ao aparato burguês. Não queremos repetir essa história.