A cidade de Porto Alegre novamente será palco dos debates do Fórum Social Mundial (FSM).

Em meio a forte onda de calor que atinge o estado do Rio Grande do Sul, se iniciam na tarde de hoje (24), com a tradicional Marcha de Abertura na Av. Borges de Medeiros, os debates do processo FSM, que esse ano se diferencia por possuir uma temática pré-definida e servir como fase preparatória para a “Cúpula dos povos”, que acontecerá paralelamente a Rio+20 em junho de 2012.

O chamado Fórum Social Temático (FST) foi convocado sob a pauta “A crise capitalista, justiça social e ambiental” e acontece em um momento emblemático para a classe trabalhadora e os povos oprimidos de todo o mundo.

Os reflexos de um ano que ainda não terminou

O debate proposto pela direção do FSM é o reflexo da situação revolucionária a nível internacional, que se aprofundou durante o ano de 2011. Vivemos nos últimos doze meses com a crise econômica, as revoluções no mundo árabe e no norte da África e o boom da guerra social na Europa, as maiores transformações sociais que o mundo viu desde a queda do Muro de Berlim.

Com certeza esse foi um ano impossível de esquecer, principalmente, pois, essa ebulição social foi protagonizada por dois atores centrais: a juventude e a classe trabalhadora.

Mesmo com a falência dos seus antigos instrumentos de luta, a heroica resistência dos explorados aos ataques das diferentes burguesias e do imperialismo surpreendeu a todos e trouxe novamente a perspectiva da revolução enquanto saída para crise e a necessidade de fortalecermos a organização independente da classe trabalhadora no mundo inteiro.

A incapacidade do processo FSM

Não é segredo para ninguém que o FSM há tempos não consegue responder as necessidades de organização dos que lutam contra o capital. Isso acontece, pois sua direção preferiu seguir o caminho da institucionalização dos movimentos sociais, se ligando diretamente ao aparato estatal. Somente nesse ano, a prefeitura de Porto Alegre comandada por José Fortunatti (PDT), investiu cerca de R$ 2,5 milhões no evento.

Além disso, o fórum é patrocinado por diversas prefeituras da região metropolitana e os governos estadual e federal e conta também com o financiamento da Petrobrás e de instituições financeiras com o Banrisul e o Badesul Desenvolvimento.

Frente a essa situação, a audiência do FSM cai cada vez mais entre os velhos e os novos ativistas do movimento social, que surgem nas lutas de enfrentamento com os mesmos governos e empresas que hoje patrocinam o evento. Apesar da certa “radicalização” no discurso do FST, o grande centro dos debates não será a luta dos indignados europeus nem a revolução da Praça Tahir e sim o encontro entre os executivos de diferentes governos. A atividade mais aguardada do fórum esse ano é o debate entre Dilma e o presidente do Uruguai, José Mujica.

Fortalecer as lutas da classe trabalhadora

É com esse espirito que a militância do PSTU vai ao FST, pois acreditamos que a saída para a crise capitalista passa por fortalecer as lutas que estão em curso nesse momento, como a batalha dos moradores do Pinheirinho em SJC e as lutas contra o aumento das passagens, que enfrentam forte repressão em diversos locais do país. Na tarde de ontem demos o primeiro passo, construindo com mais de 30 entidades um ato contra o massacre feito pela polícia de Alckimin e Cury (PSDB).

Junto com a CS (Construção Socialista – organização da qual estamos em processo de discussão), vamos fortalecer uma agenda alternativa durante o evento em conjunto com a CSP-Conlutas, a ANEL e diversas entidades independentes como o CPERS e o DCE da UFRGS, além dos movimentos de luta contra a opressão, principalmente o LGBT e negro, que realizarão importantes atividades.

Queremos apresentar o socialismo enquanto alternativa para todos os ativistas que vão participar do FST, chamando os participantes a não depositarem confiança nos governos que aí estão. Com um perfil independente, internacionalista e de classe é que podemos transformar nossos sonhos em realidade, seguindo o exemplo das revoluções que sacudiram o mundo em 2011.