Dirceu Travesso preso na greve

O PSTU colocou sua campanha a serviço das greves que sacudiram o país. Nós nos orgulhamos de ter utilizado o pouco tempo na TV para divulgar, entre outras, a greve bancária.

Dirceu Travesso, candidato a prefeito em São Paulo e dirigente da Oposição Bancária, foi quem defendeu a greve, contra a tentativa de acordo da direção do sindicato com banqueiros. Depois, foi preso três vezes na greve. Cyro Garcia, candidato a vereador no Rio e líder da Oposição, propôs a greve bancária contra a direção do sindicato.

Luís Carlos Prates, o Mancha, candidato a prefeito de São José dos Campos (SP), foi também a direção da greve de um dia da General Motors, que levou à vitória da campanha salarial.

Atenágoras, presidente licenciado do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém (PA), dirigiu a heróica greve de 15 dias, em plena campanha.

Esses são alguns dos inúmeros exemplos de nossa campanha eleitoral a serviço das lutas. Em todo o país isto se repetiu. Enquanto os outros candidatos e partidos se interessavam em ganhar votos, nós dedicamos todas as nossas forças às greves, a garantir os piquetes e passeatas.

Isso é uma característica deste partido de lutas. Fazemos isso porque achamos sinceramente que as eleições não resolvem nada, que só a luta muda a vida. Para nós, um partido revolucionário, as lutas diretas dos trabalhadores e da juventude são os elementos centrais. A ocupação de espaços como a eleição de um parlamentar, ainda que importante, só pode servir para reforçar isto que é central.

As eleições serviram também para discutirmos com os trabalhadores como o governo Lula e a oposição de direita são farinha do mesmo saco, e têm as mesmas propostas neoliberais. Denunciamos a Alca e o FMI e utilizamos nossos panfletos e programas na TV para alertar que todas as promessas dos partidos são pura mentira, se não houver ruptura com o imperialismo.

Tivemos pouquíssimo tempo de TV, em geral menos de 10% do que o dos partidos majoritários. E esse tempo foi cassado pela Justiça burguesa, por candidatos incomodados com nossas verdades. Sofremos mais de 100 processos por nossa posição independente. Fomos excluídos dos debates da TV na maioria das cidades, completando o isolamento na mídia.

Fizemos toda a campanha com recursos dos próprios trabalhadores e jovens. Não temos e não queremos dinheiro da burguesia, que significa mais possibilidades eleitorais, mas também “rabo preso” com a classe dominante.

Tivemos 183.562 votos para prefeito, quase o dobro do que tivemos em 2000 (93.387) e o triplo de 1996 (63.599). O critério com que avaliamos a campanha não é centralmente o número de votos, mas o papel político cumprido.

Mas esses votos são motivo de orgulho, apesar de não termos eleito nenhum vereador nas maiores cidades. Tivemos candidaturas como a de Cyro Garcia, que teve 16.122 votos, sendo o 50º candidato mais votado. A Câmara do Rio de Janeiro tem 50 vereadores, mas a democracia burguesa funciona com mais uma regra antidemocrática, a do coeficiente eleitoral, que nos exigia 65 mil votos para eleger. Para se ter uma idéia, dez candidatos se elegeram com menos votos que Cyro.

O mesmo ocorreu com nosso candidato Júlio Flores em Porto Alegre. Júlio teve 5.610 votos, e foi o 300 vereador mais votado para as 36 vagas da Câmara. Mas foi excluído pelo coeficiente eleitoral.

Tivemos ainda bons resultados eleitorais em Belo Horizonte, Aracaju, Macapá, São
Luís, e em cidades operárias como São José dos Campos (SP) e Volta Redonda (RJ). Mas, antes de mais nada, o PSTU avançou como o partido das lutas.
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