Metroviários aprovam indicativo de greve
Foto: Sindicato dos Metroviários/SP

A partir do dia 1º de junho, a tarifa de ônibus, trens e metrô de São Paulo irá aumentar de R$3,00 para R$3,20 (um aumento de 6,7%), conforme anunciaram o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no dia 22 de maio.

O que irá aumentar também é o repasse de verbas feito pela prefeitura para as empresas de ônibus. Em 2012, o total repassado foi de R$1 bilhão, em 2013 a previsão é de que o repasse de verbas chegue a R$ 1,25 bilhão. Enquanto os empresários do transporte seguem lucrando em cima de um serviço que na verdade é um direito, a realidade dos trabalhadores é bem diferente: sufoco com a lotação dos meios de transporte, escassez de linhas de ônibus que atendem a periferia da cidade e viagens longas e cansativas para ir de casa ao trabalho.  A tarifa dos transportes que já era cara ficará ainda mais alta e o serviço continua o mesmo!

Ao mesmo tempo em que o aumento da tarifa é anunciado, o Governo Federal de Dilma Roussef (PT) decidiu zerar o PIS/Confins, impostos pagos pelas empresas de transporte sobre as passagens de ônibus, trens e metrô. Quem sai ganhando duas vezes são as empresas que gerem o transporte público, pois, além do aumento da passagem, terão mais subsídios por parte da prefeitura e o governo do estado e também desoneração de impostos, deixando de pagar tributos que poderiam ser revertidos em melhorias sociais.

Não é verdade, por sua vez, o discurso de Haddad e Alckmin, que o aumento é abaixo da inflação. A tarifa do metrô em 1995 era de R$ 0,80, se os reajustes fossem calculados de fato pela inflação, hoje custaria R$ 1,97. A mesma coisa acontece com os ônibus. No mesmo ano de 1995 a tarifa era de R$ 0,50. Pela inflação acumulada, hoje custaria R$ 1,71. O aumento da tarifa para R$ 3,20 é um absurdo! E será sentido no bolso dos trabalhadores junto da alta dos preços, encabeçada pelo setor de alimentos.

O serviço público deixado de lado e a resposta dos trabalhadores

Não é de hoje que os serviços públicos do estado e da prefeitura de São Paulo são deixados de lado. A lógica de precarização e privatização têm atingido todas as áreas. A resposta dos trabalhadores de São Paulo tem sido importantes mobilizações e greves que denunciam o descaso dos atuais governos de plantão com a Educação e a Saúde.

Professores estaduais e municipais, por exemplo, fizeram uma forte greve contra a política educacional do governo Alckmin (PSDB) e também de Haddad (PT) em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, por melhores condições de trabalho e melhores condições de ensino para as crianças que frequentam salas de aulas lotadas.

“O sufoco só aumenta! Alckmin, ninguém aguenta!”

Esse é o slogan dos metroviários de São Paulo na campanha salarial que já está na reta final na luta por salário, direitos e por um transporte público, estatal e de qualidade. A última assembléia da categoria realizada no dia 22 de maio indicou greve para o próximo dia 28 a partir da meia noite.

Após seis reuniões de negociação, a proposta de reajuste do Metrô e do governo de São Paulo segue ridícula frente à inflação do período e a valorização do trabalho dos metroviários. Em todos os setores da categoria houve amplo repúdio ao aumento da tarifa e à proposta apresentada por Alckmin e sua turma. A assembleia ratificou a disposição de luta dos metroviários com votação unânime pela greve. Ferroviários da CPTM, trabalhadores da Sabesp e eletricitários também preparam greve para o mesmo dia.

Como se não bastasse essa proposta rebaixada, a empresa ainda tenta implementar 1 hora a mais não remunerada na jornada de trabalho, a chamada intrajornada para refeição, sob desculpa de exigência do Ministério Público, quando, na verdade, o Metrô se esquiva de regulamentar a jornada de 8 horas diárias. O Metrô ainda tenta implantar a terceirização do trabalho na área da manutenção, já rejeitada e combatida pelos trabalhadores, não apresenta plano de carreira para esse setor, não dá a equiparação salarial para os metroviários que exercem mesma função, sendo que hoje há um déficit de funcionários nas estações que sobrecarrega o trabalho da operação: a hora extra já não é mais exceção, mas sim regra no cotidiano da categoria metroviária.

Atualmente, o metrô realiza cerca de 5 milhões de viagens por dia! O convívio com a superlotação e o assédios às mulheres nos vagões, escancaram ainda mais o assalto aos trabalhadores que o aumento da tarifa irá representar. A preocupação do governo estadual não é com o usuário e sim com sua arrecadação. Enquanto a política de incentivo ao transporte individual prevalecer, os trabalhadores que dependem do transporte público estão fadados ao sufoco e a tarifas abusivas.

O PSTU se soma ao Sindicato dos Metroviários de São Paulo e ao conjunto da categoria, que está na linha de frente da luta contra o aumento da tarifa, distribuindo uma carta aberta à população que denuncia a prática da prefeitura e do governo estadual, e estará junto aos movimentos sociais e a juventude nas mobilizações que estão por vir. O sindicato também está organizando uma petição pública online para ser encaminhada ao Ministério Público, para que este intervenha em mais um aumento da tarifa dos transportes. A Petição pode ser acessada aqui: petição.metroviarios.org.br

O sindicato também lançou um desafio ao governador. No dia da greve, os metroviários estão dispostos a trabalhar se o governo liberar as catracas para que a população use o sistema de graça! A greve, que pode parar São Paulo, é de responsabilidade do governo que está intransigente nas negociações com a categoria e não aceitou até agora o desafio proposto pelo sindicato.

As mudanças necessárias no transporte público

O PSTU apóia a campanha desenvolvida pelos sindicatos metroferroviários de todo o país pelos 2% do PIB para o transporte público. É necessário ampliar os corredores e linhas de ônibus da cidade, com a contratação de mais condutores e cobradores, investir na ampliação da malha metroferroviária, ampliar o quadro de trabalhadores do Metrô e da CPTM e, principalmente, subsidiar a tarifa para os trabalhadores e não para os empresários.

O PSTU soma forças à mobilização dos metroviários, ferroviários, eletricitários e trabalhadores da Sabesp, e faz um chamado as entidades sindicais, estudantis, movimentos sociais e ativistas a ir pra rua contra o aumento da passagem e em defesa do transporte público, estatal e de qualidade!

Atualização:

Em assembleia no dia 27 de maio, metroviários de SP rejeitaram a proposta do Metrô e indicam greve para o dia 4 de junho. Nova rodada de negociações, solicitada pela empresa, acontecerá no dia 3 de junho. A mobilização permanece.A proposta é ainda se unir a outras categorias que também estão em campanha salarial – Sabesp e CPTM – e aumentar a mobilização. Os trabalhadores também aprovaram que, durante esse período, não farão hora-extra e não usarão uniforme, substituindo pelo colete da campanha.

 

*Atualização em 28/05/13 às 13h30m