No domingo, dia 04, no primeiro compromisso de sua visita a países da América Latina, Paul O`Neill, secretário do Tesouro dos EUA, foi recebido com um protesto realizado por militantes e simpatizantes do PSTU, na porta do hotel Marriott, em Copacabana, na zona sul do Rio.

Assim como aconteceu durante a vinda da vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, o PSTU aproveitou a ocasião para denunciar as conseqüências do pagamento da dívida externa, a tentativa de recolonização proposta com a Alca e o a ameaça de um novo acordo com o FMI.

O`Neill, cercado por um forte esquema de segurança, deixou o local pouco depois e jantou com Pedro Malan, ministro da Fazenda e com Armínio Fraga, presidente do Banco Central. Na porta do hotel, os gritos de “Brasil, Colômbia, Argentina. Fora FMI da América Latina“.

No dia seguinte, a cena se repetiu em Brasília, com um novo protesto. O`Neill, que havia ocupado as manchetes dos jornais dias antes insinuando que os empréstimos do FMI ao Brasil são desviados para contas na Suíça, teve um encontro reservado com FHC e a equipe econômica. Além de tentar desfazer o mal-estar que obrigou um pedido formal de desculpas do governo norte-americano, O’Neill veio tratar da Alca.

O`Neill tinha nas mãos o `Fast-track`, instrumento aprovado no dia 28 de julho pelo Congresso dos EUA e que permite ao governo Bush estabelecer acordos comerciais com outros países – como o da Alca – sem a prévia autorização do parlamento. Depois, com o acordo já feito, o Congresso norte-americano não pode incluir emendas. Apenas aprovar ou rejeitar o conjunto do texto.

Era o que faltava para uma ofensiva ainda maior dos EUA sobre o acordo da Área de Livre Comércio, já que a partir de novembro, irão dividir com o Brasil a presidência das negociações, na estapa final para a implementação do acordo.

A visita de O`Neill ao Brasil terminou sem a garantia de um novo empréstimo e com uma revelação do caráter colonizador do acordo. Segundo o `Estado de São Paulo`, o documento aprovado pelo Congresso dos EUA orienta Bush a criar um `mecanismo consultivo` com os países para examinar mudanças câmbiais significativas. Ou seja, os países que tenham acordos comerciais com os EUA terão de consultar este órgão antes de mudar a taxa de câmbio. Esta mudança é exatamente o que vêm ocorrendo no Brasil nas últimas semanas, em uma tentativa desesperada de acalmar o mercado até as eleições.

Após uma entrevista coletiva na manhã de quarta-feira, o secretário norte-americano viaja para o Uruguai, onde os trabalhadores acabam de iniciar uma greve geral.