Mesa do debate sobre televisão
Wladimir Souza / Cromafoto

Evento debateu a importância do jornal do partido e sua relação com os demais veículos partidários. Evolução e recorde de visitas do Portal do PSTU foram apresentados no eventoAlgumas atividades políticas, ao seu final, deixam a militância do PSTU com uma sensação de orgulho de pertencer ao partido e com mais ânimo para atuar. Foi assim, por exemplo, nos atos e debates do Fórum Social Mundial e na marcha em Brasília. O 1º Seminário Nacional de Comunicação do PSTU, nos dias 1 e 2 de abril, também deixou aqueles que participaram com mais ânimo para militar, para colaborar com o jornal e com o Opinião Socialista. “Estou saindo do seminário bem diferente do que quando entrei e acho que todo mundo aqui sai assim também”, disse Jeferson Choma, da equipe do jornal, no encerramento do evento.

O seminário teve um público de cerca de 50 pessoas ligadas à área de comunicação, militantes do PSTU e convidados. A quantidade de regionais do partido presentes também foi representativa: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Natal, Aracajú, Campinas, São José dos Campos, Guarulhos, São Carlos, Jacareí, Ribeirão Preto, Nova Iguaçu e Volta Redonda. Com mesas de debates, painéis e oficinas, o evento foi um importante espaço para refletir sobre a comunicação do partido, estudar as concepções do marxismo, principalmente entre os bolcheviques, e reunir os militantes que atuam e estudam o tema.


Veja abaixo um resumo
das principais mesas do encontro

>> Imprensa operária
>> Criatividade na TV
>> A batalha na internet
>> Muralhas da linguagem
>> Opinião Socialista
>> Oficinas


  • Imprensa operária
    A primeira mesa do seminário, “Concepção de imprensa operária” contou com Alvaro Bianchi, professor de Ciência Política da Unicamp e ex-editor do Opinião Socialista, Eduardo Almeida, editor do Opinião Socialista e da direção nacional do partido, e Cecília Toledo, da revista Marxismo Vivo. Esta primeira mesa norteou os debates de todo o seminário, demonstrando que todas as atividades de comunicação – Internet, TV, jornal, rádio, boletins – devem ter como premissa uma concepção leninista de imprensa e de partido.

    Álvaro ressaltou em sua exposição a importância da concepção leninista de jornal. Para Lênin, o jornal partidário era um agitador, um propagandista, mas principalmente um organizador coletivo, constituindo um órgão central da organização. Não é à toa que, segundo contou Bianchi, uma das questões decisivas para a divisão entre bolcheviques e mencheviques foi o controle da redação do jornal. Analisando o papel que os bolcheviques apontavam para o jornal e sua relação com o partido, Àlvaro afirmou ainda que “a discussão sobre a concepção de jornal é a discussão sobre concepção de partido que queremos”. Ele avançou na discussão sobre o termo organizador, refletindo que isso significa não só que o jornal é o centralizador da política do partido, mas, principalmente um instrumento de democracia interna, levando-se em conta o caráter de elaboração coletiva que tem a participação dos correspondentes.

    Eduardo Almeida afirmou que essa concepção leninista do jornal partidário é atual, já que os outros meios de comunicação utilizados pelo PSTU atualmente, tais como panfletos, revista de formação, internet, não cumprem esse importante papel organizador.

    Cecília Toledo concentrou sua exposição na contribuição de Trotsky, principalmente em relação à linguagem e expressa, infelizmente em poucos escritos. Se Lênin elaborou tão bem a teoria sobre a concepção de imprensa revolucionária, Trotsky foi quem melhor a aplicou escrevendo para os jornais. Os jornais produzidos por Trotsky, antes de 1917, eram mais vendidos do que os do Partido Bolchevique, em boa parte devido a linguagem e ao cuidado com o que seria publicado. Em um trecho do livro “Questões do Modo de Vida”, o revolucionário russo alerta: “Caros colegas jornalistas, o leitor suplica-vos que evitem dar-Ihes lições, fazer-Ihes sermões, dirigir-lhe apóstrofes ou ser agressivos, mas antes que lhe descrevam e expliquem clara e inteligivelmente o que se passou, aonde e como se passou. As lições e as exortações ressaltarão por si mesmas”. O apelo permanece atual.


  • Criatividade na TV
    A mesa da tarde de sábado “Dez anos de criatividade na TV” contou com a jornalista Mariucha Fontana, da Direção Nacional e responsável pelos programas de TV e rádio do partido, e José Eduardo Braunschweiger, o Zeca, responsável pelos programas do Rio de Janeiro.

    Houve a exibição de programas de TV nacionais desde 1998 e dos programas de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O uso do humor e da criatividade para aproveitar o pouco tempo disponibilizado ao partido na televisão foi ressaltado. Mariucha afirmou “que para conseguir passar uma mensagem nesse meio em 30 segundos, em média, o partido teve que buscar uma linguagem próxima a de um comercial, de trabalhar em cima de um único conceito”.

    Também foi discutida a importância dada pelo PSTU a este espaço para divulgar as campanhas e lutas da classe trabalhadora, como o plebiscito nacional sobre a Alca ou greves nacionais como a dos bancários, e a importância de seguir produzindo materiais nos períodos entre as eleições, para formação política e campanhas de mobilização.


  • A batalha na internet
    A mesa ocorrida na manhã do domingo, dia 2, “A batalha na Internet” foi apresentada por Gustavo Sixel e Yara Fernandes, jornalistas do Portal do PSTU, e por Roberto Muniz Souza, responsável pelo boletim eletrônico do PSTU e pelo atendimento aos filiados.

    Gustavo apresentou um histórico da internet, desde o surgimento da rede Arpanet, no final dos anos 60, financiada por militares dos EUA, a influência da contracultura em sua concepção, até a popularização da rede e a entrada das empresas, nos anos 90. Foi ressaltado o uso do novo meio pelas organizações e movimentos de esquerda e que a resistência não se dá somente através de apresentação de conteúdos alternativos em portais, listas e outras formas de publicação, mas também há uma batalha tecnológica e curso, tendo seu maior exemplo no desenvolvimento de software livre.

    Yara mostrou o desenvolvimento da participação do PSTU na internet, desde as primeiras páginas do partido, publicadas a partir de 1997. Foram comentadas as mudanças ocorridas na última reformulação, em janeiro de 2005, quando as atualizações passaram a ser constantes e foi adotado um formato de portal de notícias. O crescimento impressionante observado desde então foi exposto em gráficos. Em março, o portal atingiu o recorde de 597 mil visitas. Foi feita, entretanto, a ponderação de que tais dados referem-se a visitas e não a pessoas, já que há pessoas que visitam o portal várias vezes por mês e mesmo por dia. Também foi destacada a urgência em traçar o perfil destes visitantes, identificar como estas pessoas navegam pelo portal, e estreitar as relações políticas.

    Roberto mostrou que esse crescimento de visitas também provocou um aumento no número de filiações e cadastros para recebimento de boletins através do portal. Os números demonstram que o portal é um importante instrumento de aproximação das pessoas ao partido, de divulgação da política, de formação da militância. Entre os participantes, alguns lembraram que o primeiro contato com o partido tinha sido ‘virtual’, através da página e de listas de discussão.

    No entanto, todos foram enfáticos na constatação de que ele não substitui o jornal, que segue sendo não só o principal órgão de comunicação do partido, mas um organizador e a principal ferramenta de construção, como foi dito na primeira mesa. Por isso, entre os diversos passos a serem dados no portal no próximo período – como a implementação de recursos de interatividade e uma maior atualização de conteúdo -, o principal deles é estabelecer uma relação de vínculo permanente entre a internet e jornal, que potencialize este último.


  • Muralhas da linguagem
    O painel “Muralhas da linguagem” ocorreu na tarde de domingo com Vito Gianotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação, autor de diversos livros sobre linguagem e imprensa sindical, incluindo o que deu nome ao painel. Vito iniciou dizendo que inicialmente não poderia vir ao seminário por conta de outros compromissos, mas fez questão de participar por ser um evento do PSTU. Afirmou ainda que o jornal Opinião Socialista é muito bonito e tem um bom conteúdo, mas ressaltou que os problemas de linguagem que ele aponta em seus livros certamente estão presentes na redação do Opinião. Vito deu diversos exemplos de termos comuns aos militantes, mas que causam espanto no leitor. Entre elas, as expressões ‘tirar apoio’, que pode facilmente ser confundido com retirar, em vez de aprovar o apoio à algo.

    `VitoNuma apresentação agradável e bem humorada, Vito colocou a necessidade de uma linguagem acessível à maioria da população. Diante da constatação do próprio MEC de que 81% da população do país não concluiu o segundo grau completo e de que a idade média escolar no país é de 5 anos, é preciso ‘traduzir’ a linguagem dos materiais jornalísticos destinados aos trabalhadores. “Se eu estou na Arábia, eu tenho que falar árabe para que me compreendam. Isso não significa que estou rebaixando a linguagem, mas traduzindo”, explicou Gianotti.


  • Opinião Socialista
    A última mesa “O Opinião Socialista e a comunicação do PSTU” teve um caráter de encerramento, contando com as explanações de Jeferson Choma, do Opinião Socialista, e de Cilene Gadelha, da Direção Nacional do PSTU.

    Um dos principais temas abordados foi a necessidade de mudar a relação da militância do PSTU com o jornal, de forma a aproximar mais esta relação, tentando cada vez mais fazer com que este instrumento seja de fato um “organizador coletivo”.

    Todos foram convidados a colaborar de forma permanente com o jornal. Foi dito também que esta rede precisa se expandir para além dos que participaram do seminário. Cada um que estiver organizado em uma categoria, que participa de uma greve ou mobilização, deve se convencer que não só pode como deve enviar contribuições e relatos e que esta é uma tarefa tão importante quanto as demais.

    Essas contribuições podem ser desde textos prontos, até simples relatos informativos, fotos, sugestões de pauta, reclamações, críticas e sugestões, tudo que possa melhorar o jornal, o portal e os demais materiais. Resgatando a importância que Lênin dava aos correspondentes, a discussão confirmou que estes garantem que o jornal tenha mais vida, reflita mais a cara da vanguarda e de suas lutas e mantenha uma abrangência nacional.


  • Oficinas
    O seminário também foi uma oportunidade de trazer aos participantes conhecimentos sobre algumas áreas específicas da comunicação, através das oficinas realizadas no sábado à noite. Os participantes se dividiram entre as oficinas de fotografia, ministrada por Wladimir Souza, da Agência Cromafoto, a de Televisão, oferecida por Adelson Munhoz, da produtora Movietrack, que produz os programas nacionais do PSTU, a de Imprensa Sindical, coordenada pela jornalista Ana Cristina da Silva, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, e a de Planejamento Visual, com Rogério Marques, designer que atua na imprensa sindical de Natal (RN).

  • Visite a página especial do seminário e baixe os textos para estudo

  • Ouça um trecho da palestra de Vito Gianotti sobre linguagem (.MP3 – 500kb)