O PSTU realizou uma grande plenária de apresentação reunindo trabalhadores da construção civil, neste dia 5 de julhoLogo no início, para quebrar o gelo e a timidez, cada um dos mais de cem trabalhadores presentes na reunião se apresentaram aos outros participantes. Em cada fala havia um enorme orgulho de relatar suas lutas, de como arrancaram suas vitórias e derrotaram os patrões. A grande maioria dos trabalhadores eram da construção civil que vieram de Belém, Fortaleza e São José dos Campos. Mas estavam presentes também trabalhadores rodoviários de Macapá e urbanitários de Goiás.

A reunião foi um grande momento para todos. Pela primeira vez os trabalhadores da construção civil de diferentes partes do país puderam se encontrar e trocar experiência sobre suas lutas e greves. Foi emocionante assistir os operários da Revap, de São José dos Campos, frente a frente com os trabalhadores de Fortaleza relatando suas greves, se conhecendo e percebendo que apenas com suas lutas suas vidas puderam mudar. Muitos participavam pela primeira vez de um Congresso dos trabalhadores.

Embora poucas, chamou muita a atenção a presença de mulheres na plenária. Uma delas é Ana Lucia, que trabalha no acabamento de obra em Belém. “Tô muito animada e vou voltar para falar para os meus companheiros sobre o que aconteceu aqui”, diz. Ela relata que teve que enfrentar o machismo na categoria, formada em sua maioria por homens, e diz que só foi respeitada depois que assumiu uma função de risco no canteiro de obras. “Muitos colegas, dizem sobre o meu trabalho: ‘eu sou homem, mas tenho medo de subir lá em cima como você´. Foi com o meu trabalho que ganhei respeito dos companheiros”, disse ela.

Um operário do Ceará disse que quase perdeu o emprego para vir ao congresso. Mas o risco valeu a pena. “Eu vi muita gente animada aqui. Tenho fé que só a nossa luta pode fazer com que nossa vida melhore”.

Outro, de Belém, que decidiu entrar no PSTU, mandou um recado: “Depois desse congresso, temos muito a dizer aos trabalhadores. Os patrões podem nos esperar, porque nós vamos lutar”. Para ele a militância no sindicato, embora importante, não era suficiente. “Para transformar a sociedade é preciso uma ferramenta, que é o partido”, disse.

O final da plenária foi marcado por uma emocionante fala de Atnagoras Lopes, militante do PSTU e da construção civil do Pará. “Um ditado popular diz que trabalhador não deve se envolver em política. Isso é usado pelos patrões contra nós. Eles têm o sindicato deles, os partidos deles. Tem senadores e falam para gente não se meter em política para que nada mude. Para que eles mantenham a sua boa vida, enquanto nós só temos miséria”, disse o sindicalista que completou: “o problema é que o uísque deles é a doença de nossos filhos, nós temos que se meter em política sim”.

Atnagoras explicou que o PSTU é um partido diferente e que seu objetivo é construir uma sociedade cujo poder estará nas mãos dos trabalhadores. “Nosso partido é diferente. Não recebemos o dinheiro dos empresários e patrões porque quem paga manda. Nosso partido é sustentado pela nossa própria militância. Aqui quem paga são os trabalhadores, quem manda são os trabalhadores”, disse.

O sindicalista explicou também porque um partido revolucionário é necessário. “O sindicato é um meio pra nós lutarmos e nos conhecer. Já o PSTU é um instrumento para colocar na cabeça de cada trabalhador que devemos mudar a sociedade. Não é possível que nós, que produzimos 90 % da riqueza do país continuemos na miséria, enquanto uma minoria mantenha todos os privilégios”, disse Atenagoras que conclui com um chamado a todos presente a conhecer o PSTU. “Convidamos vocês a fazer uma experiência. Venham a nossa reunião. Leiam e discutam no nosso jornal. Nosso partido é de vocês. Nosso partido é da classe trabalhadora.”