Luciane Santos, de Teresina (PI)

É preciso construir comitês de luta da juventude e da classe trabalhadroa

Passadas as eleições, o prefeito eleito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), esquece todas as promessas de campanha “de melhorar a vida do povo mais pobre e trabalhador” e agora mostra ao que realmente veio: governar exclusivamente para os empresários, ricos e poderosos que financiaram sua campanha, em detrimento da melhoria da vida da classe trabalhadora e estudantes.

Basta ver que, no final de 2016, Firmino criou a “Taxa do Lixo”, uma forma de retirar dinheiro da população para garantir recursos para as empresas terceirizadas e empreiteiras. E seguindo a mesma linha, em 2017, a primeira medida adotada pelo prefeito tucano no novo mandato foi o aumento abusivo de 20% da passagem de ônibus, passando de R$ 2,75 para R$ 3,30, sendo o quarto maior aumento da tarifa para este ano no país.

O aumento da passagem refletirá diretamente nas condições de vida dos trabalhadores, porém as mulheres serão as mais brutalmente atingidas. Vivemos numa capital onde as mulheres trabalhadores recebem um salário 34% a menos que o salário de um homem para desempenhar a mesma função, como bem lembrou uma recente reportagem do Portal O Dia. São as mulheres, sobretudo as moradoras da periferia, dos bairros distantes, que sofrem com a precarização e a carestia do transporte público, pois precisam percorrer longas distâncias com ruas mal iluminadas para esperarem ônibus que demoram quase uma hora para passar e quando vem são superlotados, aumentando assim o risco de violência sexual.

Para garantir qualidade de vida para os trabalhadores, é preciso assegurar transporte público de qualidade. É inadmissível que na cidade de Teresina não tenhamos linha de metrô interligada com a linha de ônibus que garanta o deslocamento rápido e barato da população. Somos contrários ao aumento da tarifa de transporte público que só fazem engordar as contas dos empresários do SETUT.

Não podemos aceitar que os serviços públicos sejam utilizados para enriquecimento privado. Transporte é um direito básico da população e precisa ser garantido pelo Estado. É preciso pôr fim a todos os contratos com o Setut. De imediato, defendemos a criação de uma empresa pública de transporte municipal, controlada pelos trabalhadores, garantindo serviço decente, com tarifa reduzida, e passe-livre para estudantes e desempregados, integração para valer (cada parada de ônibus deve ser ponto de integração). As paradas de ônibus, por sua vez, devem ser locais seguros e confortáveis.

Teresina tem o transporte coletivo que segue o mesmo padrão das demais capitais: passagens caríssimas, frotas reduzidas, extremamente sucateadas, sem climatização, de péssima qualidade e controlado pela máfia dos empresários da Setut, com o apoio dos vereadores. Nem mesmo os novatos Deolindo – PT e Enzo Samuel – PCdoB são confiáveis. Basta lembrar que eles se passaram por “lideranças” da luta contra o aumento em 2012, mas com a finalidade de desmobilizar a juventude, assinando um “acordão” com o então prefeito Elmano Ferrer (PTB), que consolidou o reajuste tarifário da época em R$ 2,10.

Sabendo o quanto os governos PT, PCdoB e PSDB estão unidos, junto com Temer (PMDB), para atacar os trabalhadores com medidas de ajuste fiscal e retirada de direitos (como as emendas constitucionais que congelam investimentos, e as propostas de reformas da Previdência e trabalhista), não devemos esperar nada destes vereadores “de esquerda” na luta concreta contra o aumento.

Enzo Samuel, além de tudo, faz parte da base governista de Firmino Filho e a vontade dele é que entidades como a UNE e UBES cumpram o mesmo papel de traição que ele mesmo cumpriu juntamente com Deolindo no processo de luta contra o aumento em 2012. Enzo Samuel e Deolindo podem até chegar a dizer, pela imprensa, que são “contrários” ao aumento. Mas se eles não colocarem seus mandatos a serviço da mobilização e não estiverem nas portas de escolas e locais de trabalho mobilizando os trabalhadores contra o reajuste, qualquer opinião deles no Facebook ou na TV não terá real importância para derrotar os planos de Firmino e do Setut.

É preciso, portanto, apostar na luta unificada da juventude e da classe trabalhadora para barrar o aumento da passagem, e também resistir contra os ataques de Temer, Wellington (PT) e Firmino – que estão muito bem articulados no processo de privatização do patrimônio público (a “subconcessão” dos serviços da Agespisa para empreiteiras é uma mostra disso).

É hora de construir comitês, desde já, contra o aumento das passagens, contra as reformas que retiram direitos e contra o corte de gastos nas políticas públicas. Todos estes ataques fazem parte de um mesmo pacote defendido pelos governos e patrões, para que a classe trabalhadora e povo pobre sigam pagando pela crise. É necessário construir a Greve Geral. A CSP-Conlutas e a ANEL apostam neste caminho, mas é preciso que as demais centrais e organizações estudantis também construam o mesmo processo.

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