Leia a nota do PSTU de Pernambuco sobre a mobilização dos trabalhadores de Suape e a repressão que sofrem do governo e da direção do sindicatoTodo movimento sindical comprometido com a luta dos trabalhadores precisa marcar a data de 9 de fevereiro de 2011. Nesse dia, operários da construção civil na obra da Refinaria Abreu e Lima foram recebidos à bala quando protestavam contra as péssimas condições de trabalho e salário a que estão submetidos. Esta é o maior empreendimento em construção no estado, comandado pelo CONEST (consócio responsável pelas obras na refinaria) liderado pela empreiteira Odebrecht.

O operário Tiago Ramos de Souza levou um tiro no rosto e se encontra internado em estado grave. Quem comandou os disparos contra os trabalhadores foi o presidente do sindicato dos trabalhadores da construção pesada (Sintepav), o odiado pelego Aldo Amaral. Ele estava rodeado de seguranças e tentava furar a greve construída pela base da categoria.

Na semana anterior, operários que trabalhavam nas obras da petroquímica foram duramente reprimidos enquanto protestavam. Após um incidente que causou o incêndio do alojamento dos trabalhadores, a Odebrecht, junto com o governo estadual, Eduardo Campos (PSB), não só demitiu e prendeu os ativistas, mas simplesmente expulsou o restante dos operários do estado.

Os operários reivindicam melhores condições de trabalho e mais benefícios como o aumento no vale-alimentação, ajuda de custo para alojamento e um adicional de periculosidade.

Essa absurda violência, essa barbárie, reflete afinal qual é a verdadeira face do crescimento econômico no estado e qual o verdadeiro papel do governo Eduardo Campos do PSB.

Lucro para a patronal e exploração para os trabalhadores
Segundo os empresários da construção civil em Pernambuco, 2010 foi o melhor ano para eles, pois nunca lucraram tanto. Há estimativas que apontam um crescimento de até 500% de lucratividade no setor.

Em Suape, as empreiteiras, especialmente a Odebrecht e a Gueiros Galvão, vem recebendo todo tipo de incentivo por parte dos governos de Dilma e de Eduardo Campos. Isenções fiscais, empréstimos facilitados e subsídios diretos. As obras da refinaria foram, inclusive, antecipadamente pagas pela Petrobrás.

Por outro lado, essa lucratividade também vem de uma brutal exploração sobre a classe trabalhadora. Segundo uma pesquisa do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) do IBGE, as empresas da construção em Pernambuco são as que menos gastam com mão-de-obra e com a compra de terrenos em todo o país, só encontram melhores condições para lucrar em Sergipe e no Espírito Santo.

Os salários dos trabalhadores da construção no estado são os mais baixos do país, e o governo estadual e as prefeituras da Região Metropolitana dão todo tipo de facilidades para a compra de terrenos por parte das grandes construtoras. Em Suape os terrenos foram doados.

Segundo o IBGE, os trabalhadores da construção civil, metalúrgicos e comerciários da Região Metropolitana do Recife, incluído Suape, estão submetidos às maiores jornadas de trabalho de todo o país, muito superior às 44 horas semanais previstas em lei.

Justamente por causa dos baixos salários e da imposição de constantes horas-extras por parte da patronal, Pernambuco está vivendo uma verdadeira epidemia de acidentes de trabalho na construção civil. Isso é uma constatação do próprio Ministério do Trabalho e do Ministério Público estadual. Segundo os fiscais do ministério, foram encontradas irregularidades graves em 50% das obras do estado, incluindo as obras do complexo de Suape.

Existe uma subnotificação dos Acidentes de Trabalho por pressão da patronal nas indústrias, especialmente nos setores montados em Suape e que precisam manter a aparência de modernidade e eficiência a fim de conseguirem os incentivos e isenções do governo.

Também é flagrante a submissão dos sindicatos e centrais sindicais, como a CUT, Força Sindical e a Nova Central, diante dessa mazela. Não há qualquer campanha, nem mesmo denúncias, a não ser as que partem dos próprios trabalhadores individualmente ou mesmo de órgãos governamentais.

Por que isso acontece?
Como se não bastassem todas essas barbaridades, as obras da refinaria Abreu e Lima estão cercadas denúncias de irregularidades nas licitações, nos orçamentos, contratações de terceirizadas, como a CONEST, e compra de materiais. Então porque a Odebrecht continua operando sem problema, ganhando todos os contratos e licitações em Pernambuco?

A resposta é simples, a Odebrecht, a Gueiros Galvão, a Moura Dubeux são as grandes financiadoras das campanhas eleitorais do governo estadual e de toda a base parlamentar que o sustenta na assembléia legislativa. O que inclui o PSB, o PT, o PTB da família Armando Monteiro e um grande número de siglas de aluguel.

Nós temos insistentemente repetido que o crescimento econômico no estado é só para os ricos, que para nossa classe, a classe trabalhadora, só restou a exploração, a repressão e a morte. E isto tem que acabar.

Precisamos cercar de solidariedade os trabalhadores da construção civil que estão lutando em Suape e seguir seu exemplo. Lutar contra a patronal mesmo que os sindicatos e as centrais sindicais estejam vendidos e organizar os trabalhadores pela base.

  • Todo apoio à greve dos operários da construção civil em Suape
  • Prisão para os agressores
  • Punição para a Odebrecht e estatização das obras da refinaria sob o controle dos trabalhadores
  • Fora Aldo pelego e a gangue do Sintepav
  • Pelo reconhecimento das organizações de base e das comissões de cipeiros

    Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – Pernambuco

    Recife, 14 de fevereiro de 2011