Zé Maria discursa em carro de som
Babi Borges

A primeira Marcha Nacional Contra a Homofobia aconteceu em Brasília no dia 19 de maio. Convocada pelas principais organizações do movimento GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros), a marcha reivindicou a criminalização da homofobia, a implementação das políticas prometidas pelo governo Lula e criticou o fundamentalismo religioso no parlamento.

A marcha contou com milhares de ativistas do país inteiro e teve também uma coluna organizada pela Conlutas, MTL, setores da Iintersindical e da ANEL. Essa coluna lançou um manifesto denunciando a capitulação de Lula aos setores mais conservadores da burguesia brasileira, expresso na falta total de políticas efetivas de igualdade aos homossexuais. O Bloco de Esquerda na marcha, como foi denominada a coluna, teve visibilidade com faixas, bandeiras e panfletos, deixando visível que no interior do movimento GLBT brasileiro há um setor que se diferencia, lutando pela independência do movimento com relação aos governos e empresários e pela unidade com sindicatos, estudantes e ativistas dos movimentos populares.

Zé Maria marca presença no ato
O PSTU também marcou presença na marcha com a intervenção do pré-candidato à presidência Zé Maria. Em meio aos diversos parlamentares e figuras públicas presentes no ato, Zé Maria destoou com uma fala que apontou as principais contradições do movimento GLBT atual. Denunciou a violência cotidiana sofrida pelos trabalhadores homossexuais nos locais de trabalho e pela juventude GLBT nas escolas e universidades.

O pré-candidato foi duro ao dizer que, em dois mandatos de Lula, nada de concreto foi feito para combater a homofobia no país. Mais do que isso, se o governo não fez nada não foi pela pressão dos evangélicos e conservadores no parlamento, mas porque Lula não quis, uma vez que tem nesses setores alguns de seus principais aliados, à exemplo do seu vice, José Alencar, mega industrial ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

Por fim, Zé Maria disse que a opressão é uma peça fundamental na engrenagem da exploração capitalista, e que para darmos um combate real ao preconceito, é preciso unir explorados e oprimidos pelo capital num combate de classe contra o sistema capitalista e pelo socialismo.

A primeira Marcha Nacional Contra a Homofobia, ao contrário da maioria das atuais paradas gays, teve um caráter mais combativo e politizado. Embora os grupos que dirigiram o ato tentassem esvaziar a crítica ao governo Lula, a intervenção de Zé Maria e a atuação do Bloco de Esquerda deixaram claro que é possível e é preciso lutar em unidade com os setores combativos contra governos e empresários pelo fim da homofobia e da exploração capitalista.