Este Carnaval teve, além da folia, uma comemoração muito especial: o Dia Internacional de Luta da Mulher, no 8 de março. O PSTU participou, em vários lugares, aliando à festa o tema da opressão da mulher. O partido produziu um leque para distribuir com os dizeres “respeite as mulheres no Carnaval e no resto do ano! Não à violência machista!”.

O jornal Folha de S. Paulo repercutiu a iniciativa: “Frevo ideológico: O PSTU distribuirá leques contra o que classifica de ‘exacerbação do machismo’ durante a folia de rua em Aracaju, Recife, São Luís e Salvador. O material, que tem como slogan ‘Neste Carnaval, respeite as mulheres’, será entregue até terça-feira”.

“Foi a forma que encontramos de brincar o Carnaval conscientizando”, diz Vera Nepomucemo, do Rio de Janeiro e da Secretaria de Mulheres do partido. O tema da violência foi escolhido diante do aumento das agressões e dos assassinatos de mulheres, mesmo com a Lei Maria da Penha. “A cada quarenta segundos, uma mulher sofre alguma agressão física no país. Infelizmente, a impunidade e a dependência econômica fazem com que esse atraso continue”, denuncia Vera.

É uma forma de também combater a exploração da imagem feminina. “Queremos dar um refresco no calor, mas também oferecer uma alternativa aos leques das cervejas, que exploram a imagem da mulher em suas propagandas e até no nome. Mulher não é objeto”, alfinetou Vera.

Na cidade do Rio de Janeiro, o leque foi distribuído em pelo menos três blocos: Cordão do Boitatá, Cacique de Ramos e Maria Vem com as Outras. Este último é um bloco de mulheres que reuniu movimentos sociais e partidos de esquerda na Fundição Progresso. Em Nova Iguaçu (RJ), o PSTU marcou presença no Bloco dos Comerciários, no sábado pela manhã.

Em Pernambuco, o partido participa do famoso Carnaval de Olinda todos os anos com o bloco “No carnaval… nóis toma partido”. Este ano, o tema foi “No carnaval, nóis toma partido das mulheres contra a violência”. Os foliões se concentraram na barraca do PSTU, decorada e mantida pelos militantes.

Muitos parabenizaram o partido pela iniciativa de brincar o Carnaval lembrando o combate à opressão que sofrem as mulheres. “O leque, além de combater o calor de Olinda, trouxe a discussão do combate à opressão que as mulheres sofrem todos os dias”, falou Giovana Carina, da Secretaria de Mulheres do PSTU de Pernambuco.

Em São Paulo, apesar da chuva, cerca de mil pessoas fizeram uma passeata que foi da Igreja da Consolação até a Praça da Sé, no centro da cidade. A manifestação foi convocada em unidade com diversos setores feministas, sindicais e estudantis. Entre eles, a Marcha Mundial de Mulheres e o Movimento Mulheres em Luta, ligado à CSP-Conlutas, que reuniu cerca de 400 pessoas em sua coluna. O PSTU defendeu o apoio às revoluções árabes e exigiu cumprimento da Lei Maria da Penha e um salário mínimo digno.

No animado Carnaval de Salvador, dois mil leques foram entregues no tradicional Mudança do Garcia. O bloco reúne movimentos sociais, e o PSTU sempre participa com uma coluna. Além de tratar do combate à opressão da mulher, o prefeito João Henrique Carneiro, acusado de corrupção, também foi alvo de denúncia dos foliões.

Arthur Gibson, militante do partido, disse que o leque “foi um sucesso, ninguém recusava, o pessoal recebeu muito bem a iniciativa de trazer o tema da mulher ao Carnaval em forma de crítica à violência e não como normalmente acontece, com a mulher no papel de objeto.” Ele contou ainda que pessoas de outros partidos também usaram o leque.

O bloco Acorda Peão, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), também recebeu muito bem o material. Ana Pagu, do setorial de mulheres da CSP-Conlutas, esteve na festa e disse que “os componentes do bloco transformaram o acessório em peça obrigatória até o final do desfile. A população que assistia também recebeu o material com muita receptividade e sinal de apoio à iniciativa”.

O Bloco do Pacotão, em Brasília (DF), teve como tema a situação no mundo árabe. A política nacional acabou roubando um pouco da cena. O PSTU participou com uma coluna e duas faixas de protesto, uma sobre a Líbia e outra sobre Dilma e o 8 de Março.

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