Trabalhadores permaneceram na garagem durante a noite
(Foto cedida)

Haddad e Alckmin têm de negociar imediatamente com os trabalhadores

 
A greve dos motoristas e cobradores de São Paulo encerrou-se no início da manhã desta quinta-feira, 22. Os trabalhadores, porém, não se contentaram com a decisão. Os rodoviários da garagem da Viação Santa Brígida foram os últimos a voltar ao trabalho. Nem mesmo o “terrorismo” e a campanha de criminalização feita pelos principais meios de comunicação, pela patronal, pela Prefeitura e pelo sindicato da categoria foram suficientes para impedir a mobilização desses trabalhadores do transporte público de São Paulo, que durou pouco mais de dois dias.
 
Os militantes do PSTU, estiveram desde às 3h30 em frente à garagem da empresa em apoio à greve. Ainda na madrugada, motoristas e cobradores iniciaram um piquete para convencer os demais colegas a aderirem ao movimento. Em poucos minutos, centenas de trabalhadores, cansados dos desmandos da patronal e dos péssimos acordos firmados pela atual gestão pelega do sindicato, saíram da garagem e foram para a frente do portão da empresa. Enquanto conversávamos com os trabalhadores, chegavam notícias de que os condutores da empresa Gato Preto também permaneciam em greve.
 
Por volta das 5h, já eram mais de 500 trabalhadores com os braços cruzados em frente à empresa Santa Brígida. Na contramão do que vem sendo noticiado na grande mídia, vimos que não se trata de uma dissidência sindical ou uma minoria, mas sim de uma justa rebelião do conjunto da base da categoria. Só na garagem da Santa Brígida, vimos que pelo menos 90% dos trabalhadores daquela empresa aderiram à greve.
 
Todos os rodoviários criticaram duramente o sindicato da categoria. “Esse sindicato não presta para nada, nunca nos representou de verdade”, explicava um jovem cobrador, revoltado com a postura do sindicato. A revolta contra os grandes canais de televisão também é grande: “Eles estão do lado do patrão e da prefeitura, não falam a verdade sobre nosso movimento grevista”. “Gente, não vamos desistir enquanto não conseguirmos um aumento de verdade”, gritava um trabalhador, desmentindo as informações da grande mídia, que atuou sistematicamente para o enfraquecimento do movimento.
 
Nesta manhã, seguindo o exemplo da luta dos condutores de São Paulo, motoristas e cobradores de empresas que atendem Osasco, Carapicuíba, Itapecerica da Serra, Diadema e São Bernardo do Campo também paralisaram suas atividades. Os metroviários de São Paulo, que estão em campanha salarial, também levaram sua solidariedade à greve e preparam uma grande luta por melhores salários e em defesa do transporte público. Desde o dia 20, eles estão em estado de greve.
 
O PSTU apoia a luta dos motoristas e cobradores de São Paulo e das cidades da região metropolitana. O partido está desde a madrugada nas garagens prestando solidariedade, e não aceitará nenhuma repressão ou criminalização aos lutadores.
 
Haddad e Alckmin têm de negociar imediatamente
O caos na cidade não é responsabilidade dos condutores, mas da falta de investimento no transporte público por parte dos governos municipais, estaduais e federal. Na realidade, os trabalhadores já vivem um caos diário enfrentando ônibus, metrôs e trens lotados todos os dias. As passagens são muito caras.
 
O prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não podem fingir que não têm nada a ver com isso, pois são eles os responsáveis pelos contratos com as empresas que lucram à custa do suor dos trabalhadores, tanto os funcionários do sistema de transporte, quanto os passageiros que todos os dias pagam por um serviço de péssima qualidade.
 
 
O PSTU defende:
– Aumento geral dos salários!
– Tarifa zero para os usuários!
– Estatização do transporte público, com o controle dos trabalhadores!
– Investimento de 2% do PIB no transporte coletivo!