Candidato fala aos trabalhadores na porta da fábrica
Elton Corrêa

Os candidatos do PSTU percorreram, na quinta-feira, 25 de setembro, as principais bases operárias da região Sul Fluminense do Rio de JaneiroAs péssimas condições de trabalho, o ritmo alucinante das metas de produção, o ataque do governo Lula aos direitos trabalhistas, a crise econômica internacional e o papel conciliador do sindicato dos metalúrgicos, dirigido pelo PCdoB, foi o centro da agitação política do partido.

Nossos candidatos foram ousados. Tiveram de enfrentar a guarda patrimonial da Volks e da Peugeot, orientadas para não deixar o partido distribuir seus panfletos aos metalúrgicos. Um pequeno carro de som em frente aos portões dessas multinacionais fez a diferença, ganhando a simpatia dos trabalhadores que saíam em dezenas dos ônibus e que, voluntariamente, abriam as janelas para pegar nossos materiais.

Frente de Esquerda defende reestatização da CSN
No dia 24 de setembro, às 6h da manhã, os operários da CSN, maior siderúrgica do país e quinta maior do mundo, tiveram uma surpresa na entrada do turno. O PSTU e o PSOL distribuíam panfletos da frente de Esquerda e agitavam, num carro de som localizado em frente à usina, a necessidade da reestatização da empresa. A CSN foi privatizada de forma fraudulenta no início da década de 1990. A oportunidade serviu para denunciar de forma categórica os quatros candidatos a prefeito de Volta Redonda, ligados ao PMDB, PT, PDT e PTdoB.

A guarda patrimonial da CSN foi imediatamente acionada, não permitindo que afixássemos nossas faixas e bandeiras. Mas isso não nos intimidou.

Os motivos de tentarem nos calar
Nos últimos anos, a região Sul Fluminense vem batendo recordes em metas de produção, tanto no ramo siderúrgico, quanto no automobilístico. Essa realidade contrasta com os índices alarmantes de acidentes, lesões e baixíssimos salários.

A Volkswagen Caminhões e Ônibus, com planta em Resende (RJ), impõe uma jornada infernal, obtendo a assustadora marca de 240 veículos pesados ao dia. No entanto, a meta da multinacional alemã é elevar esse número para 300 veículos ao dia nos próximos dois anos.

A Peugeot-Citroën, com planta em Porto Real (RJ), produz 50 mil carros ao ano. Mas a ganância pela expansão dos investimentos forçou a multinacional francesa a criar o terceiro turno de trabalho, visando a produzir, juntamente com a fábrica da Argentina, 500 mil carros até 2010.

Já a CSN é, disparada, uma das siderúrgicas do país com maior grau de exploração, tanto de seus funcionários efetivos, quanto dos milhares que trabalham nas empreiteiras no interior da usina. Hoje, a CSN produz a marca recorde de 35 milhões de toneladas de ferro ao ano, mas pretende apertar ainda mais esse ritmo. A meta ambiciosa até 2012 é para chegar a 125 milhões de toneladas ao ano.

Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, obteve um lucro astronômico em 2007 de US$150 bilhões, enquanto seus funcionários ganharam mísero aumento de 1,5% em 2008. A média salarial de um soldador na siderúrgica gira em torno de R$600. A de um mecânico é de R$800. São os pisos mais baixos do país.

Eis aí a razão para esses senhores capitalistas quererem calar a boca dos candidatos do PSTU e da Frente de Esquerda.