Nos dias 26 e 27 de junho, pré- candidatura realiza seminário para construir programa a serviço das lutas popularesO PSTU realizará no último fim de semana de junho, em São Paulo, um seminário nacional aberto para a elaboração coletiva de um programa da candidatura de Zé Maria à Presidência.

Todos os ativistas que defendem uma estratégia socialista estão convidados a debater um programa de governo para a economia, o campo, as relações internacionais, a saúde, a educação, a ecologia, o problema da opressão às mulheres, aos negros e aos homossexuais, entre outros temas.

Em particular, queremos convidar os lutadores dos movimentos sociais e intelectuais que não pertencem ao PSTU a colaborar com a elaboração do programa eleitoral da campanha Zé Maria presidente.

A atualização do programa é um dos desafios mais complexos, mas também é um dos mais empolgantes de uma campanha eleitoral. A proposta que os revolucionários apresentam aos trabalhadores como projeto nunca está pronta. É através da discussão do programa que os ativistas mais lúcidos e mais decididos da classe trabalhadora ultrapassam a condição de militantes sindicais e se tornam líderes políticos, preparando-se para compreender o Brasil e o mundo no qual o país está inserido. Trata-se de uma condição indispensável para disputar o destino das lutas dos trabalhadores.

Não retomamos a discussão do programa sempre do início, porque recuperamos a herança construída pelo marxismo revolucionário. Mas ele é uma obra em permanente reavaliação.

Em perspectiva histórica, os últimos 25 anos foram o período mais longo de regimes democrático-eleitorais da história da América Latina. A experiência demonstrou que essas democracias não asseguraram uma melhora real na vida dos trabalhadores.
Ao contrário, os ajustes neoliberais que esses regimes ajudaram a impor na década de 90 significaram um processo de recolonização, cuja máxima expressão foi a desnacionalização de setores produtivos estratégicos, privatizações de estatais. Em consequência, aumentaram o desemprego e a miséria a patamares ainda mais devastadores do que aqueles historicamente muito elevados que caracterizaram o capitalismo periférico no continente.

O impacto da crise mundial de 2008-09 não deixará de ter repercussões internas, porque a vulnerabilidade externa do Brasil não só não foi revertida, como se agravou – a previsão é de um déficit em conta corrente de 50 bilhões de dólares em 2010 -, apesar do aumento das reservas para um patamar em torno de 250 bilhões de dólares.

O agravamento da crise capitalista pela ameaça de uma moratória da dívida externa da Grécia, que seria um terremoto financeiro ainda maior do que a falência do banco Lehman Brothers, sinaliza que estamos em uma nova situação mundial.

Muitas candidaturas, dois programas
Nessas circunstâncias é que devemos compreender a recuperação do prestígio do governo Lula, efêmero diante da história, como todas as ilusões políticas de regulação social do capitalismo. Os trabalhadores, em sua maioria, têm ilusão em Lula e no PT. Terão de aprender por sua própria experiência. E nós estamos dispostos a buscar acelerar esse processo.

Ainda que sejam muitas as candidaturas, serão três os campos políticos nestas eleições – o governo Lula, a oposição de direita, encabeçada por Serra, e a oposição de esquerda, através das candidaturas do PSTU, PSOL e PCB. Existem somente dois grandes projetos estratégicos: o que defende a regulação política do capitalismo, e osque defende a necessidade de uma ruptura anticapitalista.

Uma perspectiva socialista coloca a luta do povo brasileiro no foco da avaliação. Não é possível, na época de decadência do capitalismo, uma regulação social do mercado. Não são mais possíveis reformas progressivas duradouras.

Os sacrifícios que os governos capitalistas exigirão não serão transitórios. Não haverá recompensas futuras para quem apertar agora o cinto. O desemprego veio para ficar, pressionando para baixo os salários mínimos na Europa e nos Estados Unidos, e o Brasil não estará imune. Não haverá descolamento em 2011.

Quando na Europa o capital precisa impor aos trabalhadores condições de vida latino-americanas, na América Latina precisará castigar com condições de vida chinesas. Se até na Europa do Mediterrâneo e da Península Ibérica, como na Grécia, Espanha e Portugal, a crise do capitalismo está levando os governos dos partidos socialistas a aumentar as alíquotas de impostos sobre o consumo, a impor a redução nominal de salários entre 5% e 30%, e a elevar a idade mínima de aposentadorias para 65 anos, podemos nos perguntar o que nos espera em 2011 no Brasil com Serra, Dilma ou Marina.

Uma nova direção e um novo programa
Esta campanha eleitoral se realiza no marco da reorganização do movimento operário, sindical e popular que se expressará no Congresso da Classe Trabalhadora. As lutas do futuro exigirão uma nova direção para a vitória.

Uma nova direção significa novas organizações e um novo programa. Não nos enganemos, nem aos trabalhadores e à juventude: não adianta nada novos líderes com velhas propostas. A reorganização exige novos instrumentos de luta, como a Conlutas em unificação com a Intersindical, para ir além da CUT, e a Anel, para ultrapassar a UNE.

A essência do processo, contudo, é política e nos remete à disputa pelo programa: a superação das ilusões reformistas de que o capitalismo pode ser regulado, e o despertar de uma disposição de luta para derrotá-lo. É por isso que a urgência do socialismo nunca foi tão grande.

A hora de apresentar um programa socialista
A disposição de luta só se levanta quando se perderam as ilusões. Quando se vence a confusão, quando se dissipa o medo. É por isso que os revolucionários participam das eleições: elas são uma tribuna de luta política-ideológica.
Nessa luta, queremos ajudar as massas populares a recuperar a confiança em si mesmas. Queremos acender a chama das mobilizações que virão, defendendo as lutas de hoje e incendiando a imaginação dos trabalhadores e da juventude de que é possível mudar a vida, de que sua mobilização é muito mais forte do que imaginam, e de que o futuro lhes pertence.

* Professor do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia), é militante do PSTU.
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