Antes de mais nada, nos sentimos muito orgulhosos da campanha que fizemos na porta de cada fábrica, estaleiro, escola, universidade ou favela que visitamos. Foi uma campanha classista, socialista e revolucionária, a serviço da mobilização da classe trabalhadora e pelo “Fora Temer, Fora Todos Eles”, por um governo socialista dos trabalhadores apoiado em Conselhos Populares.

Queremos agradecer os votos que tivemos a cada trabalhador (a), negro(a), LGBT, jovem, que, de alguma forma, se envolveu em nossa campanha. Somos um partido pequeno, com pouquíssimos recursos, com uma série de debilidades, mas com um projeto enorme: acabar com o capitalismo e construir o socialismo no nosso país e no mundo. Somos orgulhosos de não abrir mão desse sonho quando a ampla maioria das organizações de esquerda privilegia o parlamento, rebaixa o programa e amplia as alianças para ter mais votos.

Pedro Paulo e Eduardo Paes foram fragorosamente derrotados e ficaram fora da disputa, apesar de contar com toda a máquina da prefeitura na mão. O PMDB foi varrido da cidade do Rio, o que é sem dúvida uma grande vitória.

Crivella e Marcelo Freixo chegaram ao 2º turno das eleições para prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Diante desse cenário, estamos declarando voto crítico no candidato do PSOL, porque nele se depositam as expectativas de mudança em nossa cidade. Freixo e o PSOL, apesar de todas as suas limitações, nunca entraram organicamente nos antigos governos Lula e Dilma. Somado a isso, estivemos juntos em campanhas importantes nas escolas, universidades, entre outras frentes de batalha.

Está em curso uma luta contra Crivella e tudo o que ele representa. O bispo é representante da burguesia da cidade. São inúmeras declarações racistas, machistas e LGBTfóbicas. Por trás de um discurso religioso que conforta as parcelas mais aflitas e desesperadas da classe trabalhadora, existe um megaempresário da fé, que governará para os ricos e poderosos. Não nos esqueçamos também que Crivella foi ministro de Dilma.

Nunca escondemos nossas diferenças programáticas com Freixo e as correntes do PSOL. Em nossa opinião, a campanha de Freixo até o momento não apresentou um projeto de ruptura com o capitalismo, pelo contrário. Colocou-se como o melhor gestor e trilha os mesmos passos do PT. Freixo errou em dividir o palanque com Dilma e Lula momentos antes do impeachment, quando a maioria dos trabalhadores já não apoiava mais o governo do PT, ou melhor, já o odiava. Foram 13 anos onde o PT atacou brutalmente a classe trabalhadora através de reformas da previdência, privatização do pré-sal, criminalização dos movimentos sociais, entre outras medidas. Por conta desse balanço, Jandira Feghali caiu de 9% para um pouco mais de 3% quando colocou Dilma em seu programa de TV.

Freixo deveria defender uma ruptura completa com as Organizações Sociais (OS’s), que mercantilizam e roubam a saúde pública, e acenar com a possibilidade de revogar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que garante o lucro dos bancos e estrangula financeiramente os direitos sociais e os servidores públicos. No debate da Globo, frustrou a militância, quando disse textualmente que não reestatizará o Porto Maravilha. Uma pena, porque deveria fazê-lo. A posição até hoje dúbia em relação as UPP’s, ou a ilusão em uma “UPP Social” que nunca existiu, também deveriam ser repensadas por Freixo.

Convidamos Freixo, o PSOL de conjunto, o PCB e demais organizações da nossa classe, a transformar a campanha do 2º turno em uma alavanca para construir uma Greve Geral no país para colocar pra Fora Temer e derrotar o ajuste fiscal.

Preocupou-nos bastante duas informações a respeito do financiamento da campanha de Freixo: em 2012 o candidato recebeu 120 mil da empresa Victor Hugo Demolições (informação que já foi confirmada pelo próprio Freixo), que removeu cruelmente a comunidade da Vila Autódromo; e que nesta campanha de 2016 também houve doações de empresários no valor de 200 mil reais. Esta informação foi dada pelo jornal O Globo, que não merece a nossa confiança, mas que precisa ser desmentido pelo PSOL caso seja uma calúnia. Até o momento ninguém do PSOL se pronunciou em contrário. Exigimos que toda a campanha do 2º turno seja financiada somente com o dinheiro dos trabalhadores e da juventude.

Impressiona-nos bastante o silêncio de toda a esquerda que se declara socialista diante de todas as insuficiências programáticas da candidatura de Freixo/Boiteux. Não há nenhuma linha de crítica, nada. Trata-se da mais pura adesão. Uma lástima.

Enfim, está nítido porque tivemos a tática de lançar a candidatura de Cyro Garcia e Marília Macedo no 1º turno. Agora daremos nosso voto crítico em Marcelo Freixo para enfrentar o bispo e acompanhar o movimento que os setores mais conscientes de nossa classe fará neste 2º turno. Entraremos com nossa militância e não mediremos esforços nessa luta eleitoral contra Crivella. Adiantamos que preservaremos nossa independência política e financeira e que de forma alguma integraremos uma possível prefeitura do PSOL.

por PSTU- Rio de Janeiro