Luciana Nunes Leal

Hospedagem na casa de correligionários, viagens de ônibus quando o trajeto é curto e avião só para longas distâncias. Manifestações, debates e festas para levantar recursos. Assim é a campanha do candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) à Presidência, José Maria de Almeida. O ferramenteiro de 44 anos está em sua segunda campanha presidencial. Em 98, teve 202 mil votos. Para este ano, não arrisca previsões nem faz o tradicional corpo-a-corpo dos políticos.

“Não saio em uma avenida da cidade pedindo votos. Nossas atividades são voltadas para os movimentos organizados, as universidades, as fábricas. Pode ser que agora a gente esteja contra a corrente, mas quando a situação piorar, as pessoas vão lembrar do que dissemos. Estamos plantando para o futuro”, acredita.

Ele acredita que o PSTU está cumprindo uma tarefa de se consolidar nos Estados. De onde, afinal, vêm as intenções de votos de José Maria, que lhe deram apenas 1% na última pesquisa do Ibope? “É reflexo da inserção do PSTU no movimento social. Porque mídia nós não temos mesmo”, responde o candidato.

José Maria não fala com rancor dos momentos difíceis de 1992, quando ele e seu grupo foram expulsos do PT, do qual foi um dos fundadores. Em 1994, o grupo fundou o PSTU. Era ano eleitoral e a nova legenda optou por apoiar o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

“Conheço o Lula há muito tempo, fomos presos juntos na greve de 1980. Ele mudou muito politicamente”, diz José Maria. “Infelizmente esse processo do PT de abandono das origens deu um salto. Eles abandonaram o programa do partido para se aliar à direita, aos grandes empresários.”

Publicado em O Estado de São Paulo, no dia 05/08/2002
http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2002/08/05/pol024.html