Na última sexta-feira, dia 30, o PSTU Marília esteve presente no Assentamento Luís Beltrame, localizado no município de Gália, para realizar a filiação de Abel Barreto, militante histórico que dirigiu diversas lutas dos trabalhadores do campo.

Nascido em 1952, Abel iniciou sua história nas lutas aos 30 anos, quando participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em Duartina, interior de São Paulo. Fruto de uma reorganização da classe trabalhadora e ascenso das lutas, inseriu-se como direção dos trabalhadores rurais da região.

Diferente de grande parte dos militantes daquele partido, Abel não se desviou da luta e nunca deixou de estar lado a lado com os trabalhadores. Assim como a Convergência Socialista – um dos grupos fundadores do PSTU e que saiu do PT em 1992 após uma série de traições –, o lutador também rompeu com o partido em que militou por quase 30 anos.

Após a saída do PT, filiou-se ao PSOL, mas por entender que esse partido, que apresentou Guilherme Boulos como candidato à presidência, segue os mesmos passos de sua antiga organização, acabou optando por deixar as fileiras do PSOL.

Agora, pela aproximação com a CSP-Conlutas, durante o último congresso da central o companheiro se viu na obrigação de apostar na construção de um partido revolucionário, aos moldes do partido bolchevique, por entender que as demandas dos trabalhadores do campo e da cidade só podem ser resolvidos com a derrubada do sistema capitalista por uma revolução socialista.

Assim como a maior parte dos nossos militantes, Abel não tem posses, muito menos esbanja riqueza como a maior parte dos políticos. Em contato com a face mais dura do capital, o companheiro esteve localizado na luta pela reforma agrária desde que se inseriu na luta organizada.

Atua há décadas no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e esteve na direção do sindicato dos trabalhadores rurais da região de Duartina, além de ter feito parte da direção da FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo. Atualmente, não compõe a direção da Federação por desacordos políticos, mas acompanha e intervém nos espaços de construção da entidade.

Abel em conversa dentro de sua casa. Foto: João Carlos

Como referência dos lutadores do campo, Abel pode compartilhar suas experiências e conhecimentos em diversos espaços, incluindo fora do país, trazendo muita clareza sobre a luta de classes no campo para todos que têm o privilégio de lhe ouvir.

Nos lembrou que grande parte da decepção com os governos do PT veio da traição do partido quanto à reforma agrária, que, segundo Lula, seria aprovada com uma canetada só. O que tivemos na realidade, porém, foi uma brusca redução no número de assentados, além de parcerias com representantes do agronegócio, como a ex-ministra Kátia Abreu.

Lote do companheiro Abel no assentamento onde vive. Foto: Vítor Figueiredo

Atualmente, o companheiro mora em um assentamento regulamentado, no município de Gália, onde possui um pequeno lote de terra da antiga fazenda Portal do Paraíso. Abel atuou também na recente ocupação em Duartina da Fazenda Esmeralda, de propriedade do Coronel Lima, amigo pessoal de Michel Temer e que foi preso essa semana por ilegalidades em processos licitatórios. Há suspeitas de que a fazenda seja, na verdade, do próprio Michel Temer.

Incentivamos as ocupações rurais e urbanas por entendermos que estas representam a maior afronta ao capital, como disse o advogado do campo Waldemir Soares Junior, uma vez que na prática significa a retirar bens das mãos dos capitalistas.

Abel Barreto assinando a filiação ao PSTU. Foto: Vítor Figueiredo.

Para finalizar, queremos saudar o ingresso do camarada no PSTU, que se junta a milhares de outros lutadores no chamado à rebelião que fazemos em nosso manifesto, rumo à construção do socialismo, rumo ao fim das opressões e rumo à reforma agrária. Faremos dessa eleição um verdadeiro quilombo, cheio de lutadores que se somam ao nosso projeto.

Texto por Vítor Figueiredo e João Carlos, do PSTU Marília