NOTA DE AGRADECIMENTO

“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

(Bertolt Brecht, No caminho com Maiakóvski)

O PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO – PSTU – agradece as manifestações de solidariedade e apoio à luta pela libertação dos 13 presos políticos encarcerados pelo governo Sergio Cabral por protestarem contra a presença, em nosso país, do chefe supremo da mais poderosa máquina de guerra da história, o presidente norte-americano Barack Obama.

Dos 13, agora perseguidos políticos, a maioria são militantes ou simpatizantes de nosso partido. Assim, nos vemos na obrigação de fazer esse agradecimento nesta luta em defesa do conjunto dos companheiros e companheiras.

Dói profundamente em cada um e cada uma verificar que as liberdades democráticas conquistadas na luta contra o arbítrio, neste caso específico, foram pisoteadas. A prisão dos 13 manifestantes foi não somente arbitrária, como deixou expressa, desde o primeiro momento, o caráter político de conduzir-se aos cárceres do governador Sergio Cabral 13 pessoas que exerciam o sagrado direito de divergir, de manifestar sua livre opinião contrária ao consenso que se tentou criar em torno da presença de Obama no Brasil.

O fato de ministros de Estado recusarem-se a participar de uma solenidade onde sequer a soberania do Brasil, como país independente, foi respeitada, vez que deveriam identificar-se perante agentes de uma potência estrangeira, demonstrou que o suposto consenso em torno da visita e presença de Obama não existia sequer entre os membros do governo.

Tocou fundo no coração de cada componente de nosso partido e queremos agradecer as distintas manifestações e ações de solidariedade das entidades sindicais brasileiras e de fora do país. Das entidades estudantis que de todo o país fizeram chegar seu apoio militante.

Agradecemos às personalidades e instituições que se empenharam desde o primeiro momento pela libertação dos, até então, presos políticos; pela garantia de integridade física mínima de nossos companheiros e companheiras: a UFRJ e seu reitor professor Aloísio Teixeira; a FND, Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e seu diretor Dr. Flávio Martins; a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ; a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão de Prerrogativas da OAB-RJ; e o Grupo Tortura Nunca Mais.

Agradecemos a atitude e as distintas movimentações de parlamentares e dirigentes políticos: senador Lindberg Farias (PT); deputados federais Chico Alencar (PSOL), Jean Wyllys (PSOL) e Stepan Nercessian (PPS); deputados estaduais Janira Rocha (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL) e Robson Leite (PT); Roberto Percinoto, dirigente do PPS, todos do Rio de Janeiro.

Agradecemos aos parlamentares e dirigentes políticos de outros estados, como da Bahia os deputados estaduais pelo PT Bira Coroa, Luiza Maia, Marcelino Galo, Rosemberg Pinto, Yulo Oiticica; os deputados estaduais pelo PCdoB Álvaro Gomes e Fabrício Falcão; os vereadores Aladilce Souza (PCdoB), Marta Rodrigues (PT) e Henrique Carballal (PT); Hamilton Assis (candidato a vice-presidente da República em 2010 pelo PSOL), Jorge Almeida (professor da UFBA e dirigente do PSOL).

Agradecemos ao PSOL, ao MTL, ao PCB, à LER-QI e ao Coletivo Marxista que, desde o primeiro momento, defenderam nossos companheiros e companheiras.

Agradecemos aos advogados que colaboram de forma decisiva, especialmente Dr. Jorge Bulcão Coelho e todo o Departamento Jurídico do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação), Dra. Fernanda Tórtima, Dr. Aderson Bussinger, Dr. Custódio, Dra. Karina de Mendonça Lima, Dra. Vera Maria Figueiredo Braunschweiger, Dra. Fernanda Vieira, Dra. Maiara Leher, Dr. Carlos Alberto Feliciano dos Santos, bem como os doutores Modesto da Silveira, Marcelo Cerqueira e Nilo Batista, que se colocaram à nossa disposição.

Foi de fundamental importância, também, o apoio e a confiança depositada pelos familiares dos presos, que nos permitiu agir com a segurança e a firmeza necessárias nestas horas.

A campanha em defesa desses perseguidos políticos seguirá. Sabemos que podemos contar com as instituições, organizações, entidades, personalidades, movimentos e partidos que se empenharam em sua libertação dos cárceres.

Temos a certeza de que, na noite de sexta-feira, 18 de março de 2011, o arbítrio dos governantes roubou uma flor do nosso jardim, tentando calar o direito à livre manifestação, encarcerando quem diverge. O jardim da democracia, tão duramente construído, foi ferido pelas botas do arbítrio. Porém somos muitos, e seremos mais ainda os que não ficamos sem dizer nada. A campanha em defesa dos perseguidos políticos crescerá. Assim, os que roubaram uma flor não roubaram a luz do jardim da democracia.

Nossos sinceros agradecimentos àqueles e àquelas já empenhados na defesa dos perseguidos políticos e também àqueles e àquelas que se somarão à campanha em sua defesa.

Por fim, aproveitamos o ensejo para convidar todos ao Ato Público em defesa das liberdades democráticas e pelo arquivamento do processo a ser realizado na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, no dia 31 de março de 2011, às 19h, na Praça da República, Centro, Rio de Janeiro.

“LUTAR NÃO É CRIME! LUTAR É DIREITO!”