Capa do jornal da Convergência Socialista anuncia formação do novo partido
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“Agora vai! Dá-lhe peão! Tem um partido pra fazer revolução!”. Esse foi o grito que ecoou no plenário do Congresso de Fundação do PSTU, no dia 5 de junho de 1994, em São Paulo. Após três dias, os 195 delegados e 73 convidados aprovaram o programa e os estatutos do novo partido, que resumiam a necessidade da revolução socialista.

A fundação expressou a reorganização que surgiu da decepção com o PT. Por um chamado da Convergência Socialista, uma frente revolucionária foi formada reunindo organizações políticas e militantes de todo o país. Após dois anos de debates, nasce o PSTU.

Cada letra do nome foi explicada em artigo. O “P” era o objetivo final do movimento: “queremos e vamos construir um partido”. Para o “S”: “somos socialistas, queremos que o proletariado termine com a pré-história da civilização”. O “T” resgatava o classismo: “somos parte da classe trabalhadora e com ela queremos transformar o mundo”. Para o “U”: “nascemos sob a unificação de correntes políticas e revolucionárias”.

Nestes 14 anos, foram muitas as batalhas. Vitórias, erros e acertos. O mais importante veio nos primeiros anos do partido, com a definição pela Liga Internacional dos Trabalhadores. Assim como, há 70 anos, Trotsky considerou sua maior vitória a criação da IV Internacional, o PSTU acertou em defender uma Internacional como ferramenta para a revolução mundial.

Rosa, Zé Luís e Gildo
Poucos dias após a fundação do partido, enquanto os militantes de todo o país ainda comemoravam, a organização perdia dois dirigentes. Rosa e Zé Luís Sundermann, militantes de São Carlos (SP), foram mortos em casa, no dia 12 de junho de 1994, por pistoleiros. Apesar da campanha realizada pelo partido e de todos os indícios que apontam para os usineiros da região, os culpados seguem impunes.

O PSTU teve ainda outro militante assassinado, em 2000, em Brasília. O sindicalista Gildo Rocha participava de um piquete de sua categoria quando foi atingido por policiais.

CRONOLOGIA:
1994

O Movimento Pró-PSTU chama o Fora Itamar e o FMI!

Fevereiro – 1º Encontro de Mulheres do Movimento Pró-PSTU

3, 4 e 5 de junho – Realiza-se, em São Paulo, o Congresso de Fundação do PSTU.

12 de junho – Os militantes do PSTU José Luiz e Rosa Sundermann são brutalmente assassinados em sua residência, em São Carlos (SP). Rosa tinha acabado de ser eleita para a Direção Nacional do partido. O crime gerou uma enorme campanha internacional de solidariedade ao PSTU e aos familiares, exigindo a imediata apuração do crime.

Setembro – O PSTU recusa-se a assinar o programa da Frente Brasil Popular, de crescimento econômico e distribuição de renda baseado num amplo acordo entre as classes. O PSTU propõe que Lula rompa com o FMI, estatize o sistema financeiro e não pague a dívida. O partido se apresenta, pela primeira, vez às eleições, com candidatos proporcionais.

Outubro – Lula perde no primeiro turno. O PSTU analisa: “A opção por perseguir a via eleitoral e institucional em detrimento da ação direta e o abandono da independência de classe em troca de alianças com a burguesia tiveram como resultado o rebaixamento do programa do PT”.

O PSTU participa do 5º Comboio de Ajuda Operária à Bósnia.

1995
5 de janeiro – Inicia-se a campanha de legalização do PSTU. Brigadas de militantes percorrem 11 estados e filiam 12.742 pessoas.

Maio – Durante 30 dias, 45 mil petroleiros enfrentaram o governo FHC, que se recusou a negociar. A greve enfrentou o Tribunal Superior do Trabalho e o Exército, que ocupou quatro refinarias. O PSTU denunciou a traição da direção da CUT.

Conferência Internacional aprova a adesão do PSTU à Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI).

Novembro – Os Cadernos Desafio – Raça e Classe é lançado na marcha dos 300 anos de Zumbi.

1996
17 de abril – 19 trabalhadores são executados em Eldorado dos Carajás (PA).

31 de maio – Sai o Opinião Socialista, novo jornal do PSTU.

Outubro – O PSTU participa das eleições com candidaturas a prefeito e vereador.

14 e 15 de dezembro– Realiza-se em São Paulo o primeiro Encontro Nacional do Movimento por uma Tendência Socialista (MTS).

1997
Marcha dos Sem-terra a Brasília.

1º de outubro – O líder do “Fora Collor” e deputado federal Lindberg Farias rompe com o PCdoB e entra no PSTU. Quatro anos depois, rompe para se eleger e se tornar um dos parlamentares mais à direita do PT.

1998
O partido realiza o 1º Encontro Nacional de Negros e Negras.

Julho – O partido participa dos protestos contra o leilão da Telebrás

Abril – O PSTU lança José Maria de Almeida, metalúrgico e da direção da CUT, para a Presidência.

1999
20 e 21 de fevereiro – Numa conferência em Niterói (RJ), é lançada a Juventude do PSTU.

21 de abril – Grande ato pelo Fora FHC e o FMI, em Ouro Preto (MG)

26 de agosto – FHC acorda com uma visita incômoda nos jardins do Palácio do Planalto. Uma multidão de trabalhadores e jovens se reúne num dos maiores atos contra o governo. Em nome do PSTU fala Zé Maria, que pede que os que estão a favor do Fora FHC e o FMI levantem os braços (resposta positiva, imediata e unânime).

Novembro – Sai o número zero da revista Ruptura Socialista, da Juventude do PSTU.

2000
21 e 22 de janeiro – Uma insurreição varre o Equador. Os indígenas-camponeses tomam Quito, com estudantes, operários e setores das Forças Armadas, que se divide ao meio. O presidente é deposto e o Congresso é tomado pelo povo.

20 de março – Antonio Ferreira, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, e Mariúcha Fontana, do Opinião Socialista, viajam para Quito para acompanhar os atos, conhecer as organizações e levar a solidariedade do PSTU e da LIT.

21 de abril – Um cenário de guerra é armado por FHC e ACM em Porto Seguro (BA), nos protestos contra os 500 anos de colonização e de massacres. Várias pessoas ficam feridas e muitas presas, entre elas, Zé Maria, do PSTU.

23 de junho – Sai o primeiro número da revista Marxismo Vivo, do Comitê Coordenador pela Construção de um Partido Operário Internacional (Koorkom), organização da qual fazia parte a LIT-QI.

2 a 7 de setembro – Realizado o Plebiscito Nacional da Dívida Externa, apoiado pelo PSTU. Cinco milhões de pessoas disseram NÃO às dívidas externa e interna e ao acordo com o FMI.

6 de outubro – Gildo Rocha, militante do PSTU e diretor do Sindicato dos Servidores do Distrito Federal, é assassinado com um tiro pelas costas pela polícia do governador Joaquim Roriz, em uma atividade de greve. Os responsáveis estão impunes.

2001
7 e 8 de abril – A LIT e do PSTU participam de ato contra a Alca, em Buenos Aires.

27 de agosto – 50 mil em Brasília, na Marcha contra a Corrupção e o Apagão.

Dezembro – Mobilização de massas derruba o governo De La Rúa e abala o Estado burguês na Argentina. O PSTU inicia uma campanha financeira para fortalecer o partido da LIT no país, a Frente Obrera Socialista.

2002
Janeiro – O II Fórum Social Mundial reúne mais de 50 mil pessoas em Porto Alegre. O PSTU e a LIT-QI participam com manifestações em solidariedade à revolução argentina.

Maio – Atos em todo o país lançam as candidaturas de Zé Maria a presidente e Dayse Oliveira para vice.

1 a 7 de setembro – Dez milhões votam contra a Alca no Plebiscito organizado pelo MST, pastorais da Igreja e sindicatos. Lula e o PT são contra. O PSTU foi o único a chamar o plebiscito em seu programa na TV e no rádio.

Outubro – 400 mil votam em Zé Maria. O PSTU, no segundo turno, chama o voto em Lula, mas alerta que, sem ruptura com o FMI e a Alca, não haverá mudança.

2003
Janeiro – No III Fórum Social Mundial, o PSTU e partidos da LIT participam de debates e marcam presença nos atos, como o do dia 27, contra a Alca.

15 de fevereiro – O Dia Internacional de Luta contra a Guerra é o maior protesto mundial da história.

8 de abril – Dia Nacional de Luta contra a reforma da Previdência.

Junho – Começa a greve dos servidores contra a reforma da Previdência de Lula.

Agosto – Evento no Rio com 400 ativistas debate a necessidade de construção de um novo partido e lança manifesto.

6 de agosto – Marcha dos servidores em Brasília, na votação da reforma da Previdência.

Outubro – Uma revolução sacode a Bolívia após o anúncio da venda de gás. A insurreição derruba o presidente e coloca em pauta a tomada do poder.

Novembro – A editora José Luiz e Rosa Sundermann lança “Os governos de Frente Popular na História”, de Nahuel Moreno.

Dezembro – Lançada a revista Novo Partido em Debate. Heloisa Helena e os deputados expulsos do PT dividem o movimento, apostando em um partido eleitoral.

2004
26 de fevereiro – Cerca de 1.200 famílias ocupam um terreno abandonado e iniciam a ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, apoiada pelo PSTU.

Março – Encontro contra a reforma Sindical e Trabalhista reúne 1.800 em Luziânia (GO).

Abril – O “Abril Vermelho” é a maior onda ocupações em 10 anos.

29 e 30 de maio – Estudantes de todo o país se reúnem na UFRJ para organizar a luta contra a reforma Universitária de Lula e do FMI.

16 de junho – Grande protesto em Brasília, contra as reformas, no primeiro ato nacional da Conlutas.

Julho – Rebelião de base impõe a greve nacional bancária.

Agosto – Assembléia dos metalúrgicos de São José dos Campos aprova desfiliação da CUT.

Outubro – Candidatos do PSTU disputam as eleições. Na TV, denunciam os “políticos supermentirosos”.

Novembro – 56 mil estudantes participam do plebiscito nacional sobre a reforma universitária, promovido pela Conlute. O resultado foi entregue em Brasília, no ato do dia 15.

Dezembro – Vigílias nos consulados argentinos exigem a libertação dos presos políticos de Caleta Olivia.

2005
Janeiro – Conlutas realiza seu encontro nacional, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Após uma grande reformulação, portal do PSTU é lançado no Fórum.

Maio – Nova onda de protestos na Bolívia derruba o presidente Carlos Mesa. Estudantes e trabalhadores param Florianópolis (SC) por uma semana contra o aumento de passagens.

Junho – No dia 7, Roberto Jefferson dá uma entrevista e revela o esquema do mensalão, que envolve a cúpula petista no governo. No dia 16, José Dirceu renuncia.

Julho – PSTU realiza seu 5º congresso.

17 de agosto – Após atos nos estados, uma grande marcha toma conta de Brasília, contra corruptos e corruptores. O PSTU afirma que Lula sabia e defende o “Fora Todos”. No dia seguinte, a Conlutas realiza seu II encontro nacional.

Novembro – PSTU apóia mobilizações contra o reajuste das passagens no Recife.

No dia 10, 700 pessoas participam do ato do PSTU no teatro Tuca, nos 65 anos da morte de Leon Trotsky.

2006
Maio – Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat) reúne 3.200 pessoas em Sumaré (SP) e funda a Conlutas

Junho – Ato em União dos Palmares (BA) lança oficialmente a Frente de Esquerda (PSOL-PSTU-PCB), que tem Heloísa Helena como candidata a presidente.

Julho – Israel invade o Líbano. No Brasil, o PSTU participa de protestos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. As tropas israelenses são derrotadas.

Setembro – Após um mês de greve, os operários da Volkswagen são traídos pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que permite a demissão de centenas de operários.

Outubro – Lula é reeleito. Heloísa Helena, da Frente de Esquerda, recebe 6,5 milhões de votos. O PSTU faz um balanço da experiência da Frente e chama os lutadores a manter a unidade nas lutas.

2007
3 de março – O auditório do Memorial da América Latina é tomado por caravanas de todo o país, no ato em homenagem ao argentino Nahuel Moreno. Representantes de partidos da LIT e de outras organizações trotskistas participam do ato.

8 de Março – Bush é recebido por Lula. Em todo o país, atos tomam as ruas contra o senhor da guerra e o machismo. Em São Paulo, protesto enfrentou dura repressão policial.

25 de março – Encontro Nacional Contra as Reformas, que juntou milhares de ativistas em São Paulo.

Maio – Na USP, tem início a ocupação da reitoria, que dura 50 dias. O PSTU apóia a ocupação e denuncia a UNE governista. O partido também participa das ocupações que se espalham pelo país. No dia 23, milhares de trabalhadores participam do Dia Nacional de Luta contra as reformas e a política econômica do governo.

O papa Bento XVI visita o Brasil. O PSTU denuncia o papel da Igreja, o preconceito contra os homossexuais e a campanha contra o aborto.

26 de junho – A caravana da Conlutas chega ao Haiti, para levar a sua solidariedade e denunciar a ocupação.

Setembro – Ocorre o plebiscito popular sobre a Vale do Rio Doce, as altas tarifas de energia, o pagamento da dívida pública e a reforma da Previdência. Apesar do boicote da CUT, quase três milhões disseram “não” à retirada de direitos previdenciários.

Outubro – PSTU realiza debates em todo o país, nos 90 anos da Revolução Russa. Um documentário produzido pelo partido é exibido nos ônibus que partem para a marcha nacional, no dia 25 de outubro em Brasília.

Novembro – Dom Cappio inicia sua segunda greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. Zé Maria leva ao bispo a solidariedade dos militantes da Conlutas. No dia 18, os militantes do grupo Construção ao Socialismo (CAS) aprovam a dissolução do grupo e a entrada no PSTU.

Novembro – Em São Gonçalo (RJ), 600 pessoas participam do encontro de Negros e Negras da Conlutas e chamam um novo movimento negro.

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