A candidatura de Cleber Rabelo (PSTU) é a única alternativa classista e socialista para os trabalhadores da capital paraense

Em Belém (PA), o PSOL de Edmilson Rodrigues escolheu coligar-se com o PDT, o PV e o PPL para as eleições municipais. Edmilson foi prefeito de Belém pelo PT de 1997 a 2004 e agora tenta, pela segunda vez, o pleito municipal pelo PSOL e já demonstra que, apesar de ter saído do PT, algumas práticas seguem sendo as mesmas. Seu candidato a vice é Alan Pombo, do PDT

O PSOL acredita que, para resolver os problemas fundamentais de uma cidade como Belém, aliar-se à burguesia é a resposta mais realista, essa mesma classe social que sempre governou Belém.

O que são o PV, o PPL e o PDT?
O PV, como sabemos, é uma legenda de aluguel do PSDB e, nacionalmente, sua principal liderança é Sarney Filho. O PPL, por sua vez, é um apêndice do PMDB, partido com o qual se coliga prioritariamente em nível nacional.

Mas o lado mais podre desta aliança é o PDT que, no Pará e na região norte, cumpre um papel ainda mais reacionário do que em outras regiões do país. O PDT está ligado às oligarquias agrárias do Pará conhecida por ser uma das mais assassinas do país. Seu principal representante é o ex-deputado federal Giovanni Queiroz. 

Tanto o PDT quanto o PV estiveram nas prefeituras de Duciomar Costa (PTB), um dos prefeitos com maior rejeição da capital e responsável pelo caos social que a cidade se encontra atualmente. Também são base de apoio do atual governo de Simão Jatene (PSDB), que privatiza os serviços públicos do estado e ataca o funcionalismo paraense.

Giovanni Queiroz e a moderna burguesia do campo
Conhecer a figura de Giovanni Queiroz é fundamental para entender o significado político da aliança de Edmilson com o PDT. Queiroz foi eleito por cinco legislaturas a deputado federal, perdendo a última eleição, em 2014. Continua sendo, porém, um dos maiores proprietários de terra do Pará. Em seu patrimônio constam 6 mil hectares de terra e mais 1,5 milhão de hectares para criação de gado. 

Já foi filiado ao partido da Ditadura Militar, a ARENA, e possui ligações com a UDR, a União Democrática Ruralista – organização ruralista de direita que expulsa e assassina camponeses, líderes de trabalhadores rurais e índios de suas terras. Também é ligado à Frente Parlamentar da Agropecuária. Defendeu os interesses dos grandes criadores de gado e das grandes mineradoras nacionais e internacionais.  

Como deputado federal, Giovanni Queiroz e Romero Jucá (PMDB-RR) defenderam o PL 1610/1996, em nome dos interesses das grandes mineradoras. Segundo este PL, qualquer reserva mineral existente no interior das Terras  Indígenas (TIs) brasileiras pode ser exploradas sem rigorosos estudos prévios sobre impactos ambientais e, em um dos seus piores aspectos, defende que as comunidades indígenas afetadas “terão de se submeter aos interesses das empresas mineradoras e do governo, mesmo que digam não ao serem consultadas quanto a realização das atividades de exploração mineral nas terras que ocupam”  (veja aqui ).

Giovanni Queiroz foi um dos maiores articuladores e defensores do Novo Código Florestal, aprovado, inclusive, com o apoio do governo Dilma (PT). Este Novo Código Florestal abriu as portas para o desmatamento em um patamar mais elevado no país.  Com sua aprovação, prevê-se que sejam desmatados até 20 milhões de hectares de florestas só na Amazônia – de consequências desastrosas para o Brasil, para os povos indígenas, ribeirinhos, povos da floresta e, claro, para todo o planeta (veja aqui).

Nas eleições de 2006, Giovani Queiroz recebeu doações da Simasa, carvoaria denunciada pelo Ministério do Trabalho por trabalho escravo. É, também, acusado de danos ao patrimônio ambiental e ao patrimônio genético, com Inquérito 3783 – segundo o site “Congresso Em Foco”, da UOL (veja aqui).

Giovanni Queiroz é o parlamentar cujo patrimônio mais cresceu em todo o Congresso Nacional. O próprio PSOL denunciou o crescimento de seus bens em 207% – de R$ 2,38 milhões, em 1998, para R$ 7,31 milhões, em 2006 (www.republicadosruralistas.com.br). Seu patrimônio total declarado atualmente é de R$ 10.421.200,00. Deste total, R$ 8 milhões é o valor de suas terras. Segundo o site Gazeta do Povo: “Uma de suas fazendas, entre os municípios de Rio Maria e Pau D’Arco, no Pará, se valorizou de R$ 555 mil para R$ 4,5 milhões no período”. No entanto, esta fazenda, segundo consta, não está em seu nome. 

Este é o PDT no estado do Pará. Este partido é um dos principais representantes da grande burguesia ruralista no Estado. Está ligado à indústria de cana-de-açúcar, dos grandes criadores de gado e às mineradoras. A aliança do PSOL com o PDT, portanto, é diretamente contrária aos interesses dos pequenos agricultores, dos povos tradicionais e das reservas indígenas, da floresta Amazônica e o meio ambiente. Esta aliança é uma grande contradição com a bandeira ecossocialista que o PSOL diz defender.

PSOL em Belém segue o caminho desastroso do PT 
A política de governar junto com setores da burguesia é a mesma do PT que iludiu muitos e muitos lutadores. O resultado foi trágico para a classe trabalhadora. O número de desempregados ultrapassa os 11 milhões.

A inflação passa dos 10% e, em Belém, está acima dos 13%.  A média de famílias assentadas no campo diminuiu de 67,6 mil/ano, no governo FHC, e 76,8 mil famílias, no governo Lula para 40,6 por ano, no primeiro mandato de Dilma. Em 2014, 53 milhões de brasileiros passavam fome (IBGE). 

Em 2015, foi registrado o maior número de assassinatos no campo nos últimos 12 anos. Foram 50 mortes provocadas por conflitos agrários cujas vítimas foram, em sua totalidade, camponeses pobres, segundo relatório Conflitos no Campo Brasil 2015, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Esta tragédia é o resultado prático da política de alianças do PT que priorizou sempre os acordos com a patronal ao invés da luta contra a burguesia do campo e da cidade. Edmilson Rodrigues e o PSOL repetem o PT. As alianças deste partido não são um simples erro tático, mas refletem sua estratégia: governar junto com os representantes do capital.

Os últimos três governos municipais, em Belém (dois de Dulciomar Costa-PTB e um de Zenaldo Coutinho-PSDB) ajudaram a jogar, ainda mais, Belém no caos urbano, a sucatear serviços públicos em todas as áreas, a elevar os níveis de violência, desemprego e destruição das condições de vida dos habitantes da cidade – principalmente na periferia. Mas esta decadência, na administração de Belém, iniciou-se com o próprio Edmilson Rodrigues (quando ainda era do Partido dos Trabalhadores). 

No segundo mandato de Edmilson Rodrigues como prefeito, os programas sociais que notabilizaram seu primeiro governo foram deixados em segundo plano, com claro favorecimento, por exemplo, aos donos das grandes empresas de transporte coletivo em Belém. O arrocho salarial ao funcionalismo municipal e a violenta repressão aos grevistas da saúde e da educação municipais, pela Guarda Cabana criada por Edmilson Rodrigues, ficaram marcados nas mentes dos servidores mais antigos do município.

Esta mudança de curso de Edmilson Rodrigues custou ao PT a derrota para Duciomar Costa em 2004. Edmilson Rodrigues (agora pelo PSOL) perdeu a eleição para prefeitura, em 2012, para Zenaldo Coutinho, no segundo turno, quando dava a sua vitória como certa. As alianças com PDT, PPL e PV têm objetivo de ampliar o seu eleitorado, captar mais dinheiro para campanha, aumentar seu tempo de TV e passar uma imagem mais simpática à burguesia de Belém – empresários dos transportes coletivos, donos de terra e comerciantes que tendem a apoiar a direita tradicional. O PDT simboliza sua aproximação destes setores sociais.

No entanto, o PSOL e Edmilson Rodrigues aprofundam as ilusões na democracia burguesa e nos governos que se caracterizam pela aliança de partidos de esquerda com a burguesia. Mas a pior das experiências com esta política é que o PT e, agora, o PSOL educa setores de massas dos trabalhadores a não confiarem em suas forças, em sua luta e em suas organizações, mas, sim, na burguesia e em suas instituições – partidos, parlamento, sistema judiciário, as próprias forças armadas, entre outros.

O pior dos resultados da conciliação de classes é a destruição da consciência de classe dos trabalhadores – motor de todas as suas lutas. Nestas eleições para a prefeitura de Belém, em 2016 surge a candidatura do deputado federal Eder Mauro (PSD), integrante da Bancada da Bala, acusado de extorsão, ameaça de morte e tortura. 

No entanto, achamos que ao, se aliarem com a burguesia e com partidos de direita (PDT, PV, PPL, Rede), o PSOL e Edmilson Rodrigues não conseguirão derrotar politicamente parlamentares como Eder Mauro. E ainda o fortalecem, pois, mesmo que Edmilson Rodrigues ganhe as eleições, seus compromissos com estes partidos não permitirão que governe para os trabalhadores e para a periferia pobre de Belém. As ilusões perdidas pela classe trabalhadora aumentam a popularidade de saídas populistas e reacionárias como Eder Mauro.

PSTU apresenta uma candidatura classista e socialista para derrotar a direita
Para derrotar políticos de direita e muito populares, como Eder Mauro, os trabalhadores devem confiar mais e mais em si, como classe social e em suas lutas e organizações. Só as mobilizações da classe trabalhadora podem conquistar direitos, salário, moradia, transporte, segurança que nem Eder Mauro (PSD) tampouco um governo de Edmilson Rodrigues (do PSOL coligado com PDT) poderão dar.

Não concordamos que a aliança do PSOL com partidos de latifundiários, de assassinos de camponeses pobres, de índios e ribeirinhos a serviço de madeireiras, criadores de gado e mineradoras pode ser alternativa a Eder Mauro! Ao contrário, Eder Mauro foi policial por mais de trinta anos, logo, trabalhou a vida toda como servidor dos grandes donos de terra, como o burguês Giovanni Queiroz! 

Esta política de alianças do PSOL em Belém (e em todo país) é, antes de tudo, um escândalo, um crime contra o patrimônio político dos que lutam a vida toda pelo socialismo, como diz lutar Edmilson Rodrigues! Deveria envergonhar e constranger lutadores honestos filiados ao PSOL.

É um crime contra os trabalhadores que apoiam o PSOL e a candidatura de Edmilson Rodrigues, porque estas alianças educam seus eleitores que a burguesia é confiável. A mesma burguesia e seus políticos que sucateiam a saúde, a educação, que provocam demissões em massa, arrocham salários, que expulsam índios e camponeses de suas terras e aplicam o criminoso ajuste fiscal de Dilma a Temer. 

Em outras capitais, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador, onde não existem candidatos com o perfil de Eder Mauro, o PSOL recebe dinheiro da burguesia para sua campanha e se coliga com partidos da burguesia. É o que faz Marcelo Freixo (PSOL do Rio de Janeiro), Luciana Genro (PSOL de Porto Alegre) e Fabio Nogueira (PSOL de Salvador), com PPL, PDT, Rede Solidariedade, PV, entre outros.

Por isso, a candidatura de Cleber Rebelo (PSTU) é a única alternativa real para os trabalhadores em Belém. A candidatura de Cleber Rabelo defenderá derrotar a direita através das lutas populares e construir um governo onde a principal aliança seja com a classe trabalhadora. Infelizmente, não existe outra escolha a não ser construir essa alternativa também contra Edmilson Rodrigues e sua proposta de governar com a burguesia.