O PSTU e o PSOL fecharam um acordo eleitoral no Rio Grande do Sul formando a Frente de Esquerda nas eleições do estado. Estivemos nas ruas apoiando as mobilizações de junho de 2013 e, mesmo com nossas diferenças programáticas, fechamos um acordo para construir uma alternativa de oposição de esquerda ao governo Tarso Genro (PT) baseada na formação de uma candidatura independente, dos trabalhadores e que representasse, nas eleições, as pautas levadas para as ruas e não resolvidas em junho.

As eleições começaram e o PSOL recebeu R$ 50 mil do Grupo Zaffari. Esse valor financia diretamente a campanha à presidência de Luciana Genro (R$ 15.000,00) e a campanha a governador de Roberto Robaina no Rio Grande do Sul (R$ 30.000,00).

Tragicamente, essa não é uma história nova. O PT trilhou esse caminho e vimos no que deu. O PT começou aceitando dinheiro da burguesia e com o tempo foi se adaptando e mudando o discurso até mudar de lado.

Quando os capitalistas fazem isso com os partidos tradicionais, o fazem para ter certeza que, se eleitos, serão recompensados com licitações, políticas, obras, entre outras coisas. Em resumo, fazem para garantir que se eleitos governarão nos interesses daqueles que os financiaram. Mas quando os capitalistas fazem isso com um partido da esquerda socialista, que reúne uma importante parcela dos ativistas do movimento social combativo do nosso país, o fazem – além dos mesmos motivos de antes – para minar as bases dessa organização. Fazem para comprá-los e destruí-los.

A direção do PSOL sabe disso, pois rompeu com o PT com essa denúncia. Porque então pedem e aceitam financiamento dos patrões? Sem independência política e financeira vão construir outro PT. É isso que querem?

Aceitar dinheiro da burguesia tem sido um ponto em comum do MES e da Unidade Socialista (corrente do Senador Randolfe). Essa atitude da direção do PSOL se dá justamente após tudo que aconteceu no último ano, quando surgiu um sentimento para construir algo novo, uma alternativa, que não se via há décadas. Logo após todos os protestos de junho e as greves que sacudiram o país, logo quando os trabalhadores e a juventude, aos milhares, foram às ruas e ousaram lutar e vencer, o PSOL entra no vale tudo para eleger.

O PSTU não aceita recursos de empresas porque queremos manter nosso compromisso com os trabalhadores e a nossa independência em relação aos patrões. Só assim a campanha eleitoral da esquerda socialista poderá cumprir a sua tarefa de contribuir para o avanço da luta da nossa classe para acabar com toda forma de exploração e opressão dos trabalhadores e trabalhadoras.

Quem é o Grupo Zaffari
O grupo representa a quinta maior rede de supermercados do Brasil e a primeira do RS. É proprietário de 9 shoppings centers e, em 2013, teve faturamento bruto de R$ 3,7 bilhões. Possui cerca de 9 mil empregados em suas 30 unidades no país. Alavancou sua fortuna a partir da política econômica do governo José Sarney (1985-1990) e do plano Collor (1990) construindo um verdadeiro império no setor varejista.

De domingo a domingo os trabalhadores da limpeza, caixas e empacotadores são em sua maioria mulheres negras com relações precarizadas de trabalho.  Além disso, utilizam de uma legislação injusta (jovem aprendiz) para empregar milhares de jovens com menos de 18 anos pagando menos de um salário mínimo.

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