Mais um escândalo de venda de legenda ocorreu em Pernambuco. O PSDC havia lançado como pré-candidato a prefeito da cidade do Recife o ex-juiz do trabalho Clóvis Correia. O partido, no entanto, cassou sua candidatura para ter ganhos políticos e financeiros. Segundo a imprensa local, o partido negociava a legenda com o DEM e decidiu não lançar mais Correia como candidato a prefeito.

A sigla acabou coligando-se com o PT de João Paulo, atual prefeito da cidade. Essa é a prática do “quem dá mais”, comum na política corrupta burguesa e que o PT assimilou. O mais surpreendente é que depois de se dizer “vítima” da cassação, Correia declarou que apoiou Heloísa Helena (PSOL) na eleição de 2006 para presidente e que apoiaria Edilson Silva, candidato do PSOL à prefeitura do Recife.

Dois dias após essa declaração, Edilson aparece numa foto na imprensa abraçado com Correia e o chamou para coordenar a sua campanha. Clóvis Correia ingressou na Justiça do Trabalho como representante direto da patronal após ter sido membro da Federação do Comércio Varejista de Pernambuco. Esse representante dos patrões, quando deixou o Tribunal do Trabalho, tornou-se “político de carreira”. Ingressou no PPB de Paulo Maluf, atual PP, onde foi eleito vereador.

Sua família, Corrêa de Oliveira, representa a tradicional burguesia do estado desde os tempos do segundo reinado. Em 2006, seu patrimônio declarado era de R$ 4,5 milhões. Correia é latifundiário da zona da mata e proprietário de vários negócios. Passou por partidos como PSDB, PRONA e PSB. Quando deputado federal, defendeu mudanças na lei no sentido de permitir a “contratação de trabalhador com pagamento por hora trabalhada”, o que retiraria todos os direitos trabalhistas. Quando candidato nas últimas eleições, teve como mote de campanha a defesa da pena de morte.

Até pouco tempo, como pré-candidato pelo o PSDC, foi fotografado jogando dinheiro no rio para moradores de palafitas para obter votos e se aproveitar da miséria do povo. Correia é conhecido como um pitoresco político local por sua postura populista e assistencialista. Quando foi cassada sua candidatura, já havia gasto R$ 180 mil na campanha. Correia ficou sem ter onde usar todo o material adquirido: carros de som, equipes de campanha e tudo que qualquer candidato burguês tem. Buscou, então, no PSOL o abrigo pretendido, declarando o apoio a Edilson.

A surpresa foi que Edílson, prontamente, aceitou o apoio. E, pior ainda, propôs Correia como seu conselheiro de campanha e padrinho. Edilson alega que não quer olhar para o passado de Clóvis Correia bem o que ele representa. Ao mesmo tempo, Edilson negou qualquer possibilidade de uma aliança com o PSTU.

A direção do PSOL já havia declarado que não queria uma coligação com o PSTU por conta das diferenças com relação à coligação desse partido com o PV no Rio Grande do Sul. Afirmava que era favorável a apoiar “medidas progressivas” de governos burgueses ou do PT. Apesar das diferenças, o PSTU acreditava que, em Recife, era possível e necessário a coligação com o PSOL e com o PCB para enfrentar as candidaturas da frente popular e da direita. Quando o PSTU anunciou à imprensa as prováveis candidatas à prefeita e a vice, Claudia Ribeiro e Kátia Telles, e denunciou a aliança entre Correia e o PSOL, Edilson atacou o PSTU para defender Correia.

Diante dessa situação, o PSTU decidiu lançar à candidatura de Kátia Telles a prefeita da cidade, para defender um Recife para os trabalhadores sem aliança com a burguesia ou seus representantes e servir para fortalecer as lutas por salário, emprego e teto.