Vera Guasso em cena de programa eleitoral
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A coligação “Sol e Verde”, que reúne PSOL e o PV em torno da candidatura de Luciana Genro à prefeitura de Porto Alegre, entrou na Justiça e conseguiu liminar retirando um programa eleitoral do PSTU do ar. O programa censurado foi ao ar no último dia 27 e criticava os financiamentos de grandes empresas aos políticos durante as campanhas eleitorais, entre eles a recente doação de R$ 100 mil que a Gerdau fez à candidatura do PSOL na cidade.

Em trecho do programa censurado, a candidata à prefeita pelo PSTU, Vera Guasso dizia: “As grandes empresas financiam campanhas eleitorais milionárias, são marqueteiros e programas de TV caríssimos. Esse financiamento privado mostra que os candidatos são comprados antes de eleitos. Exemplos disso é a passagem de ônibus que aumenta ao bel prazer dos empresários desde o governo do PT até Fogaça. Infelizmente nessa campanha o PSOL em Porto Alegre entrou nesse jogo. Vai receber dinheiro da Gerdau. A Frente de Esquerda será a única que não aceitará dinheiro de empresários. Os nossos recursos vem da contribuição dos trabalhadores”.

Em nenhum momento o pedido de liminar nega o recebimento de recursos da Gerdau, limitando-se à afirmar que a propaganda do PSTU ataca a honra de Luciana Genro.

Não nega, pois é público que o PSOL de Porto Alegre aceitou os recursos da Gerdau, uma das maiores siderúrgicas do mundo. A decisão foi votada e aprovada durante reunião do Diretório Municipal do partido. A liminar apenas mostra que, assim como se iguala aos partidos de direita ao receber doações de grandes empresas, o PSOL de Porto Alegre vai além e, não podendo responder politicamente, ataca o direito de crítica e expressão.

O partido de Luciana Genro sabe muito bem que o programa do PSTU não “ataca a honra” de ninguém, tratando-se tão somente de uma postura histórica da esquerda. Ou seja, independência política e financeira. Escândalos recentes como o do mensalão, mostraram a todos o resultado da aproximação entre as empresas, bancos e empreiteiras com os políticos, sobretudo no financiamento de campanhas eleitorais.

Fosse o programa do PSTU realmente um ataque moral, Luciana Genro deveria pedir a suspensão da propaganda eleitoral de Ivan Valente, candidato da Frente de Esquerda (PSOL-PSTU) à prefeitura de São Paulo. Um dos pontos principais da candidatura de Valente é a crítica aos financiamentos privados nas campanhas eleitorais. “É ilusão pensar que o preço por este financiamento de campanha não será cobrado na seqüência às eleições. E esta é a base da corrupção de todo governo”, afirma artigo publicado no site da candidatura de Ivan Valente.

Assim como Valente, a candidatura de Chico de Alencar (PSOL-PSTU) à prefeitura do Rio também recusa o dinheiro das grandes empresas e denuncia as campanhas milionárias. Inclusive Chico quando perguntado pelo Estadão do que achava da decisão do PSOL de Porto Alegre, foi categórico ao dizer que foi um erro e que não concordava.

A censura é sempre a arma utilizada por quem já não tem argumentos para justificar seus atos. A própria candidatura de Luciana Genro teve seus materiais apreendidos por duas vezes por solicitação da coligação PcdoB/PPS, da candidata Manuela, por chamar o PPS de corrupto que é um fato verdadeiro. Agora usa o mesmo recurso para tentar calar a denúncia do PSTU

O PSTU seguirá denunciando as campanhas financiadas pelas empresas, bancos e empreiteiras, “base da corrupção de todo o governo”, como bem disse o próprio candidato do PSOL. Seja de qual partido for.

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