Qual seria a sua reação se vendessem sua casa por 10, quando ela vale 100? Certamente de profunda indignação. Foi justamente isso que o governo FHC fez com as estatais. O processo de privatização foi talvez a maior roubalheira da história do país. Algo comparável ao saque do ouro de Minas Gerais, realizado pelos colonizadores portugueses no século 18.

Em primeiro lugar, o patrimônio das empresas foi totalmente sub-avaliado. A Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, é avaliada em R$ 127 bilhões, mas foi vendida por R$ 3,3 bilhões, quase igual ao lucro líquido de R$ 3,9 bilhões obtido pela empresa no segundo trimestre deste ano. Só com a Vale, foram roubados do país R$ 123,3 bilhões, quase 60 bilhões de dólares, metade da dívida externa atual.

Esse dinheiro foi para os novos donos da empresa, assim como sustentou os cofres do PSDB e do PFL, em um dos maiores escândalos de corrupção da história. Alckmin pergunta a Lula de onde surgiu o R$ 1,7 milhão para comprar o dossiê, mas antes deveria responder o que foi feito com o dinheiro roubado do povo na privatização da Vale.Outro exemplo da roubalheira foi a privatização da Telebrás, avaliada em R$ 120 bilhões, mas vendida por R$ 22 bilhões.
 
A grande farsa tucana
Alckmin e os tucanos orgulham-se de terem vendido as estatais. Dizem que elas “ajudaram” o país e os serviços melhoraram. Um dos argumentos mais usados é que a venda da Telebrás permitiu o acesso fácil da população aos telefones fixos e celulares.  

Como isso foi obtido? A explicação é simples. Para aumentar os lucros dos futuros compradores, o governo “engoliu” dívidas bilionárias das estatais, demitiu funcionários, investiu muito e aumentou tarifas e preços antes da privatização. Em seguida, o governo liberou empréstimos do BNDES para os compradores com juros muito abaixo dos níveis de mercado.

Um dos casos mais escandalosos foi a privatização da Telebrás. Pouco antes de vender a estatal, o governo reajustou as tarifas em até 500% para gerar lucro aos novos donos. E investiu R$ 21 bilhões na empresa antes de leiloá-la.
Com esse investimento, o governo ampliou redes, instalações, estações, cabos e toda a infra-estrutura do sistema telefônico, deixando tudo pronto para as telefônicas começarem a faturar. Os investimentos que permitiram a ampliação do sistema de telefonia do país e os lucros pelos novos donos foram obtidos com dinheiro público.    

Nada foi feito para beneficiar a população. Tudo levou em conta a busca de grandes lucros para os grupos que compraram as estatais.
A suposta “ineficiência” das estatais era fruto de uma política econômica que beneficiava os grandes grupos empresariais. O jornalista Jânio de Freitas, da Folha de S. Paulo, lembrou em sua coluna que, para favorecer as empresas automobilísticas, o preço do quilo do aço quando a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) era estatal custava o mesmo que um maço de salsa. A “ineficiência” era produto de uma política privatizante do Estado.

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