Passeata nas ruas do centro de São Bernardo do Campo
Rosangela Teixeira

São Bernardo do Campo, no ABC paulista, é, de fato, a terra de Lula. Foi lá que ele construiu sua trajetória política, impulsionado pelas fortes greves metalúrgicas e pela reorganização do movimento sindical. Nestes dias de crise, Lula tem estado mais vezes no ABC, para, junto aos ex-companheiros e neopelegos, tentar fazer de suas origens um antídoto para as denúncias.

Mas, assim como em Garanhuns (PE), onde Lula nasceu, nem tudo são flores para ele no ABC. Nesta quinta-feira, 4 de agosto, a histórica praça da Igreja Matriz, no Centro de São Bernardo do Campo, que nos fins da década de 70 foi refúgio dos metalúrgicos quando o sindicato tinha sido cassado pela ditadura, foi palco de mais um ato contra a corrupção no governo Lula e no Congresso.

O protesto reuniu diversos setores dos ativistas da região, como metalúrgicos da Volkswagen e de fábricas médias, ligados aos movimentos de oposição, estudantes das escolas Artigas Esquivel e Wladimir Herzog, Centros Acadêmicos, a associação de bairro oeste de Diadema, servidores municipais e e professores de São Bernardo, Mauá e Diadema. Também estiveram presentes militantes do PSTU e das organizações Ação de Luta pelo Socialismo (ALS), Partido Operário Marxista (POM) e Partido Operário Revolucionário (POR).

Os vários oradores teceram duras críticas ao governo Lula. Silvia Ferraro, professora de São Bernardo, falou em nome do PSTU e denunciou a tentativa de acordo entre PT e PSDB, para abafar a crise, blindar o governo e salvar os envolvidos no escândalo do mensalão. Os representantes das organizações e entidades, ao discursarem, destacaram a importância do ato e disseram que a única forma de ir a fundo nas apurações é com os trabalhadores na rua.

Ivanci, diretor da Apeoesp de Diadema, ressaltou a importância da ida a Brasília na marcha da Conlutas: “Estamos fazendo essa manifestação também para convocar os trabalhadores do ABC a irem a Brasília no dia 17, lá vamos mostrar a nossa força contra o governo e a corrupção no Congresso”.

O membro da comissão de fábrica da Volks, Francisco de Souza, o Tico, ao fazer uso da palavra, disse: “Lula antes de ser presidente dizia que salário não era renda, hoje esqueceu o que dizia ao não corrigir a tabela do imposto de renda”. Tico também denunciou o fator previdenciário, que reduz o salário do trabalhador aposentado.

Após as falações, os mais de 100 manifestantes saíram em passeata pelas ruas do Centro da cidade. Com faixas e bandeiras, gritaram palavras de ordem como: “Ô, Lula, que traição. Tirou do povo para pagar o mensalão”.

A passeata, que atraiu a atenção da população da cidade, seguiu até o Paço Municipal, onde foi encerrada com um ato.