Manifestante ferido pela repressão é socorrido

Desde o dia 15, a Síria se tornou o mais novo palco de protestos massivos em defesa das liberdades democráticas. O alvo das manifestações é o governo Bashar al-Assad e seu partido (o Partido Socialista Árabe Sírio – Baath), que está no poder há 48 anos. E como os demais governos da região, a repressão lançada contra os manifestantes é sangrenta. Segundo as organizações de direitos humanos, são mais de 130 as pessoas que já morreram na Síria. Al-Assad é presidente do país desde 2000, assumindo após a morte de seu pai Hafez El Assad.

No último final de semana a cidade de Latakia sofreu um verdadeiro banho de sangue. Escolas e lojas foram fechadas e a cidade agora é palco de vários funerais. Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 185 ficaram feridas. Na última segunda-feira, milhares de pessoas que se manifestavam na cidade Deraa, Sul da Síria, foram dispersadas por gás lacrimogêneo e por tiros disparados pela polícia.

Ao mesmo tempo em que reprime a população, o governo também tenta ganhar tempo com falsas promessas de “democracia”. O governo anunciou que pretende aplicar medidas de democratização, como o fim do estado de emergência, que está em vigor há 48 anos, a libertações de presos políticos e prometeu um aumento imediato dos salários dos funcionários e medidas anticorrupção. Mas todas as medidas não têm data para serem aplicadas, nem mesmo o absurdo estado de sítio.

O passado de lutas contra Israel e o imperialismo fez com que o regime sírio ficasse conhecido como “defensor do nacionalismo”, e lutasse contra as ameaças imperialistas à região. A imagem foi reforçada quando, logo após o início da guerra do Iraque, quando havia a ameaça dos EIA voltarem seus canhões contra Damasco e invadir a Síria. Contudo, internamente o governo possui um amplo histórico de repressão ao ativismo político, restrições à liberdade de expressão, tortura, maus-tratos à minoria curda e as deportações forçadas de cidadãos sírios.

Nos últimos anos, o regime sírio tem voltado a se aproximar lentamente do imperialismo norte-americano e da União Europeia. Retomou as relações com Israel e só não fechou um acordo de paz com o enclave imperialista no Oriente Médio devido aos ataques israelenses na faixa de Gaza, em 2009.

Até hoje Israel ocupa parte da Síria. As Colinas do Golan foram ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A aproximação com o ocidente ocorreu depois que seu governo foi acusado de matar o ex-premiê libanês Rafik Hariri, em uma explosão no centro de Beirute. Na ocasião, o episódio serviu como pretexto para os EUA forçarem a retirada das tropas síria do Líbano.

A desestabilização da Síria preocupa o imperialismo e os demais governos da região. O país tem uma localização geográfica delicada, incrustada entre Israel, Líbano e Iraque. A queda da ditadura poderia levar o país a uma nova guerra civil.

Bashar al-Assad tem recebido telefonema de apoio de vários dirigentes da região, após a deflagração do conflito. O rei Abdulá da Arábia Saudita o apoio ante “a conspiração da que é objeto a segurança e a estabilidade”. O rei saudita disse que estará “junto às autoridades e o povo líbio para desbaratar esta conspiração”.

Al Assad também tem recebido telefonemas do rei de Bahrein, país que também enfrenta enormes manifestações contra o regime, do Kuwait, e até do presidente iraquiano, Jalal Talabani. Todos eles têm expressado o respaldo de seus países a Síria e sua “confiança na capacidade do país de frustrar essa conspiração”. Todos eles temem que a ditadura síria seja a bola da vez dos protestos.