Manifestantes enfrentam polícia em ato no dia 4 de maio

Paralisações de 48 horas e novas mobilizações impulsionam luta contra o pacote de ataques aos trabalhadoresNesse dia 4 de maio, no momento em que o governo da Grécia detalhava o plano do duro ajuste fiscal, com ataques como o congelamento dos salários dos servidores públicos, cortes e uma reforma trabalhista e previdenciária, os trabalhadores iam às ruas e enfrentavam a polícia, numa nova jornada de lutas contra o pacote.

A população e os trabalhadores no país dão demonstrações de que não estão dispostos a pagar por essa crise. Para 2010, as medidas de austeridade devem causar uma recessão que reduzirá o PIB em 4%. Se num primeiro momento o governo contava com certo apoio popular para impor o ajuste, com o aprofundamento dos ataques essa situação se inverte rapidamente. Pesquisas recentes apontaram que mais da metade da população está disposta a sair às ruas contra o governo, enquanto 61% estão contra os ajustes.

No 1º de maio o governo grego já enfrentou uma série de mobilizações. No dia 3, um grupo de professores e estudantes invadiram um programa de TV ao vivo em Atenas para protestar contra os cortes da Educação. Na manhã desse dia 4, cerca de 200 militantes do Partido Comunista ocuparam a Acrópole, um dos maiores pontos turísticos do país, e fixaram uma enorme faixa convocando a jornada de paralisações e protestos. “Povo da Europa levantam-se” dizia.

Nesse dia 4 os funcionários públicos cruzaram os braços por 48 horas e realizaram manifestações que enfrentaram a repressão da polícia. Para esse dia 5 de maio, centrais sindicais preparavam uma nova greve geral de 48 horas contra os planos do governo.

Ajuste fiscal e ataques
O “plano de austeridade” coordenado pelo governo grego é a contrapartida ao pacote de ajuda aprovado no último dia 2 pelo Banco Central Europeu e o FMI, que concederá o equivalente 110 bilhões de euros, ou 145 bilhões de dólares ao país em três anos. É o maior pacote de “resgate” já aprovado a um país. Esse valor equivale a quase metade do PIB da Grécia em um ano e é condicionado a um brutal aperto fiscal.

O governo do primeiro-ministro George Papandreou anunciou o objetivo de reduzir o déficit fiscal do país, dos atuais 13,6% para 3% em três anos, o limite máximo estabelecido aos países da Zona do Euro . “Os nossos cidadãos terão de fazer grandes sacrifícios”, disse em pronunciamento à TV. As medidas do pacote facilitam as demissões, aumenta a idade para as aposentadorias, além de aumentarem o IVA, uma espécie de ICMS, sobre produtos como o combustível. Privatizações e cortes na Saúde e Educação também constam no pacote. Pelo acordo, a Grécia terá que prestar contas do ajuste a cada 3 meses a seus credores.

A pressão para o recrudescimento do ajuste aumentou quando a agência internacional de classificação de risco, a Stand & Poor rebaixou a nota do país ao nível de especulação. Ou seja, apontou aos investidores que colocar dinheiro na Grécia é uma medida de alto risco. Além disso, a agência também rebaixou as notas da Espanha e Portugal, o que aumentou o temor de um contágio da crise para os demais países do continente.

A nova jornada de lutas e paralisações no momento da aprovação do pacote devem apontar a intensificação das lutas na Grécia e na Europa.